capítulo seis

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São em momentos como este que eu me pego pensando no dia em que o Carlos disse que queria uma "irmã normal" porque uma pessoa normal não ficaria tranquila com um garoto dormindo na própria cama, ou melhor, um fantasma. Mas no meu caso, isso não me surpreende mais.

O Luke parecia tão tranquilo dormindo, ele estava num sono tão profundo, parecia que ele não dormia assim há dias, isso é preocupante porque.... Ou não, não sei como o organismo de um fantasma funciona, ou se funciona. Mas ao julgar pela cara de cansado, acredito que cansaço eles sentem.

Eu não conseguia parar de olha-lo, ou talvez eu não queria parar!? Isso é tão confuso.

Por que eu não gosto de uma pessoa viva como alguem normal?

Me perguntei mentalmente tentando não me julgar por suprir sentimentos por um fantasma e sem que eu perceba, eu já estava sentada ao seu lado na cama.

Era como se uma força surreal sempre me puxasse pra perto dele, como um imã, algo sempre nos aproximava.

Quase que por impulso, afasto um pouco do cabelo que estava caindo em seu rosto.

Meu Deus, como é estranho sentir ele...

Era realmente estranho, mas eu, com certeza, me acostumaria muito rápido com isso.

O Luke com certeza fazia o tipo "líder de boy band" que tinha varias garotas no pé, mas não gostava de nenhuma.

Como deve ter sido quando eles estavam vivos?

Essa nova fase que estamos vivendo nesse "relacionamento complicado" que nós temos, me fez pensar em quantas coisas seriam diferentes caso eles não tivessem morrido.

Talvez nunca tivéssemos nos conhecido, ou ele teria envelhecido e como a mamãe era amiga do Trevor, provavelmente eles seriam amigos também? Aliás, minha mãe conhecia a Sunset Curve por algum motivo e eu nunca perguntei se eles lembravam dela.

Eu estava tão perdida em vários pensamentos que nem percebi que ainda estava mexendo no cabelo do Luke e que o mesmo ja não estava mais dormindo, e sim, me olhando com aquela cara de bobão de sempre, mas um bobão com sono.

Minhas bochechas queimaram, queria poder cavar um buraco e me enfiar dentro, um buraco fundo o suficiente pra eu sair do outro lado do mundo.

Não precisa parar. Eu posso fingir que estou dormindo pra ser menos embaraçoso pra você! — Eu sabia que a piada era só pra quebrar o clima que eu insisto em criar sempre que coisas assim acontecem.

— Na verdade.... Bom.... Eu estava apenas.... — Eu não conseguia nem inventar uma desculpa, qualquer coisa que eu pense em dizer parece absurda.

— Relaxa, Julie. Eu não queria que ficasse esse clima. — Ele sorriu fraco e mantive meu olhar em um ponto fixo qualquer que não fosse nele. — Mas faz 25 anos que não tenho contato com alguem que eu realmente gosto de estar perto e que não seja os meninos, claro. — Aquela frase ficou vagando pela minha cabeça. O Luke estava falando da Emily ou ele realmente ja se apaixonou por alguma garota? Sera que ele tinha uma crush naquela época?

De qualquer forma, tentei fazer o que ele havia dito, me colocar no lugar dele, e deve ter sido triste passar 25 anos sem contato com outras pessoas, pelo que o Alex disse, não foi fácil.

Sem querer deixei escapar um sorriso fraco, ele tinha razão, eu ficaria menos zangada se me colocasse no lugar deles as vezes.

Finalmente tive coragem de olha-lo nos olhos. Ele ainda estava deitado.

Julie And The Phantoms: This Band Is Back (EM HIATUS PARA ALGUMAS ALTERAÇÕES)Onde histórias criam vida. Descubra agora