Capítulo dezessete

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Kenna

Encontro Claude chorando sentada no chão em frente ao lago. 
— Querida. — murmuro me aproximando.
— Quero ficar sozinha!
— Converse comigo.
— Não quero.
Imagino como Claude está abalada após ouvir o que seu pai disse, nem eu acreditei em suas palavras. Como Alexander pode duvidar que Claude não é sua filha, ele feriu os sentimentos dela.
— Não vou deixá-la sozinha. — tento tocar em seu cabelo, mas ela se afasta.
— Eu quero ficar sozinha! — ela grita levantando.
— Claude...
— Deixe-me sozinha.— volta a gritar antes de sair correndo.
Saio correndo atrás dela, chamo seu nome, mas ela ignora. Peço para ela parar e Claude corre ainda mais, seguro a barra do vestido para conseguir correr mais rápido.
Claude vai em direção ao bosque, começo a sentir medo, mais não diminuo meus passos.
Começo perder Claude de vista devido às árvores, não consigo mais ver o castelo. Um imenso pânico me domina.
— Claude. — chamo por ela, mas não tenho nenhuma resposta.
Penso em voltar e pedir por ajuda, mas se eu fizer isso, Claude ficará perdida aqui, então, decido continuar procurando.

Não sei quando tempo se passou, não encontrei Claude e estou perdida, não sei por aonde voltar. Quanto mais eu ando, mas me perco.
Meu vestido está com alguns rasgos devido aos galhos das árvores por onde passei, minha perna esquerda dói devido à queda que levei. Está ficando tão escuro, não consigo enxergar muito bem, estou com frio.
Escuto alguns uivos, não estão tão distantes. Tento correr, galhos, raspão meu rosto deixando minha bochecha ardida, encosto em uma árvore, respiro fundo várias vezes, tentando controlar as batidas do coração. Olho para cima e percebo que dá para subir nessa árvore, sem perder tempo, começo a escalar, rasgo um pedaço do vestido para conseguir melhor movimentação. Depois de quase cair duas vezes, consigo subir na árvore, melhor ficar aqui em cima do que no chão. 
Os uivos vão aumentando cada vez mais, sei que os lobos estão por perto, não quero ser a comida deles hoje. Sem aguentar mais começo a chorar, nunca imaginei que morreria assim, sendo devorada por lobos. 

Não sei do que estou tremendo mais, se é de frio ou medo. Meu corpo está dolorido, meu rosto arde. 
Já nem sei quanto tempo estou aqui em cima dessa árvore, só sei que já escureceu, e percebi uma coisa, ninguém veio atrás de mim, só espero que tenham encontrado Claude bem. 
Escuto barulho de galhos quebrando, um uivo vem bem debaixo da árvore. Meu desespero cresce, pois, sei que estou rodeada por alguns lobos, não sei dizer quantos são.
Eles batem na árvore, rosnam, fazem alguns sons estranhos. Tento ficar o mais quieta possível, na tentativa de fazê-los irem embora.
Pensei que não tinha mais lágrimas para serem derramadas, entretanto, me enganei, as lágrimas estão caindo sem parar. Vejo um brilho vermelho de longe, parece ser fogo, talvez não seja nada, e sim minha mente pregando peças. 
— Kenna! — ouço gritos.— Kenna!
Oh! Estão mesmo me procurando.
— Aqui! — grito de volta. — Estou aqui!
Quando as tochas vão se aproximando, vejo que os lobos estão fugindo, eram três enormes.
— Kenna. — escuto Alexander chamando.
— Estou aqui em cima.
Ele olha para cima e vê.
— Pule, eu pego você.
— É seguro descer?
— Sim, eu estou aqui.
Com as mãos tremendo, vou segurando em alguns galhos para facilitar minha decida.
— Pule, é mais fácil.
— Não!
— Eu vou pegar você.
— Não me deixe cair. — imploro.
— Nunca.
Faço o que ele pediu, pulo. Alexander me pega em seus braços. 
— Peguei você. — ele sussurra.
— Claude? 
— Ela está bem, já está no castelo.
— Ela está bem mesmo?
— Sim, Claude também estava em cima de uma árvore.
Alexander me abraça forte, meu corpo dói.
— Você está machucada? — ele pergunta, olhando meu rosto.
— Estou bem, só me tire daqui.
— Vamos.
Ele monta no cavalo, um de seus homens me ajuda a subir com Alexander. Sou colocada na sua frente, sem muitas forças encosto em seu peito, está ficando difícil de me manter acordada.
— Não durma, estamos quase chegando. — ele pede suavemente.
— Não vou. — respondo, minhas pálpebras estão pesadas, não consigo mais me manter acordada.

Acordo, e percebo que estou em uma cama, está tão frio.
— Já ia, acorda-la. — escuto Alexander dizer.
Olho, vejo ele sentado do outro lado da cama.
— Pedi que trouxessem água quente para se banhar, você está tremendo. — ele continua falando.
— Obrigada.
— Vou sair agora.
Levanto tento me manter em pé, mas acabo me desequilibrando, só não cai porque Alexander conseguiu me segurar a tempo.
— Você está bem?
— Vou ficar. — respondo, parando em frente a banheira. 
Retiro o resto do vestido, pois ele está todo rasgado. Entro na água quente, suspiro de prazer.
— Você não deveria ficar nua na frente de um homem.— travo, estava tão distraída com meu frio, que esqueci que Alexander ainda está no quarto.
— Eu… eu não tive a intenção. — murmurei.
— Sei que não — ele suspira. — Sua inocência ainda vai trazer problemas para você.
— Não entendi.
— Não é momento para falarmos sobre o assunto, tome seu banho, já irão trazer uma bandeja com um caldo e pão.
— Agradeço.
— Vou ficar com Claude, ela está bem preocupada com você.
— Ela está bem?
— Sim.
— Posso pedir um favor? 
— Diga.
— Deixe ela dormir aqui essa noite. — peço.
— Porquê?
— Não quero ficar sozinha.
— Vou dizer para ela vir.
Termino de me banhar, tomo o caldo, estava muito bom. Deito na cama puxo a manta até os ombros, escuto a porta sendo aberta e depois fechada.
Claude se deita ao meu lado, ela me abraça, e chora.
— Desculpe por correr, se eu não tivesse saído correndo você não teria se perdido.
— Estou bem.
— Mas eu pensei… pensei que você não iria aparecer.
— Estou aqui.
— Nunca me deixe. — ela pede baixinho.
— Jamais.
Claude dorme agarrada ao meu pescoço, sua respiração tranquila me acalma. 
Hoje pensei que nunca mais iria vê-la, imaginei que seria meu fim, mas, ele apareceu. Alexander chegou como um salvador, me resgatando daquela árvore, se não fosse por ele, não sei o que teria acontecido. Tenho uma dívida enorme com ele.
 Meu coração aquece ao pensar em seu rosto, é pensando na sua imagem que pego no sono.

Feita para o MacCabe [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora