Kenna
— Está gostando do passeio? — Claude pergunta.
— Muito. — sou sincera, é tão bom poder caminhar. No lugar que morei, nós só podíamos sair bem cedo e a caminhada era curta, e não tínhamos autorização para sair— E você?
— Eu gosto, por mim, sairia mais.
— Agora podemos sair juntas.
— Fico contente.
Sorrio ao ver a melhora em Claude, ela é uma menina muito esperta e aprende tudo muito rápido.
— Cuidado! — ouço alguém gritando. Viro-me rápido o bastante para conseguir empurrar Claude, pois um cavalo vem em velocidade na sua direção.
— Estão bem? — pergunta o homem preocupado.
— Estou. E você Claude? — questiono, examinando seu corpo.
— Estou bem — ela responde.
— Ele é novo por aqui, ainda não foi adestrado. — o homem diz sobre o enorme cavalo preto.
— Ele não deveria estar preso? — acabo perguntando.
— E estava, mas acabou fugindo.
— Como fará para levá-lo de volta?
— Não tenho ideia.
— Quer ajuda?
— Não acredito que conseguirá ajudar.
Que ousadia!
— Porque pensa assim?
— É mulher!
— Só porque visto um vestido quer dizer que sou menos valente que um homem?
— Não quis dizer...
— Acredito que teve toda a intenção de dizer! — não o deixo concluir a fala.
— Peço desculpas se fui inconveniente.
— Está desculpado.
— Nunca há vi por aqui antes!
— Faz pouco tempo que vim viver no castelo.
— Vive com o laird? — ele questiona surpreso.
— Sim, mas não dá forma que está imaginando. Sou tia de Claude — falo abraçando-a. — Vim viver aqui para educada-la.
— É irmã da esposa do laird?
— Eu sou.
— Não se parece muito com ela. Minha senhora era mais alta e… — ele não termina de falar.
— Sim, ela tinha mais beleza e tudo mais! — sou sincera.
Tiera sempre teve mais beleza, mais curvas. Um sorriso que deixava os homens de joelhos aos seus pés.
Quando eu era criança sempre via os meninos indo atrás dela, desejando-a. Em quanto há mim, eles nem enxergavam, nem mesmo quando cresci.
— Sou Carlton — ele entende a mão.
— Kenna.
Carlton é tão gentil, e belo também. Não é tão alto igual aos soldados, mas ainda sim, é mais alto que eu. Ele é magro e branco, olhos castanhos claros.
— Tenho que voltar agora.
— Já?
— Sim. Eu e Claude ainda temos outras coisas para fazermos.
— Há verei amanhã? — fico corada.
Nunca um homem quis me ver novamente.
Na casa para jovens que vivi, tinha alguns homens que cuidavam das tarefas mais pesadas. Os homens sempre olhavam para minhas colegas, mas nunca para mim.
— Não sei de é apropriado.
— Porque não seria?
— Não sei.
— Façamos assim, amanhã na hora que vier caminhar com a menina estarei esperando aqui!
— Nem sabe a hora que vamos vir.
— Esperarei o dia inteiro. — responde sorrindo.
— Não tem trabalho para fazer?
— Tenho, mas faltarei se for preciso.
— Amanhã ao por do sol iremos passar por aqui. — falo.
— Perfeito, estarei esperando.
Sorrio novamente.
Carlton é um cavaleiro, acredito que será um bom amigo.
— Tia?
— Sim?
— Gostou dele?
— Talvez.
— Vão se casar?
Paro de caminhar.
— O que sabe sobre casamento?
— Nada. — ela responde. — Só perguntei porque Isla já me disse que irá se casar com papai, pois os dois se gostam.
— Claude o matrimônio é complicado e não é assunto para uma criança.
— Acredita que os dois ficaram juntos?
— Não sei.
— Eu não quero! — responde emburrada.
— Quem tem que decidir são os dois.
— Eu sei. Mas eu queria que não acontecesse.
— Claude, talvez ela seja boa para você.
— Não é.
— Tem certeza?
— Sim. Ela não brinca comigo você sim, ela não me dá comida, você sim. Ela não penteia meu cabelo e nem me ensina nada já você sim. Se o papai for ficar com alguém quero que seja você.
Suas palavras me deixam sem reação. Pois, não existe a menor das hipóteses de mim e Alexander ficarmos juntos algum dia.
— Claude, seu pai é quem irá escolher a mulher com quem queira dividir a vida, e ser for Isla você terá de aceitar.
— Mesmo que eu não queira?
— Mesmo assim.
— Mas...
— Uma dama não faz tantas perguntas e nem questionamentos.
— Entendi, titia.
— Deixe que o tempo resolva.
— Tudo bem.
— Agora vamos para o castelo, lá te darei um banho.
— Já sou grande sei tomar banho sozinha!
— Já que é grande não precisará que eu faça uma trança em seus cabelos.
— Oh! Eu sou bem pequenina preciso de ajuda no banho. — responde apressadamente.
Dou uma gargalhada.
Ponho a mão na boca para conter o riso.
— Vamos entrar logo.— Bom, agora que está limpinha e com os cabelos arrumados eu irei me banhar. — falo para Claude.
— Está bem, vou espera-la na sala de costura.
— Ótimo. Não irei demorar.
Vou até meu quarto. Verifico a temperatura da água, ela está bem quente do jeito que gosto. Retiro o vestido, solto as tranças do meu cabelo os deixo soltos.
Entro na água, suspiro de alívio.
Pego a barra de sabão, começo a esfregar por meus seios o cheiro de lavanda enche meu nariz.
Começo a cantarolar baixinho.
“ Quando sentir tristeza
Cantaro-le para as estrelas
Elas iram ajudá-la, e
Protege-las de todo mal...”
Assusto-me, só percebi agora que Alexander está parado na porta encarando-me.
— Desculpe, eu não... — ele balança a cabeça várias vezes, parece estar tentando sair de um transe.
— Pode sair? — pergunto, tentando cobrir os seios.
— Aonde aprendeu essa canção? — ele pergunta, ignorando meu pedido.
— Com uma das madres. Ela sempre cantava quando eu estava triste.
— Pode não cantar mais?
Quê?
— Posso saber o motivo?
— Só não cante!
— Mas...
— É uma ordem, não quero ouvi-la cantando e não ensine para Claude.
Tenho vontade de xinga-lo, pois estou no meu quarto. E aqui posso cantar sem problemas, foi ele que invadiu o cômodo.
— Não irei ensinar Claude, satisfeito?
— Muito.
— Agora pode sair?
— Estou indo.
— Obrigada.
A porta é fechada com força.
Que homem mais bruto, não acredito que ele está controlando até às músicas que canto. Pois, irei continuar a melodia e ele não irá nem saber.
~~~~~~🗡️~~~~~~
AlexanderEntro no quarto de Claude e ela não está, estranho. Ela sempre está se banhando nessa hora. Se minha filha não está em seu quarto provavelmente está no quarto de Kenna.
Abro a porta do seu quarto sem chamar, meu erro. Vejo Kenna na banheira, passando a barra de sabão em seus seios.
Ela canta uma melodia suave, travo ao perceber qual é a música.
“Quando sentir tristeza
Cantaro-le para as estrelas
Elas iram ajudá-la, e
Protege-las de todo mal..."
Minha mente me leva para o passado, onde sou criança e mamãe canta para mim.
Saio do transe com Kenna gritando.
— Desculpe, eu não... — digo sentindo vergonha.
— Pode sair? — ela pergunta, suas mãos vão aos seios na tentativa de cobri-los.
— Aonde aprendeu essa canção? — questiono.
— Com uma das madres. Ela sempre cantava quando eu estava triste.
“ Sempre que estiver triste, cante está música meu pequeno guerreiro”.
— Pode não cantar mais? — exigi.
— Posso saber o motivo?
Não, ela não pode.
— Só não cante!
— Mas...
— É uma ordem, não quero ouvi-la cantando e não ensine para Claude!
Tudo que não preciso é ouvir minha filha cantando essa maldita canção.
— Não irei ensinar Claude, satisfeito?
— Muito.
— Agora pode sair? — ela pede novamente.
— Estou indo!
— Obrigada.
Bato a porta com força.
Sem a mínima vontade de ficar perto de alguém, vou para minha sala.
Jogo-me na cadeira, pego a garrafa de vinho e viro.
“ — Mamãe pode cantar novamente?
— Mais uma vez?
— Só mais uma, por favor.
— Será a última.
— Tudo bem.
A voz da mamãe é tão bela, amo quando ela canta para mim.
Todas as canções ficam lindas em sua voz, não tenho uma melodia preferida, todo dia gosto que mamãe cante uma diferente, às vezes ela canta mais de uma vez a mesma.
“Quando sentir tristeza
Cantaro-le para as estrelas
Elas iram ajudá-la, e
Protege-las de todo mal..."
— Mamãe?
— Sim?
— Acha mesmo que as estrelas vão me proteger dele?
Mamãe fica em silêncio, ela está tentando não derramar as lágrimas.
— Eu sei que vão, mas você irá precisar ser forte!
— Serei, eu prometo.
— Meu pequeno guerreiro.
— Amo você, mamãe.
— Eu também."
Por um bom tempo eu acreditei que as estrelas iam me proteger de todo o mal que Grow fazia, depois percebi que eu teria que me proteger sozinho. E as malditas estrelas não passavam de uma história inventada contada para crianças.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Feita para o MacCabe [Completo]
RomansaAlexander MacCabe conheceu a dor ainda pequeno, seu pai era um homem rude e não se importava muito com o filho. Então, Alexander se tornou um homem frio, após a morte de seu pai ele se tornou o líder do seu clã. Ele era respeitado por todos e temido...