Apesar de enrolar bastante eu decidi que talvez, sair com Megan, seria muito melhor. O problema, era surpreende-la. Eu sabia todos os gostos dela, mas não queria leva-la a lugares que ela sempre ia. O dilema era levar ela em um lugar novo, onde ela realmente gostaria de estar, e é claro, surpreender o paladar dela de alguma forma.
Pesquisei todos os pubs legais aos quais ela não havia ido, e li várias de suas conversas com amigos para saber se ela desejava conhecer algum desses lugares. Foi fácil, Megan tinha uma mania muito comum de deixar claro todos os seus desejos. Ela nunca era exigente e eu sabia como poderia impressiona-la. Bebidas não eram um problema, ela gostava de coisas doces, geralmente com frutas, e nada muito forte. Apesar de gostar de Gin.
Ainda ao cair da noite, eu apreciava o lindo céu no campo. No meu chalé a beira mar, uma garrafa de vinho seco, branco e francês. Um love song de Audioslave, minha câmera e meus pensamentos conturbados. Era incrível como no meio daquele silêncio todo, meu cérebro me arrastava para as cenas mais perturbadoras que eu havia gravado na minha cabeça.
O sangue, o ódio e a ganância. As pessoas que eu torturei, rasguei e machuquei. Tudo aquilo era tão péssimo, mas despertava meus melhores sentimentos. A adrenalina percorria meu corpo, e a euforia. Era como se eu não pudesse viver sem aquele sentimento, e como se ele precisasse ser constante.
Me levantei um pouco da cadeira e caminhei até meu carro. Dei um tapa forte no capô como se eu precisasse conter aquela raiva, a abstinência de ficar assim por tanto tempo... Sem ferir alguém.
Tá, de certa forma não é como se fizessem meses desde a última vez, em que fiz algo ruim. Talvez, a brincadeira, o trote que fizeram comigo, tivessem me dado um gosto de quero mais. Mesmo que eu não cometi nenhum erro aquela noite.
–A garota...
Meu cérebro trabalhava rapidamente me lembrando da noite em que estive chapado e conversei com a garota Argentina triste, que não tinha nenhum parente por perto ou amigos. Ela era um alvo perfeito, mas também era uma tremenda covardia mexer com alguém tão desesperado e tão fácil.
Matar Érica era tentador, mas ela despertava meu lado curioso, o mesmo lado curioso que a Ruiva um dia me despertou. Como uma nova obsessão e eu estava pronto para embarcar de cabeça. Bom, Érica era um alvo difícil. Muitos amigos, muitas mensagens, muitos envolvimentos e o pior de tudo, ela traria uma revolta popular, uma saudade dos seus colegas e amigos, principalmente dos caras que a tratavam como uma irmã. O que eu só descobri recentemente vasculhando as redes sociais.
Respirei fundo e me acalmei. Fui até o computador e continuei a ver as opções de lugares onde poderia levar a Megan. Olhei pela janela e vi um jovem garoto passar. Ele bateu palmas e parecia estar perdido. Meu cérebro já projetou o assassinato perfeito para ele. Quilômetros sem câmeras, mas o que diabos ele poderia estar fazendo por aqui.
–OLÁ, TEM ALGUÉM AÍ? –Ele gritava no portão e eu me levantei calmamente, caminhando e analisando a personalidade. No meio do nada, ele poderia representar uma ameaça.
–Pois não? –Falei com um sorriso ladino e desconfiado enquanto ainda criava momentos perturbadores com a morte deste homem.
–Oi, eu sou Matteo. Eu sou seu vizinho! Tudo bem? –Droga...
–Tudo sim, não sabia que eu tinha um vizinho!
–Ah sim, eu não fico muito tempo por aqui e só passei para perguntar se você não teria ataduras e álcool para me emprestar... –Suspeito.
–Sim, é claro! Eu vou buscar aqui dentro. –Falei voltando ao lar aconchegante e pegando a caixa de primeiros socorros.
Voltei ao portão e entreguei ao homem que sangrava em um dos braços.
–Isso parece feio, quer ajuda para desinfectar? –Eu ainda tentava entender o motivo de querer ser gentil.
–Ah seria muito bom! É que eu sou biólogo, crio animais peçonhentos. Aqui é um ótimo lugar para manter eles, fresco e com muito ar livre. Mas quando passo tanto tempo fora, eles ficam um pouco estressados. Comem tudo de uma vez e geralmente me atacam. –Ele ria enquanto me seguia para dentro onde havia mais luz.
–Nossa, isso parece interessante. Venho para cá com frequência, coisa de três ou quatro vezes por semana, para ficar de olho na casa. Parece que ela era frequentemente invadida por usuários e quando comprei me dei conta de que era verdade.
Me sentei a mesa e ele se sentou mais a frente estendendo o braço que tinha uma mordida gigantesca.
–Meu Deus, essa era das grandes! –Falei surpreso.
–Sim, você não faz ideia de como elas são grandes, mas a grande maioria não tem veneno e nem dentes, foram resgatadas de criadouros de contrabandos internacionais. Algumas vem da América do Sul e sobreviveram a esse clima, se acostumaram desde novas. –Ele me explicava enquanto eu limpava a ferida e observava seus braços todos marcados por cicatrizes desse trabalho.
–Bom, quando precisar de ajuda, sei lá, para manter uma frequência maior na alimentação delas, eu posso fazer isso. Mas com superproteção nós braços e pernas! –O olhei com cara de medo.
–Sério? O antigo dono me ajudava antes, mas quando algumas contas começaram a sumir, eu descobri que ele estava devolvendo elas ao habitat, o que é uma merda pois algumas delas podem ser letais. Claro, estão mais seguras que as outras, mas não temos doses em grande quantidade para precaver um acidente ou morte involuntária.
–Tá, eu não vou te ajudar, isso parece muito perigoso! –Eu ri desistindo da tentativa de ajudar, porém, não excluía que aquilo era uma nova forma de matar sem ser incriminado, e poderia ser muito divertido.
–Não, imagina! Eu não sei o motivo exato, mas você me passa confiança. Talvez pelo simples fato de não me atender com um taco de baseball ou me oferecer ajuda e chamar para entrar. –Ele realmente parecia não ter amigos.
–Estarei sempre aqui caso precise, a propósito, eu sou Adam Cooper. –Sorri em resposta a sua simpatia.
Vai ser muito bom ter um amigo como Matteo, ainda mais, eu falava sério, sobre alimentar suas espécies com frequência...
VOCÊ ESTÁ LENDO
PSICOPATA FRAGMENTOS
Mystery / ThrillerVOLUME 3/3 1 PSICOPATA 2 PSICOPATA - NAS SOMBRAS 3 PSICOPATA - FRAGMENTOS ↬ Antes de John ser o que é, ele foi humano. Teve sentimentos, preocupações e também se apaixonou. John era uma criança, mas nunca foi tratado como tal. Onde foi que as coisas...