Capítulo 5 - A queda

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Com o tempo, passei a ver Megan menos vezes que de costume, mas a última vez que a vi, foi na sala de ensaio, e após todos terem saído, tocamos o dueto que praticamos juntos da última vez.

Eu senti que ela não estava confiante naquela tarde, e notei que ela queria me contar alguma coisa.
Ela parou repentinamente e caminhou até o espelho. Apoiando as mãos nas barras de ferro.

⇀ O que houve ? - Perguntei atento, olhando de longe.

⇀ Eu te amo John. - Ouvir aquelas palavras seguidas de uma lágrima descer sob seu rosto, me fez ficar triste e confuso.

⇀ Porque ?

⇀ Não tem um motivo, eu simplesmente comecei a gostar de você tão intensamente que não sei explicar.

⇀ Amor fraterno ? - Falei sem pensar.

⇀ Esse amor é do tipo que nos dá vontade de abraçar, e segurar nas mãos. - Ela era uma criancinha falando aquelas coisas bobas.

Naquele momento eu não sabia bem o que pensar, eu gostava dela, mas não era esse tipo de coisa como acontece nos livros escolares ou como nos filmes clássicos, era só vontade de ficar perto e cuidar, como um botão de rosa.

⇀Não acho que seja verdadeiro, somos muito novos pra isso.

⇀Você não gosta de mim, não é ? - Ouvi sua voz desapontada. ⇀Eu deveria ter ouvido o Nicolas, você não se importa com as pessoas ao seu redor. - Aquelas palavras foram mais fundo do que pensei.

⇀Eu gosto de você sim. - Me aproximei lentamente.

⇀Então não me afasta de você. - Ela me abraçou forte. ⇀ O mundo é chato demais para ficarmos longe um do outro. - Eu não entendi bem o que ela falava, deveria ter decorado de alguma novela.

⇀Tá tudo bem, estarei sempre aqui. - Sorri para ela e encarei seus olhos claros. ⇀ Promete nunca se esquecer de mim ? - Sorri.

⇀Eu prometo John. - Ela me apertou forte.

Olhei pela janela que Nicolas se aproximava, e automaticamente dei um beijo em Megan.
Era proposital, mas de alguma forma aquilo pareceu bom, fazendo meus batimentos cardíacos acelerarem.
Uma pressão forte no peito fez com que eu me afastasse para longe, e ela não disse nada.

Sorri envergonhado, e voltei ao piano, ainda respirava forte para conter aquela ansiedade que tomou conta do meu corpo, e meus dedos tremiam, eu estava eufórico.

Senti ela me abraçar pela cintura, e depois tombar a cabeça em meu ombro... Fechei meus olhos e pude sentir sua respiração, aquilo era muito próximo, mais próximo do que eu pensava.

⇀Eu preciso ir. -Ela disse baixo, beijou minha bochecha e saiu pela porta com sua mochila.

Aquelas palavras foram tão dolorosas, porque, tudo o que eu queria após dar meu primeiro beijo era que ela passasse o resto da tarde comigo.

Me senti frágil e não gostava disso. Peguei minha mochila e sai de lá, eu não queria ir trabalhar hoje mas ao passar em frente a sorveteria e vê-la com Nicolas novamente, me fez querer fatiar bifes e sentir cheiro de sangue.

PSICOPATA FRAGMENTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora