Atirar

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Por Ana

Quando sua mente está tão cheia chega um momento que os pensamentos se embaralham, tornando-se uma confusão, deixando o seu cérebro sem saber qual comando obedecer. No primeiro momento todos pararam, e meus olhos arregalados encararam o Pietro enforcando o Víctor com a corrente de ferro. Ninguém se mexeu enquanto o Víctor se debatia e tentava sem sucesso se soltar, em vez disso os olhares raivosos ainda eram direcionados a ele deixando claro que ninguém naquela sala estava disposto a deter o Pietro. Mas tudo mudou segundos depois. Meu corpo saiu do estado de choque quando a porta foi aberta com força e dois capangas do Víctor entraram na sala confusos, mas ao notar o que acontecia logo puseram suas armas em punho e correram para ajudar o chefe.

O que carregava a metralhadora padrão se adiantou batendo a base da arma na cabeça do Pietro e repetindo o movimento ao ver que ele não largaria o Víctor, nesse momento senti o meu pulso arder ao serem pressionados contra as correntes em uma tentativa de chegar até lá. Meu corpo tentava chegar até o outro lado da sala enquanto palavras deixavam os meus lábios sem que o meu cérebro registrasse, parecia que tudo tinha ficado em câmera lenta e alguém tinha apertado o botão para retirar o som da cena, mas no meio de tudo aquilo eu mal estava ligando para isso.

Olhei para o Luan que estava mais perto do que acontecia, ele parecia gritar para quem quisesse ouvir ou conseguisse ouvir, e assim como eu, ele tentava puxar as correntes tentando se soltar. O segundo capanga puxava o Víctor que no meio de tudo aquilo parecia ficar sem ar, mas então mais um golpe foi desferido deixando o Pietro atordoado, fazendo as suas mãos folgarem o aperto nas correntes transformando-se na oportunidade perfeita para o Víctor escorregar dali.

A Pixie e a Daisy pareciam tentar trocar algumas palavras com o Pietro, enquanto o Víctor se punha de pé com dificuldade e cambaleava até a parede mais próxima tossindo ao tentar recuperar o ar. E então meus olhos e ouvidos voltaram a registrar cada movimento quando ele se virou rapidamente, puxou a pistola do segundo capanga e apontou em direção a cabeça do Pietro.

Víctor: É só puxar o gatilho – disse com a voz rouca carregando ódio – Parece não ter medo da morte mesmo.

Eu só conseguia ver suas costas, mas conseguia bem imaginar os seus olhos negros totalmente tomados pela raiva que só aumentava ao perceber o sorriso zombeteiro no rosto do Pietro.

Pietro: Atira – disse simplesmente.

Daisy: Cala a boca Pietro! – sua voz soou preocupada.

Pietro: Como se ele fosse atirar – desdenhou.

Víctor: Por que acha que eu não vou atirar? – sua fala voltou ao tom louco.

Pietro: Por que você é um covarde – o sorriso sumiu do seu rosto a medida que a fúria dominava os seus olhos – Você acha que é alguma coisa, mas não passa de um lunático que faz tudo o que o papai manda.

Pixie: Não passa de uma marionete como todos nós fomos durante anos – ela mantinha uma expressão série em direção ao Víctor – Usa uma máscara assim como seu pai, e por baixo dela esconde a pessoa podre que você é.

Pietro: Mas é só isso que ele sabe ser Pixie. Podridão.

E então ouve o disparo e a marca da bala na parede ao lado da cabeça do Pietro. Ele não se mexeu, continuou olhando para o Víctor com o rosto sério.

Pietro: Acho melhor acertar a próxima – ele inclinou o corpo um pouco para frente – Por que se eu sair daqui vou acabar com você – ele deu de ombros – E algo me diz que não vou ser o único a querer fazer isso.

A tensão na sala aumentou, me fazendo temer o Víctor puxar aquele gatilho. Os dois ainda se encaravam, o Luan e a Pixie tinham seus olhos presos a cena, e a Daisy parecia sussurrar algo para si enquanto mexia nas próprias correntes.

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