PSICOPATA FRAGMENTOS

Capítulo 24 - Uma bagunça

~~~ Um futuro breve. 

Ela se agarrou forte em mim e eu a girei num abraço forte. Quando seus pés alcançaram ao chão, seu sorriso se fez forte e completamente estável. Não havia espaço para medo alí, só amor, e seus olhos podiam refletir isso de alguma forma. Eu não era assim tão romântico, mas estar com ela em momentos assim, me motivavam há algo. 

Ao final da música ela continuou grudada em mim e seu perfume que aos poucos também fixava em minha roupa, era como melodia, um aroma que rimava com o momento. Seu vestido preto coberto pelo sobretudo marinho comprido e confortável a deixavam misteriosa e mais bonita que antes, e talvez em algum momento o meu amor por Megan, não era mais tão importante quanto o toque dela. 

Eu sentia medo, nunca a vida eu tive uma motivação diferente da que eu costumava ter, e sério, eu até sentia nojo de romances, mas com ela não, e eu nem sabia seu nome... 

~~~ De volta ao agora!

É, Miller tinha razão em se preocupar comigo, e como eu havia certeza de que ele não me deixaria em paz eu precisava tentar andar na linha. Nada de tragédias, talvez, aquele fosse o melhor momento para tentar me enturmar e mostrar que eu podia, sim, ser um jovem humano normal. Eu também precisava provar isso para mim, já que ultimamente parecia que eu não tinha nem um ano tranquilo ou sem mortes.

Tudo começou com festas de fraternidade e noites de karaokê em uma balada de hard rock da cidade, o que não era de todo tão ruim. Dessa mesma maneira, eu descobri que era bom em cantar também, e encantar muito mais do que parecia.

Nesse momento eu fazia parte de um grupo de caras da minha idade e entre eles o Spencer, meu colega de quarto que era também uma inspiração, sério. Era um cara carismático, fora do padrão e o pior de tudo, um dos maiores galanteadores que eu conheci. Um verdadeiro filho da puta, sério!

–Então rapaziada, é o seguinte, hoje, quem ficar com mais calouras ganha! Veteranas não valem porque elas são mais fáceis, já estão cansadas dos caras de sempre, carne nova não é o problema. –Joseph era misógino e babaca, ninguém dava ouvidos aos seus discursos.

–Ah, tá... –Spencer deu de ombros enquanto se esgueirava ligeiramente pelo pub. E eu só conseguia dar risada dos caras.

–Porra, Adam! Você tá comigo, não tá? –Jos grudava em meu pescoço.

–Eu to tranquilo quanto a conhecer mulheres agora... –Ele me olhou com cara de riso.

–Pode ser cara, também, se preferir. –Se você chutou que ele era fortão, alto e de barba rala... Você acertou.

O deixei da mesma forma como Spencer e me esgueirei o mais rápido que podia até o canto escondido do salão... Nesse caso eu queria ficar inerte, ouvindo jovens ruins cantarem como se ali fosse um tipo de programa de talentos, o que por sinal sempre foi febre em todos os países.

A noite estava divertida e descontraída até que em algum momento, uma voz suave cantando um dos rocks clássicos de Bon Jovi, me chamou a atenção, e o mais surpreendente, a voz era linda, assim como a garota de cabelos vermelhos, longos, cacheados e perfeitamente armados me encantou.

Em um certo momento eu queria chamar a atenção dela. Não era tão comum da minha parte, querer chamar a atenção de alguém. Acho que o mais decepcionante disso era notar que ela estava fixada em Spencer, e o mais complicado é que ele estava dançando a música dedicada por ela, com outra garota...

–O que é isso? –Pensei em voz alta.

–Érica, apaixonada por Spencer, faz uns meses já, nunca tiveram nada sério. Spencer diz que ela é meio doidinha. –Joseph reapareceu num passe de mágica.

–Mas, que triste, porque ele disse isso dela? –Eu estava um pouco interessado.

–Também não faço ideia, ela tem umas paranoias de bruxaria, sei lá! –Tão infantis esses argumentos.

–Bom, não acho que seja um problema! –Sorri para ela, que me notou por alguns segundos mas voltou toda a sua atenção ao meu novo colega de quarto.

–Olha, se eu fosse você, nem chegava muito perto. Spencer tem uma mania ridícula de possessividade com as garotas com quem ele já saiu.

–Não vejo problemas nisso...

Me afastei de Joseph e tentei de verdade não tirar os olhos da garota nem por um segundo, não como um stalker nem nada, mas, apenas ao longe. Eu jamais havia ido tão longe em admirar uma garota que não fosse a Meg. Poderia considerar que a magia dessa bruxa me dava uma certa curiosidade.

–É, não gostei de você me encarando assim... –A voz doe familiar ecoou atrás de mim no momento em que eu desviei a atenção.

–Ual, me desculpe! Sua voz soava muito bem... –Eu, pela primeira vez na vida, não sabia como conversar com uma garota.

–Valeu! Você tem cheiro de problemas, então fica longe tá? –Rejeição?

–Ahn, tá... –Sim, eu havia sido rejeitado, mas ainda não havia entendido nada do que ela quis dizer com "cheiro de problemas", afinal de contas, eu era perfeitamente estável.