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Acordo com Norian batendo na porta, como em todos os dias.

— O que você quer? — Resmungo com o cobertor pesado sobre a cabeça, abafando o som da minha voz.

Tento tirar o cobertor do rosto e abrir os olhos, mas a claridade, que entra pela janela atrás da minha cama e pela claraboia, agridem meus olhos e embaralham minha vista. Desisto.

Demorei para conseguir dormir na noite anterior. Fiquei acordada até tarde teorizando sobre o fugitivo, o autor do bilhete e o objetivo que Sasha havia cumprido.

Norian bate na porta, com mais força e insistência.

— Você tem cinco minutos para se arrumar e mais quinze para tomar café. — Ele declara — sua roupa está pendurada na maçaneta da porta.

— Porque só cinco? — Resmungo sonolenta. Minha cabeça lateja.

— Por que a primeira prova vai começar em meia hora. — Norian fala e escuto seus passos se afastando da porta.

Arregalo os olhos.

Imediatamente salto da cama, jogando os cobertores para longe.

Estive tão preocupada e curiosa com os eventos do dia anterior que esqueci completamente do início do Torneio, mas agora toda a pressão e ansiedade me atingem de uma única vez como um golpe fatal no estomago.

Giro a maçaneta, abrindo apenas uma fresta da porta, estico a mão pelo vão e apanho a roupa a qual Norian mencionou. Tranco a porta novamente.

Retiro as roupas de dormir em poucos segundos, deixando tudo largado pelo chão. Visto as novas roupas — uma camisa regata e uma calça legging pescador, ambas são pretas com detalhes em vermelho sangue nas laterais, há um grande número 4 nas costas da camisa.

Escovo os dentes apressada e saio do dormitório sem demora.

O frio da manhã gela minha pele sem dó nem piedade. As pedras que compõem o caminho para o jardim comunal estão úmidas e ainda há gotículas cristalinas de água na grama e nas folhas da vegetação. Raios tímidos de sol, mas quentes, atravessam por pontos em que a neblina está enfraquecida.

O jardim comunal está estranhamente vazio. Não vejo Norian em lugar nenhum, mas há comida sobre a mesa. Faço minha refeição rapidamente. Tento engolir o máximo de frutas que consigo buscando uma maior produção de energia saudável no meu corpo.

Infelizmente a ansiedade pela espera da primeira prova dificulta minha alimentação e meu estomago se recusa a digerir grandes quantidades de comida.

— Você precisa de mais alguma coisa? — Aithne surgiu alguns minutos depois com outro cozinheiro em seu encalço.

O cozinheiro que acompanha Aithne sibila quando me vê. Seu olhar varia de nojo, medo e desprezo.

— Não, estava tudo ótimo.

— Você quase não comeu nada. — Aithne comenta enquanto ele e o outro cozinheiro recolhem a comida da mesa.

— Aithne, não converse com essa...garota. — O outro cozinheiro adverte, se contendo para não me chamar de raposa ou algo pior. Ele apanha os pratos sujos e coloca em uma bandeja.

— Pare com isso, Jonas. Ela é uma competidora, foi sorteada por Kepler e merece nosso respeito como qualquer outro. — Aithne fala sem olhar para mim, focando excessivamente na sua tarefa de recolher as frutas.

Jonas bufa, irritado, continuando seu trabalho.

— Vamos embora. — Jonas fala assim que eles acabam, já empurrando o carrinho para fora do jardim comunal.

AscendenteOnde histórias criam vida. Descubra agora