point of view; rose béchade.
turim, Itália.Era uma manhã fria de dezembro, os relógios marcavam oito e meia da manhã. Eu observava pela janela do carro as ruas molhadas pelo enorme temporal que caía árduamente, enquanto adentrava o portão de um lugar belíssimo.
— Apresse os passos, garota! Você não está em um desfile. - Esbravejou Eliz, oficial encarregada de cuidar de mim. Puxando-me para fora do veículo. Respirei fundo e enfiei minhas mãos no bolso do casaco, apertando os passos no esforço de fugir do vento cruel que acompanhava a tempestade.
— Olá, sejam bem vindas ao internato Starim. Como posso ajudar? - Isabel, como dizia seu crachá, nos observava atentamente, com um sorriso simpático nos lábios.
— Bom dia. Quero falar com o dono do local. - A oficial mostrou seu distintivo e um papel extra, uma carta. Àquela altura a mulher já havia aderido uma expressão confusa pela situação, todavia concordou.
— Tudo bem, levarei vocês. - Eliz puxou a minha mão pelos vastos corredores, eu admirava todos os pequenos detalhes daquele enorme prédio, o qual, na minha cabeça, parecia o castelo que via nos filmes de princesas.
Isabel tomou a frente e deu leves batidas na porta dupla de madeira, onde em breves segundos foi aberta por dois seguranças.
— Bom dia, senhor Drewey. Essa oficial queria lhe ver, parece ser importante. Com licença. - A loira não demorou para se retirar, na intenção de não ser incoveniente com seu chefe. As portas foram novamente fechadas e um homem alto de cabelos pretos se fez de pé em frente a nós, expressando confusão em sua face.
— Bom dia, oficial. A que devo sua visita?
— Os pais dessa menina sofreram um acidente na noite passada e vieram a falecer. E hoje encontramos essa carta escrita pelo pai, onde dizia que caso acontecesse algo com eles, deveríamos procurar você. Também achamos um documento de guarda junto a carta, onde diz que você é o novo tutor legal de Rose Béchade.
— Ela é filha de Leslie e Monte Béchade? - Desply gaguejou, sentindo o ar faltar em seus pulmões ao se lembrar dos seus velhos amigos. Eliz concordou e o homem respirou fundo, agachando-se na minha frente. — Tudo bem então, oficial. Eu sei do que se trata, cuidarei dela. - Ela pôs sua mão sobre a minha cabeça, bagunçando meus fios. Acenou brevemente e se retirou, deixando-os a sós.
— Eu vou morar aqui agora? - Depois de alguns minutos de silêncio, minha voz se fez presente, chamando sua atenção. Eu encarava tudo com curiosidade, querendo que a resposta que o homem me desse fosse um sim.
— Você vai morar aqui e vai ter muitos amigos, muitos mesmo. - Drewey riu enquanto se levantava, pegando a minha mão e levando-me até um sofá posto no canto do cômodo.
— Qual é seu nome? - Indaguei, curiosa. Balançando meus pés enquanto encarava-o.
— Carter, mas pode me chamar como preferir. - Ele sorriu abertamente, exibindo seus dentes brancos.
— Meu pai já havia me mostrado fotos suas, falava que você era meu tio. Então vou te chamar de tio.
— Quantos anos você tem, Rose?
— Faço nove anos daqui dois dias! - Abri um enorme sorriso, animada com o assunto.
— Faremos uma festa para você então, o que acha? - Após saltitar de felicidade, acompanhei Carter em uma risada. — Vamos lá, vou te apresentar ao seu novo lar.
um ano depois.
— Vamos lá, Rose. Os novos alunos chegarão hoje, não quer conhecê-los? - Bufei, negando com a cabeça. — Por que está assim?— Ano passado não foram legais comigo. - Choraminguei, cabisbaixa.
— Mas esse ano será diferente, tenho certeza que fará amigos. - Ele me abraçou, na tentativa de passar conforto. — Não ligue para os comentários maldosos.
Concordei, relutante, mas concordei. Ele se retirou do quarto, deixando-me sozinha para que pudesse me arrumar. Assim como no ano anterior, coloquei meu melhor vestido e meus sapatos mais bonitos, queria passar uma boa impressão para meus novos colegas.
Desci correndo as escadas em direção a porta principal, ficando de pé ao lado de Carter, que sorriu ao me ver.
Algumas crianças já passavam pelo portão acompanhadas dos seus responsáveis. Haviam poucos alunos novos, a maioria já estavam ali no ano anterior e nem ao menos sorriram para mim quando passaram ao meu lado. Suspirei, entristecida. Assim que Carter ficou ocupado conversando com um pai, saí correndo para o lago, o lugar que eu mais gostava de ficar.
Peguei algumas pedrinhas e me sentei sobre o balanço que havia de frente pra água, começando a joga-las.
— Oi. - Saí dos meus devaneios após outra voz se fazer presente ao meu lado. Um garoto loiro, usando vestes caras e chiques com os cabelos devidamente arrumados para trás, como um pequeno topete. — Posso brincar com você?
— Ah, claro. - Cheguei para o lado, dando espaço para que ele se sentasse no balanço. Pus algumas pedras na sua mão e voltei a taca-las na água.
— Meu nome é Justin, e o seu? - Indagou, jogando sua última pedra no lago, a qual quicou duas vezes antes de afundar.
— Rose. - Sorri, jogando minha última pedra, que quicou quatro vezes antes de afundar, fazendo-o esbugalhar os olhos.
— Você é muito boa nisso, Rose. - Disse risonho, virando seu rosto na minha direção. — E muito bonita também. - Engoli a seco, soltando uma risada. Senti minhas bochechas queimarem e o encarei, o mesmo sorria abertamente.
— Eu tive bastante tempo livre para treinar isso. E ah, muito obrigada, Justin. Você também é muito bonito. - Gaguejei, desviando o olhar do dele. Fazendo-o rir.
— Espero que você tenha um tempo sobrando pra ser minha amiga. Sabe, não quero ficar sozinho no meu primeiro dia.
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The Boarding School
FanfictionVocê sempre foi tão boa, Rose. O mundo nunca esteve ao seu favor, mas nada tirava o sorriso do seu rosto e o brilho dos seus olhos. Você sempre pareceu ser intocável, como se nada pudesse te abalar. E eu admiro isso, de verdade. Mas, infelizmente, h...