Capítulo 25

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IAN

É difícil de acreditar que alguém tão jovem pode morrer. Quando pensamos em morte, geralmente pensamos em uma doença que nos deixará fraco ou apenas a idade mesmo, ou seja, coisas que provavelmente já estaremos preparados e adeptos com a ideia de morte, mas nunca pensamos em algo tão rápido. Nunca pensamos que nossa morte pode ser agora, a qualquer segundo. Quando penso em morte, me vejo morrendo bem tarde, aos noventa anos, segurando a mão da mesma mulher, Somin, que estou segurando agora, quero morrer velho e do lado dessa garota incrível.

Não sei muito sobre Alexander, o conheci apenas por Somin, e não tive o prazer de o conhecer tão profundamente, ele devia ser um cara legal. Há apenas oito pessoas, sem contar com os pais e contando comigo e Somin, no enterro dele. Ele não deve ter sido um dos caras mais populares de todos da faculdade, nunca ouvi nada sobre ele, nem bom, nem ruim – o que julgo que deve ser bom, viver no anonimato e apenas curtindo seu período como universitário. Alexander está morto, se é difícil pra mim acreditar que ele morreu, não consigo imaginar a dor que os pais estão sentindo nesse momento.

Na verdade, consigo imaginar um pouco. Perdi Nana, minha irmã, quando ela também era muito jovem, minha irmã caçula, que não era tão mais nova que eu – dois anos apenas. Morte me faz lembrar de Nana, o que faz com que meu coração aperte e eu tenha que me manter mais forte ainda pra não chorar na frente dessas pessoas. Quero chorar pela morte de Alex, mas tento me manter firme, como uma rocha, em caso de Somin precisar de mim, e ela está precisando tanto de mim. A reação dela de quando descobriu da morte de Alex ainda é fresca na minha memória, Somin congelou e desmaiou, minha única reação foi correr até ela quando percebi a coloração dela ficar mais pálida que o normal.

Ela está mais calada do que nunca, nesses últimos três dias e está se sentindo mais sozinha do que nunca. Julie só conseguiu passar uma noite com ela, Harvard estava exigindo horrores dela. Lucas não conseguiu nenhum vôo da Inglaterra para os Estados Unidos, e não conseguirá tão cedo, Ryan e Nicholas estão doentes e ele ficou de cuidar dos dois. Elizabeth está passando muito mais tempo perto de Jonah, o cara tá parecendo um cão de guarda que não dá sossego – super protetor é apelido.

Além de toda a dor, acredito que a morte traga mudanças também, não tem como você ser a mesma pessoa depois da morte de uma pessoa querida, sei que não sou o mesmo desde a morte da Nana. Parece insensível e frio analisar a morte como uma oportunidade de mudança, mas ela é. Relacionamentos podem acabar com a morte de alguém, relacionamentos podem nascer com a morte de alguém, relacionamentos podem se transformar com a morte de alguém, o que me faz questionar, o que irá acontecer com o meu relacionamento com Somin?

Não há como nosso relacionamento nascer, pra mim, já estamos namorando faz bastante tempo, então é impossível. Não há como nosso relacionamento acabar, meu amor por ela é grande demais e eu sei que o dela por mim também. Então, só resta a transformação, nosso relacionamento irá se transformar, e espero que seja uma boa transformação, uma transformação que nos deixe mais perto da meta de namoro que eu tanto quero. Céus, sou um babaca por pensar em namoro, especialmente nesse momento.

Olho pra Somin, beijo a mão dela, ela sorri fraco pra mim, beijo a testa dela. Ela não está chorando, o que não quer dizer muita coisa, não quer dizer que ela não esteja em dor, nem que a cabeça dela não esteja uma bagunça enorme, só significa que ela não está chorando. Espero que meus beijos sejam mágicos e possam aliviar toda a dor de Somin. Puxo-a pra mais perto e a coloco de baixo do meu braço, beijo o topo da cabeça dela.

No dia que Alexander morreu – infelizmente me lembrarei pra sempre desse dia assim –, visitei praticamente toda a Boston a procura de ingredientes e receitas novas, até que achei um lugar, que está à venda, que faz comidas exóticas misturando elementos de diferentes culturas, o que no começo parece ser muito estranho, mas você acaba se acostumando, consegui até gostar de macarrão com chocolate suíço, sei que é bastante estranho. Não é um segredo o porquê de o restaurante não ter dado certo, é uma ótima ideia, mas a execução horrível, a maioria das comidas eram horríveis, mas eu estava disposto a tentar misturar a minha cultura, inglesa, com a cultura, coreana, dela. Com certeza ia ser um cardápio bastante inesperado, mas garanto que ela ia comer do bom e do melhor.

O Roommate - Livro 3 | Off Campus | CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora