O Roommate - Livro 3 | Off Campus | Completo

Capítulo 18

IAN

Estou sem saber o que dizer com essa obra de arte, nem sequer sei que posso chamar isso de obra de arte, não mesmo. Não sei nem dizer se existe uma palavra criada pra definir o que é isso que Jonah está expondo pra nós. Espero, do fundo do meu coração, que Dylan e Nich estejam com a mesma cara confusa que eu, porque, sinceramente, não quero ser o único a não ter entendido o que quer que seja isso que Jonah está segurando.

— Desculpa, pode repetir? – peço. Inclino minha cabeça pro lado esquerdo, pra vê se melhora o ângulo, mas não, continuo sem fazer ideia do que seja isso.

São traços amarelos com verdes musgo, depois tem um círculo vermelho com bolas azuis, e parece que uma criança de três anos derrubou uma aquarela inteira apenas no canto superior do quadro. Há também alguns fios marrons descendo pelo círculo vermelho. Dois traços pretos minúsculos e achatados no meio do círculo. E há vários tentáculos, quinze pra ser mais específico, saindo dos traços amarelos com verde musgo.

— É uma arte abstrata, que deve representar o que eu quero, sinto e penso – Jonah diz, empolgado apontando pra isso que está pintado.

Essa obra de arte é abstrata demais pra mim, acho que pra qualquer um. Até pra Picasso. O que diabos é isso? O que diabos Jonah estava pensando quando pegou o pincel pra pintar? Ou pior, o que diabos ele sentiu pra pintar isso? Será que é uma abstração pra confusão que é a mente dele, ou coisa do tipo? Porque posso garantir pra qualquer um, até mesmo Picasso, que ele não estava pensando em coisa boa quando pintou isso.

Em sincronia, eu, Dylan e Nicholas inclinamos a cabeça para o outro lado, atrás de uma nova perspectiva, mas dessa vez piorou. A arte se transformou em… céus, isso nem arte é e nem sei no que se transformou, não sei nem se sequer já foi alguma coisa um dia. Nada faz sentido no quer que seja isso. Não parece um monstro, não parece um lugar. Será que é um sentimento? Tipo Divertidamente? Sei que Jonah ama esse filme, eu também amo, mas me lembro que Jonah colocou na nossa maratona de filmes favoritos.

— O que diabos você tava pensando? – Nicholas perguntou, forçando sotaque inglês, desde que nós quatro estamos voltando a sair juntos, Nicholas está forçando esse sotaque inglês horrível.

— Dá pra você parar? Seu sotaque tá me ofendendo – pergunto, mostrando pra ele o que é um sotaque inglês de verdade.

— Desculpa, é que Lucas disse que gostava do teu sotaque e tô me esforçando – ele sorri. Claro, eu já deveria imaginar. — Me sinto uma versão negra do James Bond.

— Com certeza – concordo, apenas pra deixar Nicholas feliz.

— Olha, se esforcem um pouco mais. É bem óbvio o que é essa bela obra de arte é – Jonah sorri. Tem momentos que quero matar Jonah por ser meio lesado, como agora. E tem outros momentos que quero proteger Jonah por ser meio bebezão, como agora.

Já se passaram quarenta minutos, desde que Jonah chegou com isso, que não vou chamar de obra de arte, nem de linda, porque ela definitivamente não é nenhuma das duas coisas. Ok, os criadores das palavras precisam criar uma nova pra definir o que diabos é isso, pode ser em qualquer idioma, até mesmo latim.

Puta que pariu, quarenta minutos. Eu deveria estar me arrumando pra noite de karaokê, onde eu planejo fazer uma puta declaração pra Somin. Passei uma semana ensaiando pra esse dia, Lucas disse que eu deveria me preocupar apenas com isso e vestir algo bonito, que o resto ele iria cuidar. O resto consiste basicamente em: fazer Somin participar de uma noite de karaokê.

Lucas disse que eu não deveria me preocupar em nada, que tudo vai dar certo, mas sinceramente? Não estou nada confiante nisso.

Porque eu não sei se ele sabe, mas Somin é uma grande cabeça dura, e acho muito difícil ela dizer que gosta de mim, muito difícil mesmo. Mesmo que a música seja excelente, One and Only da Adele, uma música extremamente condizente com o que quero pra nós dois. Quero ser o primeiro e único pra ela. Eu já tenho tudo planejado: minha performance, minha roupa, o que dizer depois da performance. Só falta uma coisa, deixar meu nervosismo de lado.