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Não, ele não conseguiu abaixar a mão.

Poucos segundos, mílessimos de segundos, uma mão de sombra e escuridão se materializa envolta do pulso de Luca, agarrando-o com firmeza e impedindo seu movimento.

Surpresa transparece nos olhar do garoto, mas ele não se deixa abater pelo inesperado. Luca se vira, enfurecido, na direção do seu novo oponente. Emergindo da sombra dos pinheiros, Simba caminha para fora do seu esconderijo, manipulando seu Patrono, uma escuridão sólida como concreto que emana dele.

Luca ergue seu outro braço e abaixa-o com rapidez, lançando todo o seu arsenal na direção de Simba. As sombras que emanam dele retornam para perto do seu corpo e o cobrem da cabeça aos pés, quando elas se dissipam, Simba não está mais lá.

Luca observa o arredor enfurecido, atirando pedras em toda misera sombra que localiza. Da sombra de um dos pinheiros as costas de Luca, outra sombra se materializa, ágil e flexivel como um chicote, mas densa. Como uma corda, a sombra atinge as canelas de Luca com força e ele cai com os cotovelos no chão.

Ele assopra o cabelo do rosto, irritado, e ergue uma das mãos, disparando todo o seu arsenal na direção do ataque da sombra. Luca levanta imediatamente, se concentrando para não perder o controle do seu Patrono e acumulando seu poder novamente em suas veias, enquanto caminha na direção do seu inimigo.

Distraído pela sua fúria, Luca não percebe quando Simba se materializa atrás de mim.

— O quê...?

— Some daqui. — Simba fala sem qualquer simpatia. — Essa luta não é sua.

Seus olhos penetram os meus, transmitindo a urgência em suas palavras. Não há nada daquele garoto gentil que conheci no jantar, seu semblante é duro como uma rocha.

— Essa luta é minha. — Falo baixo, me achando idiota por pensar nisso nessa situação.

Provoquei Luca naquele dia, a luta é minha, a culpa dessa situação é minha. Mesmo que eu morra, essas são as consequências das minhas ações, da minha boca grande que não consegue ficar fechada.

— E tem ido bem até agora? — Simba limpa o suor da testa. — Levanta, e vai embora. Se você não ter força para enfrentar um oponente de frente, você procura outro jeito.

— Mas se... — Quero falar que se deixa-lo cuidar de Luca, não estarei procurando outro jeito de enfrenta-lo, estarei fugindo, estarei afirmando tudo o que Luca disse sobre mim. Apavorada como uma raposa na frente de um urso.

Simba balança a cabeça, rejeitando minhas palavras. Seu semblante duro reforçando que esse é seu último aviso.

— Vai embora.

Luca, que estivera todo esse tempo atirando pedras e procurando Simba no meio das sombras dos pinheiros, finalmente se dá conta da presença do seu oponente ao meu lado. Ele sorri com o canto da boca, sarcástico, perigoso e ácido.

— Resolveu praticar caridade agora, Simba? — Luca fala irado e completamente fora de si.

— Vai! — Ordena Simba entre dentes.

Levanto do chão cambaleando, apesar dos tremores terem reduzido drasticamente. Corro da melhor forma que consigo para a porta a Leste.

Atrás de mim, ouço Simba e Luca continuarem seu duelo. Não olho para trás antes de fechar a porta e sair em disparada pelo corredor, ansiando obter a maior distância possível daquele lugar.

Não permaneço mais do que dois minutos nos próximos quadrados, somente o tempo necessário para apanhar as chaves, caso tenha alguma, verificar o leste e correr para a próxima porta.

AscendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora