Capítulo 23 - Jornada traçada

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A primeira coisa que fiz, foi pesquisar um pouco mais sobre as pessoas que haviam tentado me dopar e roubar. Através das redes sociais e seus documentos, pude notar que eram jovem inconsequentes que não faziam nada da vida, torravam dinheiro com coisas inúteis e que conseguiam esse dinheiro de maneira desonesta, como já havia notado. Segundo, postaram Stories do meu carro no Instagram se gabando dele, e por sorte não mostraram as placas e nem nada, meu carro não tinha chaveiros ou qualquer toque de minha personalidade.

Limpei todo o carro das digitais inclusive as câmeras de segurança do painel que não mostravam nada além dos jovens me arrastando de um canto para o outro como um saco de batatas. Eles não eram donos daquele imóvel e nem tinham a chave, pelo que notei a porta foi arrombada e tudo estava de pernas para o ar no lugar que era abandonado de certa forma.

Peguei os celulares deles e suas carteiras e documentos. Retirei o dinheiro e os cartões para forjar um possível roubo. Enterrei seus corpos na mata que ficava um pouco mais ao fundo do lago e da casa. Levei seus celulares em uma viagem até a praia mais distante após limpar todas as minhas digitais e joguei os aparelhos no fundo do mar.

Voltei para a cidadezinha e dias após o ocorrido liguei para a imobiliária pedindo informações sobre o lugar. Eu precisava comprar aquele chalé e não seria difícil. O proprietário era velho e não confiava em imobiliárias, por isso o imóvel estava tão sujo e gasto. Fez o contrato de forma simples, pegou o dinheiro, minha assinatura com nome e documentos falsos de Antony Scratch e formalizou tudo no cartório sem acompanhamento de um advogado.

Tá, sem pânico... onde eu poderia ter encontrado melhor oportunidade que essa? Uma casa sem burocracias no fundo de uma mata, sem vizinhos por quilômetros de distância e uma vasta oportunidade de cometer meus crimes sem ser descoberto?

No mês seguinte, arrumei minhas malas e fui morar na república de jovens perto da faculdade e formalizar minha matrícula mais rápido o possível. Até que as aulas retornassem e até Meg se matricular, eu precisava ter um disfarce, amigos e uma "reputação" boa no lugar.

Não era tão difícil quanto parecia, eles eram todos tão materialistas e drogados, era como se eu estivesse vivendo com várias versões masculinas de Penélope, uma mais bombada que a outra, como se os braços carregassem os cérebros e aquilo era perturbador.

Não demorou até que eu me tornasse o cara mais misterioso do campus. Eu nunca saía, não me dava nem ao trabalho de ter compaixão pelos convites a festas e eu estava sempre no meu computador traçando planos de como iria atrair a atenção de Meg e levá-la embora comigo com ou sem sua vontade.

Após o primeiro semestre o meu papel estava concluído. Meg havia se inscrito para o novo semestre, comprado sua moto da Yamaha e traçava seus ideais artísticos para desperdiçar seu precioso tempo tirando foto de pedras e mulheres com beleza padrão social, influencers magras e ricas ou como quer que todos as conheçam.

Eu voltei à minha paz de espírito. Refletindo sobre tudo aos poucos e deixando as emoções de lado, a vontade de sair era grande, mas eu percebi que ainda não estava totalmente pronto para lidar com mais tragédias. Aqueles jovens eram normais, ou seja, descontrolados e no cio, e eu não estava pronto para enterrar mais corpos, não durante aquele ano.

O engraçado de ser como sou, é que, por mais que eu acredite que não vá mais cometer erros, sempre acabo me fodendo de alguma forma e em algum momento, principalmente por achar que não vão notar nada de estranho em mim, eu, o estranho ambulante.

Perdido em meus devaneios, o soar da campainha pela casa deixou boa parte dos rapazes em silêncio e em estado de choque, pois às 9:oohrs da manhã eu já não ouvia mais os burburinhos e cantorias ridículas soando. Contei até dez, e torci para que os passos altos de sapato masculino social, passassem pelo meu quarto de maneira despercebida.

Não... claro que não!

Pensamentos indo e vindo e estalar de mãos em minha porta se fizeram presente, eu precisava ficar calmo e mostrar que nada do que eu fosse acusado era de fato a minha culpa. Forjar as câmeras de segurança do carro em minha defesa eram um tipo de salvação, mas não provavam meu surto em matar duas pessoas e comprar uma propriedade com nome falso, ou usar nome falso nas matrículas e etc.

Respira, respira fundo.

-Pois não? -Grito alto desligando o notebook de trabalho e o jogando de baixo da cama de Spencer, meu colega de quarto.

A porta se abre ligeiramente lenta e o rosto sério e irritado de Rafael Miller se faz presente... caralho, era o Miller!

Respirei aliviado, não totalmente pois se ele estava ali, era por algum motivo específico no qual eu com certeza, estava envolvido e precisaria ser muito bom para me safar.

-Miller... -Fui até ele com um sorriso forçado e apertei sua mão.

-Não vem com esse sorrisinho não... Adam? -Sua voz entonou irritada.

-Tá, o que eu fiz agora? -Falei fechando a porta com os vagabundos curiosos rindo após saberem que eu conhecia Miller.

-Bom, podemos começar com a mudança de nome que não foi nada legalizada. Você sumiu do Texas e parece ter deixado tudo uma bagunça com sua Pen, morta? E ainda chega aqui a alguns meses e já temos dois jovens desaparecidos usando um carro com o mesmo modelo que você alugou? -Não se enganem, ele era bom.

-Em minha defesa eu fui dopado e eles levaram meu carro, eu o encontrei largado perto do bar no dia seguinte, infelizmente não tenho registros de câmeras.

-Me poupe, nós sabemos como você é. -Ele respirou fundo se sentando ao meu lado.

-Olha, você não tem nada a ver com a minha vida, porque está me seguindo? -Respirei fundo.

-Posso olhar seu computador?

-Claro!

-O notebook?

-Consiga um mandato. -As retrucadas e briguinhas eram comuns entre nós.

-Olha, se eu quiser eu arrumo, mas dessa vez vou só olhar até onde você vai com a sua loucura! -Ele se levantou.

-Miller, senti sua falta... -Sorri para ele.

-Eu nunca sinto a sua! -Ele me olhou e sorriu...

Rafael era como um irmão para mim, e continuaria sendo, até notar que, família não significa nada para alguém como eu.

PSICOPATA FRAGMENTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora