Capítulo 32 - Júlia

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Júlia é uma garota bonita, relativamente atraente e desperta olhares por onde vai. Sempre me peguei a observando de longe, e pensei quais poderiam ser seus problemas emocionais para que ela sempre estivesse sozinha. Por mais que ela e Meg fossem muito próximas, ainda havia um tipo de bolha por parte de Júlia, o que me fez questionar em alguns momentos se ela poderia amar a Meg de forma mais intensa. Para isso, eu teria que me aproximar dela no melhor momento, em um momento onde Meg não pudesse socorrer. E neste momento onde, Megan, guarda nossos segredinhos e se isola, era interessante me aproximar de sua companheira.

Nesta manhã eu fiz minha corrida tranquilamente, e acabei por passar no bairro de Júlia, o que também, sempre foi uma rota alternativa em muitas corridas. Notei que a garota sempre estava sentada no quintal, abaixo de uma árvore velha, com um livro de romance nas mãos. Era incrível como ela parecia plena. Muitas das vezes também, eu a ouvi gritar com os pais, bater portas, e caminhar em círculos na sua própria rua, o que mostrava que apesar de ela ser tão rude gritando, obviamente estava presa a laços de dependência emocional a ponto de ter tanto medo de se afastar deles ou de deixá-los muito zangados.

Júlia respirava o ar que seus pais queriam. Trabalhava com seu pai desde nova, mesmo brigando, não se afastava da casa de jeito nenhum. Romantiza arduamente uma relação tóxica e retrógrada do conservadorismo de seus pais, e é claro, nunca saia com ninguém.
 
Apesar de correr por ali, e já ter existido alguma troca simultânea de olhares na faculdade, nada passava despercebido por mim, e sinceramente esse monstro que ela estava alimentando dentro dela, era assustador. De monstro para monstro, nada de bom poderia sair dali. O meu entusiasmo em tentar abrir aquela jaula, era poder ver o que tanto a garota podia fazer com a liberdade espiritual dela. Sinceramente, não esperava nada de bom disso.

Fui até o final do quarteirão e voltei lentamente, parei na frente do portão e escorei em uma das madeiras, olhei diretamente para ela, que demorou alguns segundos para notar a minha presença. Peguei a garrafinha e despejei no chão, a fazendo me olhar.
 

– Adam? –Não, o Papa.

– Júlia, né? –Sorri.

– Sim! –Sorriu de volta.

– Seria muito ridículo da minha parte te pedir um pouco de água gelada? A minha esquentou! –Fiz uma carinha de triste.

– Não, tudo bem! – Ela se aproximou e pegou minha garrafa, seu jeito tímido junto a seus dedinhos tremendo, me fizeram pensar que talvez fosse fácil.


Ela demorou alguns minutos e voltou com a minha garrafa com uma cor duvidosa. Temi pela minha vida inútil.


– Eu pensei que seria melhor trazer uma limonada para refrescar! – Atenciosa, porém, limonada não mata a sede tanto quanto parece.

– Sério? Que maravilha, eu amo limonada! Não precisava se preocupar! – Eu sorri sincero, fingir era um dom natural.

– Imagina! – Ela sorriu emocionada, e como esperado... – Sempre te vejo passar por mim mas caminhadas. – Falou olhando para baixo.

– Eu também, sempre te notei. Estava só pensando em uma desculpa melhor para começar uma conversa. – A encarei nos olhos quando ela teve coragem de erguer a cabeça.

– Isso é... Inesperado. – Sorriu.

– Porquê? – É, realmente inesperado.

PSICOPATA FRAGMENTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora