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Assim que atravessei a porta, luzes fracas iluminaram o ambiente, cercando a junção entre o chão e as paredes, projetando luz para o teto. A porta se fecha e nenhum resquício do limite da sua divisão e extremidades é visível. Parece que sequer existe uma porta em algum lugar daquela parede.

Estou em uma sala totalmente branca, sem relevo ou móveis.

Apoio as costas em uma das paredes lisas e escorrego até o solo. Os músculos das minhas pernas queimam e doem a cada contração e fazer qualquer esforço parece uma tortura. Exigi demais do meu corpo nos últimos minutos. Meus pés ardem e tenho certeza que estarão com bolhas mais tarde. Não há água ou outro líquido que possa matar minha sede, então me contento com o frescor que a parede gelada passa para minha pele.

Enquanto espero que algo aconteça, foco em descansar da melhor maneira que consigo. Não tenho pistas da próxima fase, preciso me preparar para qualquer coisa.

Vários minutos se passam e, mesmo dolorida, já estou mais descansada quando uma tela luminosa acende na parede oposta a que estou encostada.

Ergo a cabeça imediatamente.

Na tela, o rosto de um ou uma mascarada surge. Ele se posiciona no centro da câmera, os ombros em paralelo e com os cotovelos apoiados em uma mesinha de metal. Sua voz sai distorcida e alegre quando fala:

— Parabéns! Vocês concluíram a primeira etapa da fase um! Como sabem, nesta edição optamos por dividir a primeira prova em duas etapas. Agora vocês são quatorze competidores — imagino que esteja se referindo aos dois eliminados — começaremos os protocolos para a segunda etapa. Afastem-se do centro.

Não tinha descolado da parede, então não corro perigo quando um quadrado subitamente se abre no centro da sala, levando a um grande espaço escuro e vazio.

Dou alguns passos cautelosos e hesitantes para a frente. Do interior escuro do buraco infinito, uma plataforma branca é erguida até se encaixar perfeitamente no vazio recém aberto, substituindo o chão. A plataforma é dividida em quadrados iguais e simétricos, seis por seis, um tabuleiro.

Quando a plataforma estagna, a tela do mascarado muda.

— Vamos jogar "A Imperatriz da Meia-Noite"!

A Imperatriz da Meia-Noite. Não acredito que realmente jogaremos isso.

É um jogo comum entre as crianças, mesmo as da minha vila. Não existe uma única criança que não conheça esse jogo lá. A maioria de nós, e na maior parte do tempo, fica sobre os cuidados de parentes idosos, que foram impossibilitados de continuar trabalhando ou de irmãos mais velhos que ainda não foram chamados ao trabalho, como Cassie. Então quando você tem seus oito até os doze anos, é bem fácil fugir de casa por algumas horas e ficar jogando com seus amigos esse tipo de bobeira.

Uma das poucas diversões.

— Vocês devem conhecer esses emblemas — eles surgem na tela — seu objetivo é derrotar o Rei se movimentando pelo tabuleiro como a Imperatriz antes que a meia-noite passe. Cinco minutos a mais e o Rei vence. Vocês tem três chances caso percam, e o tempo máximo para completar a prova é de trinta minutos. Os eliminados serão os que não conseguirem completar o jogo no tempo estipulado ou estiverem impossibilitados de continuar. Comecem.

Certo, isso vai ser complicado. Apesar de ter jogado A Imperatriz durante a infância, não me lembro de todos os detalhes, regras e truques do jogo e mais nenhuma informação será acrescentada, mas de uma coisa me lembro com toda certeza, é um jogo com três personagens importantíssimos: a Imperatriz, o Rei e o Mediador.

O Mediador não é um jogador no tabuleiro, ele é o que cronometra o tempo. A Imperatriz da meia noite é um jogo com uma história por trás, por isso a marcação das horas, mesmo que simbólicas, são muito importantes.

AscendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora