5

111 17 11
                                    

Desço uma escada em espiral antes de chegar ao chão reto. Há muitas pessoas agitadas aqui em baixo, elas correm de um lado para o outro ajeitando coisas. Quando notam minha presença, todas as pessoas ficam paralisadas. Alguns me olham com curiosidade, ou espanto, já outras me olham com repulsa e raiva.

A algazarra volta e as pessoas retomam suas tarefas. Sinto o entusiasta que abriu a porta para mim em meu encalço e pergunto:

— Porque todos estão tão agitados?

— Porque já está tarde e a senhorita chegou atrasada. Estava prestes a enfartar quando escutei a batida na porta. — Ele passa para minha frente. — Por favor, queira me acompanhar.

Sigo sem questionar. Ele me conduz para uma penteadeira de madeira e me espanto ao ver meu reflexo no espelho. A viagem na Fiorino definitivamente não me fez bem, estou com um aspecto selvagem. Talvez isso explique os olhares espantados assim que cheguei.

— Sente-se, precisamos prepara-la e orienta-la. — O homem diz.

— Me preparar para o que? — Sento na cadeira à frente do espelho.

— Hoje, mais especificadamente daqui a meia hora, os participantes serão levados para a sala de gravação. — Ele olha para trás de mim e estala os dedos chamando alguém.

Uma mulher loira e um homem de cabelo preto surgem ao meu lado.

— Você. — Ele aponta para a mulher. — Dê um jeito no cabelo dela, mal consigo ver os nós sem ter agonia! Já Julius, reviste a bagagem dela.

— EI! — Tento sair da cadeira mas a mulher me segura nela e Julius arranca minha bagagem das minhas mãos.

Ele esparrama tudo no chão e começa a olhar tudo. Revira qualquer coisa que esteja à sua frente, além de bagunçar todas as minhas ferramentas. Me seguro para não voar no pescoço de Julius agora mesmo.

— Na gravação de hoje você deve falar um breve resumo sobre você, como: nome, idade, clã, hobbies e algum fato interessante que acha bom as pessoas saberem. — Ele anda de um lado para o outro enquanto fala. — É melhor que faça um bom trabalho. Esse vídeo será exibido para todos os clãs e meu nome vai estar em jogo também porque sou seu responsável até que esse maldito vídeo seja gravado!

Não falo nada, ainda estou concentrada em Julius revirando minhas ferramentas e guardando-as de forma bagunçada. Nunca se deve bagunçar as ferramentas de uma garota! Mesmo assim consigo imaginas a cena: "Olá, sou Mina Martins, tenho 15 anos, venho do Clã de Fogo e meu hobbie é inventar e concertar coisas". Isso soa tão patético que preciso segurar o meu riso.

A meia hora passa rápida demais entra puxões de cabelo. Para conseguirem desembaraçar o ninho de passarinho na minha cabeça foi preciso a ajuda de mais duas mulheres além da loira. Depois disso, o lavaram e secaram. Quiseram tirar meu óculos de aviador para a gravação mas insisti tanto em permanecer com ele que desistiram de tira-lo.

Como o meu responsável não gostou de nenhuma das roupas que trouxe, ele improvisou uma camisa amarelo mostarda muito maior do que eu e uma calça leggin preta.

Chego a fila de espera para a gravação e automaticamente sinto vergonha do que estou vestindo.

O primeiro menino da fila, deduzo que seja Arthur, está usando um terno branco com detalhes estratégicos em dourado. A garota atrás dele, deve ser Katlin, está com um vestido longo todo dourado e cheio de glitter, ela parece uma estrela cadente.

A garota da minha frente, Arya, está com um vestido mais simples e mais curto também, ele bate em seus joelhos. É vermelho como fogo e tem algumas partes em laranja e vinho. Do lado esquerdo do seu peito há um broche com uma fênix envolta pelo mesmo círculo de fogo que também envolve o símbolo da minha vila.

AscendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora