Pov Juliette Freire
Estava encostada no nosso carro, no estacionamento da escola, junto com meus irmãos e os Andrades esperando Thaís e Carla quando a Bárbara se aproximou.
— Olá. — ela cumprimentou sem jeito.
— Oi! — Gil e Rafa cumprimentaram simpáticos.
Nenhum dos Andrade respondeu. Estavam todos de cara fechada.
— Então, Juli, podemos ir agora? Eu sei que seria só mais tarde, mas achei legal irmos agora. — ela perguntou sem graça.
— Claro! — respondi sorrindo.
— Pode deixar que eu levo ela pra casa em segurança. — Bárbara disse à minhas irmãs e meu irmão que assentiram simpáticos. Ouvi Sarah bufar debochada assim que ouviu a frase.
Puxei Bárbara pela mão e fomos caminhando até seu carro. Senti o olhar de Sarah me queimar e me virei pra encara aquelas orbes verdes, fodidamente sexys, que estava num tom escuro. Se pudesse matar com o olhar, Sarah já teria me matado.
Voltei a olhar pra frente, segurando na mão de Bárbara e fomos caminhando até seu carro.
O caminho até a sorveteria foi tranquilo. Bárbara tinha ligado o rádio em uma estação qualquer e as vezes até cantarolava a música que estava tocando, enquanto eu a admirava.
Minha mente martelava pra saber qual era o motivo dela e Sarah se odiarem tanto.
— Você quer sorvete de que? — ela perguntou assim que chegamos à sorveteria.
— Morango com chocolate. É meu favorito. — expliquei sentando na mesa.
— Então acho que vou provar seu favorito hoje. — ela disse sorrindo.
Bárbara era do tipo perfeita. Abria a porta do carro, empurrava a cadeira, nunca me deixava pagar quando saíamos e outras coisas fofas que reparei nela nesse tempo todo em que estávamos saindo. Nunca uma mulher me tratou tão bem quanto ela me trata.
Sorri observando ela pegar nossos pedido. Algumas vezes ela olhava pra trás e sorria pra mim, me fazendo sorrir mais largo ainda.Desde o nosso primeiro encontro, duas semanas atrás, nos encontrávamos praticamente todos os dias. Ela foi muito gentil e fez questão de me mostrar toda a cidade. Era fácil gostar dela, e aos poucos eu me encantava.
— Aqui está o seu. — disse me entregando um potinho de sorvete, quando voltou pra mesa. — Eu não sabia qual calda você iria querer então eu trouxe todas. — ela disse sorrindo sem graça. Isso era tão fofo.— Está perfeito. — achei graça do seu nervosismo.
— Eu gosto de te impressionar. — disse tocando minha mão e sorrimos uma pra outra.
Ficamos a maior parte do tempo conversando sobre coisas aleatórias como sempre fazíamos, mas minha mente me pressionava pra perguntar o que havia acontecido entre ela e Sarah.
— Então... — comecei — Qual o problema de verdade entre você e a Sarah Andrade? — não consegui ser discreta.— Ah! — ela disse surpresa — Você notou. — suspirou pesado abaixando a cabeça e eu assenti. — Certo, vou te contar. Mas quero que isso sirva de exemplo pra você ficar longe daquela garota. — eu assenti confusa. Eu não sabia que era tão sério.
— O que houve?
— No ano passado eu namorava uma garota chamada Lizaa. Eu a amava e sabia que ela me amava também. Tínhamos feito planos juntas do tipo ir pra mesma faculdade, dividir um apartamento e começarmos uma vida juntas. Só precisávamos esperar até nos formamos na faculdade e ficaríamos juntas pra sempre, mas nesse meio tempo Lizza e Sarah se tornaram amigas e as coisas começaram a ficar... estranhas.
– Estranhas como? — incentivei ela a continuar, segurando sua mão. Ela parecia querer chorar e isso estava partindo meu coração.
— Lizza começou a ficar agressiva e aparecer bêbada na minha casa de madrugada. Ela saia pra festas com a Sarah e voltava pela manhã. Não ligava mais pra nada, começou a tirar notas ruins e ainda aparecia chapada na escola. Aquilo me assustou. A Andrade sempre teve fama de que se metia com esse tipo de coisa, mas Lizza não era assim, eu sabia que isso era tudo culpa da Sarah. — dava pra sentir a dor e a raiva na voz dela. Ela apertava minha mão enquanto algumas lágrimas rolavam por sua bochecha.— Continua. — pedi tentando passar força pra ela.
— Um dia eu segui Lizza e Sarah até uma dessas festas. — ela continuou — Vi Lizza entregar dinheiro pra Sarah e em troca ela deu um pacotinho com um pó branco. Acho que você pode imaginar o que era. — ela riu debochada enquanto as lágrimas raivosas caiam. — Eu fiquei destruída. Minha namorada tinha tanta vida, era uma pessoa tão feliz e Sarah a transformou num tipo monstro viciado, magra e com olheiras profundas. — ela limpou as lágrimas do rosto com ódio. — No dia seguinte eu fui falar com Sarah. Fui pedir para que ela parasse, que deixasse Lizza em paz, mas Sarah estava descontrolada, como se estivesse drogada, e me deu um soco no nariz. No mesmo dia minha ex sogra achou os saquinhos de pó nas coisas da Lizza.
— Minha nossa! E o que aconteceu com a Lizza? — perguntei em choque.
— A mãe dela a mandou pra um reformatório. — disse suspirando triste. — Sinto falta dela. De quem ela era. — admitiu.Eu não sabia o que dizer.
— Juli. — ela disse chegando mais perto e se aproximando do meu rosto. — Eu não quero cometer o mesmo erro que cometi com Lizza, com você. Eu sei que pode parecer impulsivo, a gente se conhece só há algumas semanas, mas eu realmente gosto de você, e só quero seu bem. Eu quero muito que você seja minha namorada, quero muito cuidar de você.
[...]
O pedido repentino de Bárbara me assustou. Quero dizer, nos conhecíamos há duas semanas, foi tudo muito rápido. Eu sabia que gostava muito dela, mas não sabia se queria um relacionamento logo agora.
Depois de ter dito que iria pensar no assunto, Bárbara me deixou em casa dizendo que iria esperar ansiosa pela minha resposta. Bárbara podia ser a pessoa perfeita pra mim, mas eu não estava pronta pra aceitar um pedido daquele, não depois de toda aquela história, que ainda estava me assustando.
O dia terminou com um monte de perguntas das minhas irmãs e do meu irmãos sobre o meu encontro, como sempre faziam quando eu voltava de um com Bárbara. Eles gostavam da garota e surtaram quando contei do pedido de namoro.Não demorou muito e todos foram para seus respectivos quartos, eu tomei um banho e fui direto para meu quarto.
Já eram quase duas da manhã e eu não conseguia dormir pensando no que Bárbara havia contado. Pensei em contar pra Rafaella, mas Bárbara me fez prometer que não contaria pra ninguém e eu cumpriria essa promessa por ela.
Fiquei pensando em tudo o que Bárbara passou com Lizza, e no quanto deve ter sido difícil. Mas parecia que algo não batia nessa história, quer dizer, se Sarah vende ou vendia drogas como é que nunca nem notamos? Ou como nunca ninguém notou? Será que Bianca, Lucas e Carla sabiam disso? Será que eles a ajudavam?
Ouvi o barulho conhecido dos carros dos Andrades e fui olhar pela janela. Vi o portão da casa da frente abrindo e três carros saindo por ele. Era óbvio que um eram os carros de Sarah, Bianca e Lucas, mas onde diabos eles estavam indo essa hora?
São duas horas da manhã!De qualquer jeito, era tudo um pouco suspeito. Elas pareciam não querer serem vistas, já que nem os faróis estavam ligados. O carro da Sarah saiu na frente e os outros dois seguiram pela rua até sumir de vista.
Deitei na cama desconfiada do que tinha acabado de ver. Será que elas estavam indo...?
Eita mulesta, essa história estava começando a me dar nos nervos!
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Street Racer - sariette
FanficA fama dos Andrades sempre deu o que falar no Rio de Janeiro, sempre unidos e com suas jaquetas de couro. De dia eram alunas normais cursando o ensino superior, a noite atrás dos volantes, disputavam rachas ilegais. O vício dos Andrades por adrenal...