explosion

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xSave me from my rocking boat
I just want to stay afloat
I'm all alone
And I hope, I hope
Someone's gonna take me home.x

point of view; rose béchade
turim, Itália.

Saí do show de talentos.

Aquilo definitivamente não estava dando certo. Apenas a ideia de estar perto dele me aterrorizava, era impossível olha-lo sem lembrar daquela cena que presenciei dias atrás.

Fora que, além de tudo, o professor de música havia inventado que ele escolheria o que nós iríamos cantar, como iríamos cantar e como seriam os ensaios dali pra frente. Eu não poderia cantar a música que estava compondo, sendo que era exatamente por esse motivo que eu queria entrar no concurso.

Foi fácil, na verdade. Apenas um pouco de choro e um breve desabafo falando que ainda estava triste e constrangida pelo ocorrido do ano passado bastaram pro professor me olhar com aquela mesma expressão de pena que todos olham e me deixar sair.

Estou bem com a ideia, pois agora posso me dedicar totalmente a aula de artes. Já estou pintando um quadro novo e me corroendo de ansiedade para apresentá-lo na próxima aula.

Mas mal consigo focar nisso, visto que ando irritada demais nos últimos dias. Estou borbulhando de raiva daquele idiota e ainda mais frustrada comigo mesma por ter sido tão otaria. Como eu me deixei levar tanto? Argh!

Justin tentou se comunicar comigo todos os dias dessa semana. Através dos seus amigos, mandando bilhetinhos pedindo para que eu o encontrasse e até jogando pedrinhas na minha janela de noite. Mas eu o ignorei completamente, estou agindo como se ele não existisse.

Mesmo que eu esteja destruída por dentro.

Observei o corredor vazio e suspirei cansada, havia chegado cedo demais pra aula de química. Serena foi pra uma reunião com as líderes de manhã e disse que me encontraria na aula, fiquei tão entediada no quarto que resolvi me arrumar logo e vir pra cá.

Ajeitei os cadernos no braço e caminhei até a porta, pus a mão na maçaneta e girei rapidamente, mas fui pega de surpresa com um forte impacto contra o meu corpo, o qual me lançou com brutalidade contra os armários do corredor.

Minha cabeça latejava e meus olhos ardiam, algumas partes de dentro da sala de química estavam pegando fogo agora. Tudo estava girando a minha volta e pude sentir um gosto amargo na boca, acho que um dos cadernos bateu no meu lábio quando caí.

— Merda, quem é você? - Ouvi alguém se aproximar e sua voz ecoou dezenas de vezes na minha cabeça, não conseguia focar em seu rosto.

— Ela é a filha do diretor, cara. A gente tá fodido!

— Precisamos levá-la pra enfermaria. - Uma mão encostou no meu ombro, mas foi rapidamente tirada dali.

— Enlouqueceu? Precisamos dar o fora daqui antes que a culpa disso caia na gente. Eu avisei pro Daniel que ia dar errado! - Ouvi mais alguns resmungos e passos apressados se afastaram dali.

Mesmo com a visão turva conseguia observar o fogo engolindo as cortinas da sala de química, ele se alastrava mais a cada segundo por conta da quantidade de produtos inflamáveis que estavam por todos os lados.

Eu estava desesperada, podia sentir minha respiração acelerada e meu corpo trêmulo. Completamente apavorada, não conseguia conter meu nervosismo.

Segundos depois o alarme de incêndio foi ligado, piorando drasticamente a dor na minha cabeça. Os sprinklers foram acionados e pessoas começaram a aparecer nos corredores, a maioria alunos, já que os professores ficam em uma outra ala mais distante.

— Caralho, o que aconteceu aqui? - Ouvi uma garota dizer e pisquei algumas vezes na sua direção, tentando identifica-la. — Meu Deus, alguém leva ela pra enfermaria!

— Rose, você tá me ouvindo? - Pisquei algumas vezes e senti minha visão se suavizar, apesar de ainda estar um pouco embaçada. Mas só agora que eu conseguia enxergar melhor o que estava acontecendo, pude perceber a enorme movimentação a minha volta. Havia um incessante falatório por pessoas que eu não conseguia identificar com clareza, enquanto Aaron estava abaixado ao meu lado, parecendo me examinar. Um grupo de pessoas de reuniu ao meu redor enquanto um garoto tentava usar o extintor de incêndio.

— A cabeça dela tá sangrando! - Uma das garotas do grupo exclamou, aterrorizada. — Será que o fogo também chegou na enfermaria?

— Acho que não, mas a fumaça com certeza sim. Vou levá-la lá pra fora, arrumem um jeito de chamar a ambulância. - Aaron me envolveu em seus braços e me tirou do chão, ergui minha mão até a parte de trás da cabeça e pude sentir o corte, observei meus dedos cobertos de sangue e senti a bile subir na minha garganta. Eu não lido bem com isso. — Vai ficar tudo bem, não aconteceu nada. Estou cuidando de você. - Ele murmurou carinhoso, na tentativa de me passar confiança. — Estou sempre cuidando de você, belle.

Belle? Como ele sabia disso?

Tentei encara-lo para perguntar, mas minha cabeça latejava como o inferno. Isso teria que ficar pra depois.

— O que houve com ela? O que houve lá em cima? - Meu tutor - e diretor do colégio - correu até nós. Ele e os outros professores estavam vindo na direção do nosso prédio.

— A sala de química está pegando fogo, e acho que algo explodiu quando ela estava perto. Ninguém viu nada.

— Eu vou ligar pra ambulância, fique com ela aqui no pátio. Lise, veja se pode fazer algo. - Ele chamou a enfermeira que estava dentre os professores e ela assentiu, se aproximando de mim. Aaron me pôs deitada no banco acolchoado da parte coberta no jardim.

— Preciso que fale comigo, Rose. Consegue me ver? - Assenti. — Me dê um pedaço de pano, preciso pressionar o ferimento. - Aaron entregou de prontidão sua camiseta. Ficando apenas com a regata que usava por baixo. Lise enfaixou o corte e manteve sua mão na parte de trás. — Talvez você precise levar alguns pontos, querida. Mas vai ficar tudo bem. Preciso que fique acordada.

— Ela está fechando os olhos. Não faça isso, Rose! - Aaron se abaixou ao meu lado, ficando próximo o bastante pra acariciar meu rosto.

Ele continuava falando e falando, provavelmente tentando me manter acordada, mas eu não pude evitar de fechar os olhos. Eu me sentia quente, talvez um pouco febril. Estava nervosa, tanto que ainda tremia.

As últimas coisas que ouvi foi alguém gritando meu nome e o barulho da sirene da ambulância, mas apaguei em meio ao delírio.

The Boarding SchoolOnde histórias criam vida. Descubra agora