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"Eu não sou um anjo bom, não tenho nenhuma aura. Eu cortei minhas asas e fiz minha mãe gritar. Eu sou seu sonho mais sombrio e eles me chamam de diabo.
Meu coração está vazio, então apenas tente e me induza ao mal
Porque Eu vou roubar sua alma, eu vou te comer todinho e não, não há outro caminho para você seguir.
Eles me chamam de diabo e você deveria ter medo, porque vou contar mentiras e rastejar dentro da sua mente, agarrar seus olhos e fazer você ser minha. E eu não terei pressa..
Me chame de diabo e comece a temer. Estou chegando, estou chegando. Então comece a correr, comece a correr.
Eu vou roubar sua alma e eu vou te comer todo, só não há outro caminho..
Eles me chamam de diabo e você deveria ter medo."

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Perdida em meio ao labirinto de corredores e ofegante pelos milhares de degraus que tivera de subir, apoiou-se em seus joelhos.

Não sabia exatamente do que fugia ou do que corria atrás, sequer sabia onde é que se encontrava, nada entre as paredes rochosas e frias lhe era familiar e a paisagem montanhosa e obscura do lado de fora da janela mais próxima, em nada contribuía para se auto localizar, geograficamente ou em quaisquer outros termos em que Ally poderia pensar e cogitar.

Recuperando o fôlego e voltando mais uma vez a correr por entre os extensos corredores frios, enfim algo lhe chamou a atenção.

Uma porta estava entreaberta, o ambiente interno parecia bem iluminado o suficiente para moldar  as duas formas ali presentes.

Um rosnar baixo, o único que lhe soou familiar aos ouvidos, a fez apressar-se ainda mais para alcançar a porta e um grito que não lhe escapou, mas se estancou na garganta, a deixando, mais uma vez, completamente sem ação.

Estava, mais uma vez em estado de choque..

O homem loiro e belo demais para ser um mero mortal, mas que agora jazia morto no chão.

Os olhos azuis dilatados e os lábios abertos, expondo as presas, como se outrora houvesse clamado por alguma ajuda para escapar de seu fim já tão eminente e sem tampouco salvação.

O buraco aberto no peito desnudo expondo claramente a ausência do coração e o rastro pelo chão, a grande poça que se formara, seguia caminho direto ao causador de tal homicídio.

E ela se deliciava com o órgão já pouco pulsante numa das mãos. Seu sorriso tão largo, satisfeito e maldoso como nunca imaginou que pudesse adquirir tal nuance de expressão.

— Lauren... — A voz sussurrada tão surpresa quanto qualquer um ali, veio da porta. E Ally se virou, temendo ser descoberta, e viu ser Karmila.

A deusa tinha as duas mãos no rosto e respirava profunda e repetidas vezes como quem busca por toda a paciência do mundo.

 Oh, Lauren, o quê, por mil demônios, você fez aqui?!  questionou ainda controlada, de modo que até mesmo Ally ousou franzir o cenho em estranheza.

Ainda mais estanho foi a risadinha rouca e divertida que notou sair daquele rosto angelical banhado em sangue.

 Lauren, voc-Ally se encolheu ao  mal conseguir acompanhar a velocidade com a qual ela se ergueu e se aproximou da outra, mas não a atacou.

The Mythological LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora