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A noite anterior passou rápido. Luca e Arthur se enturmaram novamente e torci para que o cabeça oca do meu clã não falasse nada que nos comprometesse ou arranjasse problemas.

A Floresta Queimada ganhou a atenção dos competidores da terra, mas após isso os garotos de Tenebris não quiseram continuar a conversa e ficaram desanimados para falar sobre qualquer outra coisa sobre sua terra natal.

Hoje faremos o teste médico que antecede a primeira prova. Norian disse que são exames simples e não devem levar muito tempo. Após o café da manhã, nosso tutor nos guiou até outro andar da cidade flutuante, descendo alguns metros no elevador de vidro.

Norian nos deixou em uma sala praticamente vazia, se não fosse pelos bancos de ferro escuro dispostos paralelamente no recinto. Ele nos orientou a esperar até que nossos nomes sejam chamados pelo alto falante e então seguirmos para cômodo ao lado.

— Não acredito que vou precisar esperar aqui. — Katlin fala irritada e cruza os braços.

— Você é gente como a gente, princesa. — Arya fala indiferente.

— Hunf. Ser da realeza deveria servir para algo aqui. — Katlin resmunga baixo.

— Realeza? — Indago, confusa.

— O pai dela é um dos conselheiros mais próximos de Andrew. — Arya explica. — E o pai dele é o chefe da polícia do clã.

Arthur vira o rosto para o outro lado.

— Você andou pesquisando bastante sobre nós, sua veneração é tão grande assim? — Katlin sibila.

— Não viaja — Arya rebate.

— E estão dizendo que eu estou aplicando um golpe. — Dou uma risada incrédula. — Se alguém é capaz de fazer isso, essa pessoa seria próxima de Andrew, deveriam estar desconfiando de vocês dois.

— É, só que nós fomos sorteados no tempo certo, não depois que o sorteio já tinha acabado. — Arthur olha para mim, sério. — Você é a intrometida aqui.

Sinto minhas bochechas queimarem de irritação, mas principalmente por saber que Arthur está certo e não tenho contra argumentar.

Suspiro.

Alguns minutos depois Arthur é chamado para o exame. Ele não voltou para a sala antes de Katlin ser chamada também, me deixando sozinha com Arya.

Estou a muito tempo parada e começo a ficar inquieta. Achei que se mantivesse minhas mãos em movimento, conseguiria me controlar, mas não está dando certo.

Meus pés sapateiam pelo chão de metal quebrando o silencio. Foco no tilintar do metálico abaixo dos meus sapatos tentando formar uma música com o som produzido.

— Dá para parar com isso? — Arya pergunta do outro lado da sala. — Esse som está me deixando maluca.

— Desculpe. — Respondo forçando meu corpo a desacelerar o ritmo.

— Você não consegue ficar tanto tempo quieta, não é? — Arya pergunta recostando sua cabeça no metal. — Tudo bem, é muita pressão, eu sei.

— É. — Concordo. — Só que sou sempre assim.

— Como assim? — Ela volta a me olhar.

— Hiperatividade. — Assim que falo me censuro mentalmente. Não deveria estar falando sobre um ponto fraco com outra competidora.

Lembro muito bem do dia em que descobri a hiperatividade. Cassie sempre reclamou da minha falação, já que quando não posso mexer em nada, uso a fala como válvula de escape, mesmo que as vezes meus próprios pensamentos se atropelem.

AscendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora