Capítulo 6

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POV Sarah Andrade

Minhas mãos estavam suadas no volante, minha respiração estava acelerada. Olhei pro velocímetro que marcava 180KM/H. Era provavelmente o mesmo número de batidas que meu coração estava por segundo.

Senti uma gota de suor frio escorrer pela minha testa enquanto do lado de fora a cidade passava como um borrão. Eu conseguia ouvir as sirenes logo atrás de mim.

Caio tinha escolhido um péssimo lugar pra corrida que eu e Bianca iríamos participar hoje. O que nos deixou nessa situação. 

O fato era que eu não estava nenhum pouco assustada de estar sendo perseguida pela polícia do Rio. A adrenalina era mil vezes maior do que qualquer outro racha sem graça que eu já havia disputado. Essa era uma situação do tipo "correr ou morrer" e isso me deixava animada pra caralho!

Eu sei. É estranho alguém estar animado por fugir da polícia. Mas ninguém que nunca sentiu na pele vai entender essa sensação.

Olhei pelo retrovisor e vi os carros de Lucas e Bianca logo atrás de mim. Atrás delas estavam os dois últimos carros de policia que haviam conseguido nos acompanhar.

Estávamos tentando escapar da vista deles fazendo zigue-zague pelo transito, desviando dos carros populares que passavam a 50km/h na rua. Esse era meu parque de diversões e não havia nada melhor que isso.

Ouvi meu celular tocando e o visor no painel do carro piscando com o nome do Lucas e da Bianca. Era uma conferência entre nós três. Atendi colocando no viva-voz.

— O desgraçado do policial bateu na minha traseira! — a voz de Bia soou irritada me deixando com vontade de rir.


— Precisamos sair daqui. — falei sem tirar a atenção da estrada. Cada carro que eu ultrapassava era uma buzina no meu ouvido.

— Eu tenho um plano, mas vocês vão ter que ter coragem. E eu stou falando de você, Bianca. — A voz de Lucas soou divertida.

— Vai se foder, Lucas!

— Manda a ver, Lu. — disse tentando conter minha animação e encerrei a ligação.

Olhei pelo retrovisor pra ver o que ele faria, e ele momento em que ele ligou o nitro do carro. As chamas azuis saíram do escapamento e ele passou por mim como um borrão.


Não fiquei pra trás e logo liguei o meu, sentindo meu carro ganhar uma carga a mais de velocidade que fez meu corpo tremer e minha cabeça colar no banco. Eu amava isso!


Eu não sabia o que ele ia fazer, mas a adrenalina de estar sendo perseguida fazia com que eu não me importasse com o que estava por vir.

Os dois carros de policia não ficaram pra trás. Um deles estava quase do meu lado e outro logo atrás de Bianca. Lucas estava na frente abrindo caminho entre os carros na rua  enquanto seguíamos ele.


Meus olhos estavam focados na traseira do Audi de Lucas quando ele fez uma curva de 90° entrando na estradinha de terra vazia que ia para alto da floresta que ficava atras de casa.

Joguei meu carro para a esquerda ouvindo os pneus cantarem, troquei a marchar sem nem tirar o pé do acelerador e acelerei seguindo Lucas. Olhei pra trás preocupada com Bianca, mas ela tinha feito uma curva perfeita.


Os policiais estavam mais longe mas ainda estavam na nossa cola. Eu não entendia como ainda não conseguimos despistar eles. Pareciam quase que treinados para perseguir corredores.

Estávamos chegando no alto da floresta quando olhei para Bia pelo retrovisor. Ela estavam com os olhos arregalados olhando pra mim, me fazendo estranhar.

Voltei a olhar pra frente e meu queixo quase caiu em descrença. Lucas havia jogado seu carro pra dentro da floresta. Mas que merda de plano era esse?! Não tive tempo de pensar e joguei meu carro pro lado seguindo a louco do meu irmão.


Eu nunca tinha feito isso antes. Meu coração estava disparado enquanto tentava desviar das milhares de árvores na minha frente.

Essa estranhamente era a melhor sensação da minha vida, e a melhor parte era que os polícias haviam ficado lá em cima.

[...]

— Essa foi nossa última corrida de madrugada. Nunca mais quero fazer isso! — Bianca disse ofegante assim que entramos na cozinha.

— Fala sério Bia. Fugir de policiais é a melhor parte. — Lucas disse despreocupado, abrindo a geladeira e pegando leite.


— Melhor parte?! Eu estava com o cu na mão! Que ideia estupida foi aquela? — ela disse pro Lucas.

— Era isso ou ser pega, o que você queria?

— Já chega! — eu disse ainda extasiada.

— Eu sei que você gostou. — Lu disse me provocando, me fazendo rir. Era óbvio que eu tinha gostado.

— Vocês são loucos! — Bia bufou alto.

— Relaxa, Caio prometeu que vai cuidar disso da próxima vez. Agora vamos dormir e nada de falar sobre isso pra ninguém. — avisei subindo pro meu quarto.

[...]

Duas semanas se passaram desde a perseguição.

Em duas semanas, Adam arranjou mais corridas para nós três do que nos meses passados. Lucas e Bianca estavam ganhando praticamente todas, o que não era pra menos já que eram Andrade.

O ciclo tinha agora um patrocinador anônimo que só Caio conhecia. Isso gerou mais dinheiro pros ganhadores, e mais gente querendo correr.


Estava cada vez mais difícil esconder dos Freires nossa "vida dupla" desde que Juliette começou a fazer perguntas muito estranhas. Mesmo assim decidimos que não era hora de contar.

Desde o primeiro dia de aula, eu e Juliette não nos falamos diretamente, mas quando estávamos em grupo ela fazia algumas perguntas esquisitas, e eu não entendia nada. Fora isso, ela parecia querer me evitar completamente. Desde que ela assumiu namoro com Bárbara há uns dias atrás, ela não sentava mais com a gente no intervalo.

O namoro das duas me assustava, mas não era como se eu pudesse fazer alguma coisa. Eu não poderia simplesmente mandar ela terminar com Bárbara, Juliette jamais faria isso. Ela nem me levaria a sério.

Que Juliette não gostava de mim eu já sabia, mas, desde Bárbara, ela parece me odiar intensamente, e eu nem sabia o por que. Cheguei à conclusão que isso era tudo culpa de Bárbara, mas resolvi que não deixaria Juliette ser a nova Lizza e comecei vigiar as duas secretamente.

O fato era que eu me importava suficientemente com Juliette pra querer ela bem, mas às vezes eu tinha vontade de simplesmente deixá-la se fuder. Ela era tão cabeça dura que me irritava.

Di sumiu da escola desde a briga com Bianca, o que eu agradeci já que não precisaria me preocupar com Rafa, mas ela parecia nem se importava com o sumiço do homem já que tinha um namorado na Paraíba.

Eu não sabia o que faria a respeito sobre Juliette, talvez eu devesse me aproximar aos poucos e tentar, sei lá, uma amizade. Mas primeiro eu precisaria descobrir o que fiz de tão ruim pra ela me odiar tanto.

Street Racer - sarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora