Feita para o MacCabe [Completo]

Capítulo dois

5 anos depois

Kenna

— Estamos quase chegando! — um dos guerreiros avisou.
Não vejo a hora de chegarmos ao clã MacCabe, estamos viajando por dois dias, meu corpo está implorando por descanso. Estou tão feliz, finalmente irei conhecer a filha de Tiera, sei que é uma menina porque Alexander o marido de minha irmã escreveu e contou.
Já faz cinco anos que Tiera faleceu, chorei por sua perda, sempre que conseguia ela me enviava cartas. Por todos esses anos, vivi em um lar para mulheres órfãs, ou para as que foram rejeitadas, antes de morrer papai me deixou no local. Por mim, teria ido morar com Tiera, entretanto, não pude ir contra as ordens de papai, só pude sair agora, pois completei vinte anos.
Alexander me escreveu pedindo que eu fosse cuidar de Claude, ele é um homem ocupado e não tem tempo para educar uma menina, nunca o conheci, tudo que sei sobre ele é o que minha irmã contava em suas cartas.
Tiera sempre dizia que seu marido era um grande guerreiro, ela falava que ele a colocava em um pedestal para venera-la. Eu achava incrível, as mulheres do lugar onde vivia falavam que nós mulheres tínhamos que agradar nosso marido, era nossa obrigação servi-los. Deveria ser a mulher há colocar o marido em um pedestal e não ao contrário. Meu rosto começou a esquentar ao lembrar que Tiera dizia que seu marido permitia que ela se encontrasse com outros homens, não entendia porque ela escrevia contando sobre este assunto, só sei que eu achava um absurdo, fui ensinada que só poderei dormir com o homem sendo ele meu marido e quando ele quisesse. Então, ler aquilo me deixava mortificada de vergonha.
Passamos por um bosque cercado de árvores enormes, eram tantas que deixavam o lugar escuro, fiquei apreensiva, não gosto da escuridão. Madre Josy sempre nos colocava no quarto escuro quando perguntávamos algo inapropriado, ou quando fazíamos algo que não fosse de seu agrado.
— Chegamos! — os homens começaram a comemorar.
Logo a frente estava um grande castelo de pedras, parecia envelhecido. Passamos pelo grande portão, nos aproximamos, alguns homens foram chegando perto, pensei que algum deles seria Alexander.
— Venha. — me ajudaram a desmontar do cavalo.
— Kyle onde está o laird? — perguntou o guerreiro que me ajudou.
— Está vindo! — disse.
Virei na direção que o homem chamado Kyle apontou, e fiquei surpresa com o grande homem que vinha. Ele era tão alto, pele bronzeada, seu cabelo era castanho e cumprido, tinha o tórax e ombros largos, e braços fortes, meu rosto corou violentamente por ficar encarando-o.
— Kenna?
— Senhor — fiz uma pequena reverência.
— Vamos! — ordenou.
Tentei acompanhar seus passos, entretanto, era difícil, comecei a correr para conseguir segui-lo.
Entramos no castelo, paramos na sala.
— Espere aqui!
Só assenti, pois, estava sem ar após correr.
Alexander voltou com uma menininha no colo.
— Está é Claude — disse, colocando a criança no chão.
— Olá, pequenina — falei me ajoelhando para ficar na sua altura.
— Oi, você é irmã da minha mamãe?
— Sou sim
— Você é quem vai educar-me?
— Sim.
— Eu contei a Claude que você viverá aqui para cuidar dela. — Alexander interrompeu nossa conversa. — Volte para o seu quarto agora, depois falo com você.
— Sim, papai.
A menina saiu cabisbaixa.
— Escute bem — me assustei com seu tom
 — Você está aqui para cuidar de Claude, então cuide muito bem de minha filha! Se ela reclamar sobre seus cuidados eu não te mandarei de volta para morar com aquelas velhas. Te jogarei no bosque para que seja devorada pelos lobos. Agora vá, Kyle lhe mostrará seu quarto!
Alexander saiu me deixando paralisada de medo.

— Esse será seu quarto — Kyle falou, abrindo uma porta.
Entrei no cômodo, observei tudo, era bem bonito o quarto. 
Somente aceno, pois, se abrir a boca para falar algo tenho medo de acabar chorando. O laird foi bem rude comigo, e me deixou com medo.
— Tenho que pedir desculpas pelo comportamento do Alexander. — o homem volta a falar. 
— Não precisa se desculpar, entendo a preocupação dele.— respondo, respiro fundo tentando controlar o tremor.
— Entende mesmo?
— Sim, sou uma estranha que vai cuidar da filha dele. Ele tem todo o direito de agir daquela forma.
— Claude é uma criança fácil de lidar, você vai amar ter a companhia dela.
— Nós daremos muito bem então, porque também sou fácil de conviver.
— Suponho que viver com as madres a ensinaram como cuidar de uma criança?
— Sim, elas nos ensinaram tudo o que preciso saber.
— E o que seria?
— As madres sempre falavam da importância de cuidar das crianças, no caso, ela dizia de nossos próprios filhos. Mesmo que Claude não seja minha, cuidarei como se fosse.
— Senhorita Heughan...
— Kenna, me chame de Kenna por favor.
— Certo, vou indo agora. Se precisar de alguma coisa procure-me.
— Está bem.
Não consigo conter o sorriso, estou feliz por viver em um clã. Viver aqui será totalmente diferente, mas tenho certeza que irei gostar.