Na manhã seguinte ao enterro de Marcus, eu não sabia ao certo como agir ou caminhar sem me sentir desprendido de qualquer emoção, apesar de não as conhecer eu também estava neutro, ausente de ódio, de tristeza, ausente do luto. Automático eu até diria.
Tia Margareth como de costume estava no hospital, fazia hemodiálises agora, e eu sempre achava que ela não voltaria para casa. Como um velho vazo ruim, ela era inquebrável. Naquela manhã era realmente estranho não ter ela por perto, apesar de neutro, eu não queria estar sozinho com meus pensamentos. Eu não posso estar sozinho, precisava de algo, precisava de alguém para me distrair.
Me sentei à frente do computador e passei horas tentando rastrear, finalmente eu me lembrei o motivo de ter aceitado sair de casa. Era Megan.
Eu precisava encontrá-la o mais rápido o possível, e talvez arrumar um motivo para ter o que pensar. Não foi complicado, não existiam tantas Megan Altovski pelos Estados Unidos, para ser exato, nenhuma. Seus cabelos ainda eram ruivos e ver o quão aquela garota havia se tornado bonita, era bem mais admirador. Sua aura era limpa de qualquer demônios, e eu confesso que após vê-la se jogar de sua casa tantos anos atrás, me fez esperar ver uma garota infeliz, viciada ou coisas do tipo.
Lá estava ela, linda e pronta para ter um futuro brilhante pela frente. Eu simplesmente podia esperar que ela o fizesse, acompanhar de longe esse sucesso, todas aquelas oportunidades, todas as chances de ser feliz. Algo dentro de mim pedia para que eu não mexesse com aquela vida, mas infelizmente, nada do que meu corpo quisesse seria ouvido pela voz na minha cabeça.
Ela pode ter tudo, ou eu posso dar tudo à ela ?
Me levantei e peguei a impressora velha. Imprimi o mapa de sua cidade em tamanho grande. Usei o escritório abandonado para meu refúgio e preguei o mapa em uma parede inteira, fiz daquele lugar o meu favorito. Imprimi todas as fotos do instagram dela e marquei com um pino colorido todos os lugares ao qual a garota gostava de frequentar. Era divertido, de certa forma agora eu estava preenchendo algo que faltava.
Busquei seus hobbies e seus amores, me deparei com a fotografia, ela tinha mesmo aquele lado artístico. No mesmo instante busquei cursos de fotografia pela minha cidade. Megan ainda estava no colegial, ela era um pouco mais nova, então me formar em fotografia e depois me mudar para refazer o curso, me daria uma vantagem com ela.
(-)
Nesse meio tempo na faculdade, eu trabalhava de manhã com estelionato e durante a noite cursava fotografia, o que me deu mais um propósito na vida.A fotografia se tornou daquele momento em diante mais uma coisa na qual eu era realmente bom.
Dentro daquele ano de evoluções, Margareth me ensinou muito sobre literatura, ela era uma antiga doutora formada em Yale. Ter uma professora universitária em casa era vantajoso, até que no inverno daquele ano ela finalmente faleceu, em sua cadeira de repouso favorita com uma xícara de café, ao som de Tears in Heaven e olhando pela janela a neve que caía. Foi poético assim como ela era.
Eu estava sozinho de novo, como podia esperar. No meio de idas e vindas acabei me encontrando com Penelope, uma garota que estudava TI na mesma Universidade que eu, e que acabou criando um vínculo profundo de amizade comigo, uma amizade colorida se é que podemos chamar assim.
A real situação é que eu não podia ficar sozinho naquela enorme casa e ter o material de Penelope para estudar também era mais uma vantagem para meu conhecimento. Sem contar que ela precisava de um lugar para ficar já que em seu último ano letivo estava usando o dinheiro do aluguel para seu vício em drogas.
⇁ E aí, vai desentocar desse quarto pra jantar comigo? ⇁ A voz dela ecoava da porta recém aberta.
⇁ As regras são claras Penelope... ⇁ Ela não podia entrar alí.
⇁ Já fazem mais de 4 horas dessa vez, não acredito que está jogando seu sábado pelo ralo dessa maneira, possessivo. ⇁ Ela não conhecia limites.
⇁ Penelope.
⇁ Já entendi, estou saindo. ⇁ Deu um riso e fechou a porta.
Desliguei o computador e guardei minhas anotações. Limpei a lente da câmera e me retirei do lugar. Caminhei até o banheiro e lavei minhas mãos para o jantar. Penelope dançava na sala sem música, possivelmente sob o efeito de alguma bala ou somente porque ela não agia de maneira natural.
⇁ Eu sei o que parece, mas só estou feliz mesmo. ⇁ Era a segunda opção.
⇁ Eu imaginei. O que cozinhou dessa vez? ⇁ Era bom comer o que ela fazia.
⇁ Eu fiz só uns tacos dessa vez. ⇁ Ela adorava comidas mexicanas, era descendente por parte de pai.
⇁ Perfeito. ⇁Eu sorri como se fosse uma criança.
⇁ Descobriu muita coisa dessa vez? ⇁ Ela já sabia que eu procurava por alguém.
⇁ Poucas coisas, acho que não há o que descobrir, apenas agir. ⇁ A encarei sentar e finalmente notei que ela usava uma de minhas camisetas.
⇁ Isso parece bom. ⇁ Me encarou com uma cara de quem havia aprontado.
⇁ O que porra você fez? ⇁ Apoiei o rosto nas mãos.
⇁ Nada nada. ⇁ Ela riu e começou a comer.
Terminei de comer e levei os pratos para a cozinha. Senti meu corpo agir de maneira diferente, eu suava devagar e ri encarando os pratos que lavava.
⇁ Sua desgraçada. ⇁ Falei alto.
⇁ O viagra está fazendo efeito? ⇁ Ela apareceu na porta do nada e zombava de minha cara.
⇁ Porque fez isso? ⇁ A olhei atacando o gruardanapo em sua direção.
⇁ Era caso você não estivesse afim de me pegar hoje... ⇁ Ela era ninfomaníaca.
⇁ Já conversamos sobre botar drogas na minha comida! ⇁ Eu ria sem parar, estava indignado com o que ela fez, e arrumando uma pose para tapar a minha vergonha.
⇁ Me desculpa, juro que não vai mais se repetir. ⇁ Ela deu um passo para trás, com certeza eu sabia o que ela queria.
⇁ Você está ferrada, Penelope. ⇁ Caminhei em sua direção enquanto a via recuar em charme.
Ela pegou em minha camiseta e me puxou para a parede se prensando por conta própria e eu via que aquela noite acabaria nos incendiando.
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PSICOPATA FRAGMENTOS
Mystery / ThrillerVOLUME 3/3 1 PSICOPATA 2 PSICOPATA - NAS SOMBRAS 3 PSICOPATA - FRAGMENTOS ↬ Antes de John ser o que é, ele foi humano. Teve sentimentos, preocupações e também se apaixonou. John era uma criança, mas nunca foi tratado como tal. Onde foi que as coisas...