Capítulo onze

2.7K 334 8
                                    


— Esse foi o melhor passeio de todos! — Claude não para de pular.
— Vejo que sim.
— Obrigada, eu amei o passeio. 
Mais uma vez sou pego de surpresa, quando ela se joga em mim, já é a segunda vez hoje que faz.
— Agora entre.
— Tio Kyle! 
— Olá, princesinha.
— Estou tão feliz.
— Estou vendo. — o soldado responde rindo.
— Agora irei entrar e contar tudo para tia Kenna.
— Ela deve estar no quarto.
A resposta de Kyle me intriga. 
— Como sabe onde ela está? — questiono.
— Podemos conversar?
— Diga!
— Hoje vi Kenna de conversa com Carlton.
— O ferreiro?
— Sim.
— Ela é livre para conversar com quem quer.
— Espere mais alguns dias e ele vira até você.
— Com qual intenção?
— Matrimônio.
— Está dizendo que o ferreiro irá pedir a mão de Kenna? — pergunto surpreso.
— Você não viu o que eu vi hoje.
— E o que seria?
— Ele estava prestes a beija-la.
— E ela queria?
— Talvez.
— Qual é o problema afinal?
— Ela merece mais que um ferreiro!
— Um soldado talvez? 
— Nem um soldado seria o bastante para ela.
— Nós dois sabemos que você não é um simples soldado não é!
— Você prometeu nunca tocar nesse assunto! — Kyle me acusa.
— Não irei.
— Já está!
Kyle tem razão, juramos nunca dizer nada e eu aqui tocando no assunto.
— Só faça o que eu disse e recuse qualquer investida de Carlton.
— Vou pensar a respeito.
— Ótimo.
Era só o que faltava, Kyle estava se interessando pela jovem.

A tarde passou bem rápido, depois do passeio com Claude fiquei em minha sala abrindo as cartas que chegaram e eu não dei atenção.
A maioria era insignificante, alguns clãs querendo acordos, outras nem sei de onde vieram, então, não dei importância, contudo duas chamaram sua atenção. Uma estava com o selo real, indicando que chegou a época de ir ao reino mostrar como anda o clã. 
Não preciso de ninguém me dizendo o que preciso melhorar, já fui uma vez e não estou interessado em ir novamente.
A segunda carta estava com o nome de Kenna, quem poderia escrever se ela não conhece ninguém?
 
“ Olá minha querida,
Escrevo-lhe para saber se tem notícias de Madelyne, desde que partiu aconteceram alguns imprevistos por aqui. 
Alguns homens invadiram nossa moradia, roubaram o que podiam e se aproveitaram de algumas meninas, algumas não sobreviveram. Agora estamos bem, já recebemos ajuda, não se preocupe.
Madelyne foi uma das meninas que foram arruinadas, pensei que ela estava superando, foi um erro. Pois, ela fugiu na calada da noite, desde então, não tenho notícias dela.
Querida Kenna, se tiver notícias de Madelyne tente me avisar por favor. Ela é uma boa menina e passou por um terrível trauma, não sei onde ela está e isso está me matando.
Avise-me se conseguir contato com ela.

Atenciosamente, madre Josy."

Que grande confusão, como contar para Kenna que o lugar onde ela viveu foi atacado.
Talvez seja melhor manter silêncio, ela não sofrerá se não souber o ocorrido. Mas se algum dia ela descobrir e souber que eu não contei, Kenna ficará muito nervosa.
Decidido a contar a verdade, saio da minha sala, subo as escadas. Bato duas vezes em sua porta e não ouço respostas, bato novamente e ela abre a porta.
— Posso ajudá-lo? — pergunta docemente. Respiro fundo tentando me acalmar, meu erro, pois o cheiro de lírios e lavanda penetram meu nariz.
— Podemos conversar?
— Claro, entre.
Entro no cômodo, puxo um banquinho e me sento.
— Sente-se por favor.
Ela vai até à beirada da cama e se senta.
— Recebi uma carta hoje um tanto trágica, pensei seriamente se deveria ter vindo contar, sei que você gostaria de saber, então, aqui estou eu.
— Qual o conteúdo da carta?
— Era da sua madre Josy.
— Ela escreveu?
— Sim.
— Você abriu uma carta que estava com meu nome?
— Sim, mas isso não interessa agora.
— Pois bem, quais são as notícias? Oh, você disse serem trágicas. — a menina começou a entrar em pânico.
— Se acalme por favor.
— Diga-me o que ouve?
— Elas foram atacadas, algumas das jovens não resistiram.
Kenna estava pálida.
— Elas... Elas estão mortas?
— Algumas sim.
— Como aconteceu? — perguntou num fio de voz.
— Alguns homens invadiram o lugar, roubaram, usaram de algumas meninas e depois se foram.
— Oh, elas não mereciam um final assim. — ela começou a chorar.
— Kenna, tem mais
— Mais?
Odeio ser o portador de maus notícias, não sei dizer com delicadeza.
— É sobre Madelyne.
— O que tem ela?
— Sua amiga fugiu, sua madre Josy não sabe onde ela está.
— Madelyne está perdida por aí?
— Infelizmente sim.
— Que tragédia!
— Uma fatalidade.
Kenna colocou as mãos sobre o rosto e chorou. Fiquei sem reação, sem saber o que fazer.
Levanto devagar e sento ao seu lado, a menina me abraça sem pedir permissão, meu corpo fica tenso. Não sou de abraços, não mais. 
Passo a mão por seus cabelos, consolando-a, depois de um tempo ela se acalma.
— Desculpe-me. — ela sussurra.
— Sente-se mais calma?
— Um pouco.
— Pedirei que alguém traga chá para você, deite-se e descanse.
— Obrigada. — responde com a voz embargada.
Odeio ver uma mulher chorar, nenhuma delas merecem esse olhar triste.
— Irei mandar alguns dos meus homens para procurarem por sua amiga.
— Faria isso?
— Sim.
— Não posso dizer que vou encontrá-la, mas posso garantir que irei procurá-la.
— Agradeço.
— Descanse.
Já estava saindo quando Kenna me chamou.
— Alexander?
— Sim?
— Te agradeço de coração. — responde com um pequeno sorriso.
Aceno somente.
Desço as escadas lembrando do seu sorriso, por algum motivo esse sorriso ficou gravado em mim.

Feita para o MacCabe [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora