Pov Juliette Freire
— Até que você não foi tão mal. — Sarah tentou me animar.
Estávamos voltando pra casa e seria uma longa viagem.
— Eu fui péssima. — disse emburrada.
Eu quase bati com o carro dela cinco vezes, e ela continuava me incentivando.
— Eu vou te dar mais aulas e você vai ficar melhor, hoje foi só seu primeiro dia. Mas acho que dá próxima vez vou pedir o carro da Bianca. — ela disse engraçada.
Reparei nos movimentos sutis que ela fazia para dirigir, era como se ela fosse parte do carro. Assistir Sarah dirigindo era um dos meus passatempos favoritos, ela sempre ficava tranquila e concentrada enquanto dirigia, e isso me encantava.
— Eu não sei se quero. Talvez eu aceite que você seja minha motorista particular.
— Não mesmo! A senhorita vai aprender a dirigir sim. Você tem a melhor professora do país pra te ensinar. — ela disse convencida me fazendo bufar. — Ei, vou te levar em um lugar. — ela disse entrando na subida de uma montanha.
Demorou alguns minutos até subirmos toda a montanha.
Ela estacionou de frente para a vista do mirante do Rio, não demorei pra lembrar que era aqui que eram feitas as corridas do ciclo.
O céu estava alaranjado, como num típico fim de tarde. Ao longe conseguíamos ver o sol se pondo e se escondendo atrás do mar, que refletia toda a beleza.
Saímos do carro e ela me ajudou a sentar no capô, sentando do meu lado, enquanto o som tocava baixinho dentro do carro.
— Sarah, isso é lindo! Da pra ver Rio de Janeiro toda daqui. — disse deslumbrada. Eu sabia que era uma cidade linda, mas a vista de cima era muito mais.
— Eu costumava vir aqui mais vezes. É um bom lugar pra pensar. — ela disse tranquila, olhando o horizonte.
O sol iluminava seu rosto, deixando seus olhos ainda mais claros, seu cabelo loiro jogado sobre o ombro esquerdo, e seus lábios rosados a deixavam ainda mais linda. Voltei meu olhar pra frente, antes que começasse a babar.
Continuamos em silêncio apreciando a vista. Era tão relaxante e estar na presença de Sarah tornava tudo ainda melhor.
— Eu amo essa música. — Sussurrei baixinho quando Amigo Colorido de Krishna Pennut começou a tocar.
— Ju. — ela chamou minha atenção pra ela. — Dança comigo? — perguntou estendendo a mão.
Deixei um sorriso escapar sem nem perceber, e peguei sua mão. Ela me ajudou a descer do capô, e nos afastamos um pouquinho do carro.
"Você chegou com esse sotaque nordestino
Bem de fininho entrando na minha vida
Bem devagarinho, até sua mãe
Já me chamou nora, planejou nosso casório
No hotel Bora-Bora"Passei minha mão por seu pescoço, ela agarrou minha cintura e deixamos a música nos levar. Nosso passos não eram certinhos, mas estava perfeito pra mim.
Encarei os olhos verdes. O verde mais intensos que já tinha visto na vida.
— Ju... — sussurrou com a testa colada na minha, me fazendo fechar os olhos com seu tom rouco baixinho.
Ela acabou não dizendo nada. Levou a mão até uma mecha do meu cabelo, e deslizou a ponta dos dedos pelo meu rosto. Quando abri os olhos, ela estava a alguns centímetros de distância, e ia se aproximando cada vez mais.
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Street Racer - sariette
أدب الهواةA fama dos Andrades sempre deu o que falar no Rio de Janeiro, sempre unidos e com suas jaquetas de couro. De dia eram alunas normais cursando o ensino superior, a noite atrás dos volantes, disputavam rachas ilegais. O vício dos Andrades por adrenal...