Pov Juliette Freire
Saímos pela porta da casa e corremos o mais rápido que podíamos para a parte de trás da mansão Andrade, tentando não ser vistas. Quase tropecei no meu próprio tênis, mas consegui me equilibrar e continuar correndo.
— Merda! Esse muro é muito alto. — Rafaella sussurrou quando paramos. A rua estava completamente deserta, mas sussurrar deixava tudo mais secreto.
— Vem, vamos pular pelo portão dos fundos, ali. — disse quando avistei o portão que não era tão baixo mas também não era alto. Pelo menos dava pra apoiar os pés no portão e subir.
— Eu vou primeiro — Gilberto disse já dando impulso, nem parece que estava com medo. — Me ajudem aqui. — eu e Rafa empurramos ele por cima do portão. Acho que calculamos mal a força e Gilberto caiu do outro lado.
— Meu deus! Está tudo bem? — Rafa perguntou quando ouvimos os gemidos de dor.
— Tá. Não é nada agradável cair de 2 metros de altura. — ele resmungou. Senti vontade de rir, mas estávamos em uma missão.
— Tem como abrir o portão por dentro? — perguntei.
— Droga! Tem. — ele bufou. — Eu deveria ter deixado vocês irem na frente. — disse quando abriu o portão nos dando passagem.
— Pelo menos já sabemos por onde sair. — Rafa comentou.
— Tá, agora vamos. — disse.
Corremos silenciosamente pelo gramado dos Andrade. Como num filme do 007, nós entramos na casa nos escondendo em cada balcão, mesa ou parede que passávamos, até chegarmos no segundo andar onde ficava o corredor dos quartos.
— Droga! Eu não sei qual o quarto dela. — sussurrei.
— Querida, só porque você não vem aqui, não quer dizer que o resto de nós também não venha. — Gil sussurrou de volta, passando na minha frente parando em frente a última porta do lado esquerdo.
Ele olhou pros lados, conferindo se não tinha ninguém, e girou a maçaneta tentando não fazer barulho. Entrei no quarto logo depois de Rafaella e fiquei supresa com a sensação de conforto e paz que o quarto transmitia.A cama encostada bem no meio, logo em cima uma clarabóia iluminando tudo com o anoitecer do céu, o livro com marcador de páginas na cabeceira ao lado da cama, e logo em frente a parede repleta de estantes de livros e uma TV enorme bem no meio, mais ao lado tinham duas portas que eu imaginei ser o closet e o banheiro dela. Era tudo tão... Tranquilo.
— Juliette anda logo, não temos tempo. — Rafa disse me despertando do transe.
Começamos uma caçada pelo quarto. Rafa foi pro banheiro procurar por lá enquanto eu e Gil procurávamos por ali. Ele abriu o closet e começou a revirar cada canto, enquanto eu fui direto pras gavetas do móvel perto da cama.
Achei números de telefones anotados em guardanapos, papel de caderno rasgado e até mesmo em uma calcinha, que eu aposto que era de algumas das mulheres que dormiram com ela.
Abri a próxima gaveta e tinham várias fotografias aleatórias de polaroid. Acabei vendo uma ou duas. Ok, algumas.Tinham várias de quando Sarah pequena, algumas eu até me lembrava. Tinha outras dela com os irmãos, outras com a avó, mas uma me chamou atenção: Era de quando ela era pequena, sentada no colo do tio Antônio, dentro do carro dele, com as mãos no volante. O sorriso dela era tão lindo, seus olhos estavam quase fechados olhando pra câmera, do lado de fora, e seu cabelo loiro de franjinha caindo na testa. Merda! Ela era linda desde pequena.
— Achou algo? — Rafaella me assustou. Joguei as fotos depressa na gaveta e fechei antes de responder nervosa:— Não.
— Acho que achei alguma coisa. — Gilberto disse ajoelhado ao pé da cama e puxou uma caixa de madeira de lá. — Tá trancado. O que será isso?
— Não sei, mas vamos achar as chaves. Ninguém esconde alguma coisa sem importância debaixo da cama e ainda por cima trancado. — Eu disse.
Começamos a olhar tudo de novo procurando pela chave. Gil levantou o tapete do quarto, Rafaella desarrumou praticamente toda a roupa de cama e eu fui pra estante de livros, tentando não desarrumar nada.— Precisamos achar logo, já estamos aqui a muito tempo e eu to com sono. — Gil disse cansado. — Sou capaz de deitar nessa cama e dormir.
— Continua procurando, Gil. — disse focada em sacudir as páginas dos livros pra ver se caia alguma coisa.
27 livros depois, comecei a achar que Sarah levava a chave com ela, até que passei a mão sem querer na última estante e um objeto pequeno e metálico caiu.– Achei! — Isso foi estranhamente fácil. Fácil demais pro meu gosto.
— Anda, abre logo. — Rafa disse ansiosa.
Graças a Deus a chave era a que abria a caixa. Quando levantei a tampa não entendi muito bem o que eram aqueles envelopes até abrir um.— Dinheiro? — estranhei abrindo outro pacote que tinha a mesma coisa.
— Pra que Sarah esconde tudo isso? — Gilberto perguntou.— Não é óbvio? — disse — É o que ela recebe vendendo o pó dela. — afirmei. Bárbara tinha razão sobre Sarah.
— O que é isso? — Rafa disse retirando um papel que estava debaixo de todos os envelopes — "Departamento de polícia do Rio de Janeiro"? — leu.
— O que diz aí? — Perguntei.
— Não estou entendendo muito bem, parece que Sarah foi detida em flagrante quando tinha 17 anos, mas como era de menor só fez 6 meses de trabalho comunitário em um asilo. — Tudo parecia fazer sentido, essa era a época que Lizza e Bárbara começaram a brigar.
— Droga! — Gil disse alto suficiente pra me assustar — Elas voltaram! Vamos embora! — surtou. Meu coração gelou.
Peguei o papel da mão de Rafa e guardei do jeito que estava na caixa. Tranquei o mais rápido que pude e coloquei a chave de volta no lugar. Saímos do quarto em disparada e descemos as escadas silenciosamente. Meu coração estava a mil.— Vamos pela área da piscina. — Rafa sussurrou apavorada, assim que ouvimos passos e vozes se aproximando pela cozinha.
Andamos escondidas até o fundo da casa onde dava pra piscina, e, quando vimos que o caminho estava livre, corremos pelo gramado da parte de trás, nos escondendo em cada árvore pra tomar fôlego. James Bond fazia tudo parecer mais fácil.Olhei pra casa atrás de mim e vi a luz de dois quartos acessas. Merda! Corremos até o portão que entramos, na parte de trás e senti o alívio invadir meu peito quando passamos por ele e corremos até nossa casa.
— Eu nunca mais quero fazer isso de novo! — Rafaella disse com falta de ar, assim que entramos no meu quarto.
— Eu acho que meu coração vai sair pela boca. — Gil colocou a mão no peito ofegante.
— Vamos focar no que importa. Sarah claramente é uma traficante e as irmãs dela ajudam. Sem falar que ela já foi pega em flagrante. — conclui.
— Ou talvez tudo isso tenha uma explicação Juliette, não sabemos se ela foi pega por causa disso. — Rafaella disse se jogando na minha cama. Ouvi um barulho na parte debaixo da casa mas ignorei.
— Foi só eu ou vocês também ouviram o barulho na porta da frente? — Gil perguntou mas não prestei atenção, estava focada nos meus pensamentos. — Enfim, eu acho que deveríamos seguir elas e ver o que elas fazem quase todos os dias de madrugada. — Gil deu a ideia.
— Eu concordo. Precisamos ver antes de tirar conclusões precipitadas até porque não achamos nenhuma droga no quarto da Sarah. — Rafaella disse.
— Então amanhã a noite nos vamos seguir elas. — disse por fim.
— Mas e amanhã na faculdade? — Gil perguntou.
— Acho melhor ficarmos longe por enquanto, quer dizer, se Sarah foi quase presa eles não são boa companhia. — Rafaella respondeu.
— Então amanhã evitaremos eles. — decretei.
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Street Racer - sariette
FanficA fama dos Andrades sempre deu o que falar no Rio de Janeiro, sempre unidos e com suas jaquetas de couro. De dia eram alunas normais cursando o ensino superior, a noite atrás dos volantes, disputavam rachas ilegais. O vício dos Andrades por adrenal...