–Você tá bem mesmo? –Ela falava e dava risada e eu nem sabia se já tinha respondido.
Respirei fundo e olhei minhas mãos por alguns instantes antes de respondê-la.
–Estou sim, só preciso de alguns minutos para voltar ao normal. –Passei a mão no cabelo molhado e senti o olhar da garota sob mim, como se ela estivesse hipnotizada.
–Não sabia que você usava esse tipo de coisa... –Ela riu caminhando e automaticamente eu a segui.
–Que tipo de coisa? –Sorri, fechei a testa num movimento de dúvida.
–Usa drogas... –Ela falou como se fosse óbvio.
–Ah, não foi voluntário. –Eu sorri tropeçando vagamente sob meus próprios pés.
–Então você é desses... –A olhei com questionamento. –Caras que andam com caras babacas, mas na real não são. –Ela riu, e chegamos num tipo de garagem da casa onde só tinham algumas pessoas.
–Bom, eu não sou bom em fazer amigos, e eles me aturam, então acho justo dar chance para esses roles. –Em algum momento me sentei no chão o que normalmente eu não faria e ela me acompanhou.
Passamos alguns minutos falando de nossos próprios interesses e em algum momento me abri para ela no quesito loucuras por alguém. Lhe contei alguns traços de Meg, sem citar o nome da mesma é claro. Também, lhe contei que eu havia vindo de longe para encontrá-la e reconquistá-la, sem dar pistas de como eu faria isso, e de certa forma, dizer coisas assim em voz alta me fez me sentir muito supérfluo, claro, romances eram bons, mas fazer tudo acontecer sozinho, era frustrante.
–Nossa, eu não fazia ideia de que você era assim, tão intenso. –Ela me encarou nos olhos como se entendesse de certa forma.
–E como achou que eu era?
–Babaca, mesmo! –Ela riu enquanto falava.
Após alguns minutos de conversa, me levantei e caminhei para fora, a festa seguia de onde havia parado e notei que com chuva ou não, nada seria tão mais complicado do que tirar esses caras desse lugar.
Me despedi de Érica e caminhei lentamente para fora do local, eu não sabia ao certo como nesse meio tempo caminhando, comecei a reconhecer as ruas e a me guiar por um lugar até chegar a casa de Megan.
Estudar todos aqueles mapas por tanto tempo e suas rotas de fuga, me faziam me sentir em casa, como se eu sempre morasse ali, com ela. Ao longe vi a garota sentada perto da janela do quarto, ela sorria enquanto falava ao telefone e eu me senta triste por não poder andar com o notebook. Aquele era um bom momento para me sentar na calçada e ouvir a voz dela no dispositivo de grampo, e saber o que ela tanto achava engraçado.
Continuei a caminhada até chegar na casa de Steven, e notei que seria um bom lugar para armar algo para assustá-la, o bairro era tão seguro que mal tinham luzes e pessoas, todos andavam sozinhos e desprotegidos, o que me dava uma certa vantagem sobre mapear e arruinar uma visita a casa do papai dela.
Enquanto esses pensamentos domavam a minha mente, ouvi alguns passos atrás de mim, um tipo de salto alto e um perfume familiar.
–Não deveria andar por aqui, essas ruas parecem seguras, mas na verdade são ótimas para maníacos em ascensão. –Érica.
–Porque está por aqui? –Me virei para encará-la.
–Bom, como eu disse, essas ruas são boas para maníacos em ascensão... –Se aproximou e tocou meus ombros, descendo sua mão suavemente sob meu corpo.
Mesmo que eu quisesse negar ou empurrá-la, olhar até onde ela iria no meio da rua, era interessante, o problema é que ela realmente tinha cara de quem poderia ir longe demais.
–Tentador, mas achei que gostasse do Spencer... –Eu não havia quebrado o protocolo de limites não, né?
–Bom, de certa forma você está certo, mas eu e Spencer não tivemos nada além de alguns momentos de pura reflexão. Eu nem saberia por onde eu começo–Ela me entregava coisas que eu sabia reconhecer que eram falsas.
–Você pode começar parando de tentar mentir para alguém que é mestre em mentiras... –Voltei a caminhar lentamente pelas ruas só que agora na companhia da garota.
–Tenho medo de ser sincera e você temer meu lado ruim... –Ela despertou meu interesse.
–O que é ruim para você? –Eu ri de sua explicação.
–Bom, transtornos psicóticos... –Ela me fez parar.
–Vamos começar com verdade ou mentira, você me conta coisas e eu tento adivinhar se são verdades, e depois você. Aí nós vemos quem é quem...
Ela era interessante, mas encontrar alguém que demonstre os mesmos erros genéticos que os meus, me mantinha tentado. Da mesma forma que eu odiava não ser o único, eu amava poder descobrir um pouco mais sobre os aspectos desse transtorno, me conhecer melhor e me descobrir, e ela me daria tudo o que preciso, claro, se fosse verdade!
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PSICOPATA FRAGMENTOS
Mystery / ThrillerVOLUME 3/3 1 PSICOPATA 2 PSICOPATA - NAS SOMBRAS 3 PSICOPATA - FRAGMENTOS ↬ Antes de John ser o que é, ele foi humano. Teve sentimentos, preocupações e também se apaixonou. John era uma criança, mas nunca foi tratado como tal. Onde foi que as coisas...