Capítulo 2

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Pov Juliette Freire

Eu definitivamente odeio mudanças. Quero dizer, não tem nada de bom em sair de um lugar que você está acostumada para ir morar em outro lugar completamente diferente.
— Eu tenho ranço de mudanças! — Gilberto disse entrando no meu quarto, com uma caixa escrito "Juliette".
— Leu meus pensamentos, bicha — disse sarcástica.
— Mamãe disse que vamos em um churrasco na casa dos Andrade.
— O que? Eu não quero ir na casa daquelas sem vergonha! Eu nunca vou esquecer que aquela tal de Sarah quebrou o óculos que a vó tinha me dado no natal!  Era a melhor lembrança que eu tinha dela. — Bufei irritada.
Quando éramos crianças e morávamos aqui, mamãe e papai eram amigos de faculdade de um casal que morava bem na frente da nossa casa. Eles eram os melhores amigos dos meus pais e por isso nós sempre vivíamos em churrascos aos domingo junto com eles.
Eles tinham 4 filhos: Sarah, Bianca, Lucas e Carla. Eu e meus irmãos não nos dávamos muito bem com eles, nem eles com a gente. Quer dizer, até gostava delas, mas eu vivia em pé de guerra com Sarah, que era uma anta de olhos verdes.
— Juliette, isso já faz 10 anos, supere! — a voz grossa do meu pai soou divertida. Olhei pra porta e vi ele encostado lá — Olha eu sei que estão chateadas, mas isso vai ser bom. Não terão que estudar mais no internato porque eu e sua mãe teremos mais tempo pra ficar em casa.

— Nós sabemos, pai, desculpa. — Gil respondeu culpado.
Nós sabíamos que nossos pais sentiam falta de São Paulo desde quando voltamos para a Paraíba, principalmente dos amigos e de ter tempo pra gente.

Ele saiu do quarto depois deixando um beijo em cada um.
— Alguém viu a caixa com meus livros? — Rafaella perguntou invadindo meu quarto desesperada vasculhando tudo, saindo sem nem esperar resposta. Dei de ombros e voltei para a minha arrumação.

Não tinham muitas coisas pra arrumar. Graças a Deus mamãe já tinha decorado a casa antes de mudarmos. A única parte realmente boa da mudança, além da casa grande e luxuosa, era meu quarto que é simplesmente maravilhoso e tem um banheiro enorme. Um banheiro. Só meu!
— CRIANÇAS, DESÇAM AQUI! — ouvi mainha gritar.
Fui até a sala, bem decorada, com Gil logo atrás de mim, e vi minha mãe e minhas irmãs na sala ao lado de uma mulher sorridente de meia idade.
Eu não lembrava muito de Tia Maria, sabia que era uma ótima pessoa e que fazia bons biscoitos.

— Minha nossa! Como estão grandes! — ela disse alegre, puxando à mim e minhas irmãs para um abraço. — Thaís, você era tão pequena! — disse para minha irmã mais nova que sorriu simpática.
— Ela deve ter a idade de Carla. —minha mãe comentou sorrindo.
— Com certeza, sempre ficamos grávidas na mesma época. — elas riram juntas.

— Oh! Oi Maria! — meu pai disse entrando na sala, largando uma caixa de mudança e indo abraçando a mulher.

— Antônio vai ficar tão feliz de ter o amigo de volta. — ela disse animada.
— Acredite, Lourival também. — minha mãe disse e elas riram de novo.
Eu e meus irmãos parecíamos quatro plantas na sala, sem saber o que fazer. Rafa foi a primeira a quebrar o clima.
— Bom, tia Maria, se me der licença eu preciso achar minha caixa de livros que está sumida por aí.

— Claro querida, eu já estava de saída. Nos vemos mais tarde. Estou louca pra vocês e meus bebês se reencontrarem. — Sorri amarelo, vendo a mulher sair pela porta acompanhada de mama.
— Esse churrasco vai ser um saco. — Rafa comentou subindo as escadas.
— Concordo com você, mana. — resmunguei baixinho.
(...)

— Estão prontos? — meu pai gritou do pé da escada.
— Não! — Gil gritou do quarto.
— Por favor, Gilberto, é só um churrasco não um desfile de moda! — disse entrando em seu quarto.
Ele estava na frente do espelho segurando três modelos diferentes de camisa. Revirei os olhos.
— Eu não sei qual usar!
— Usa a branco listrada, combina mais. — disse dando de ombros, me olhando no espelho do quarto.
Eu estava razoável pra ir. Coloquei meu biquíni lilás, um short jeans claro cintura alta e um crooped branco. Quer dizer, eu não estava indo pra Miami Beach ou coisa do tipo, só estava indo atravessar a rua até a outra casa.

— Ei, vamos? — Rafaella disse entrando no quarto, já arrumada.
— Gilberto ainda não terminou. — respondi entediada.
— Vamos sair depois do churrasco pra conhecer a cidade? — Rafa perguntou. Era isso que eu queria.
— Mas estamos sem carro. — Gilberto falou quando apareceu já vestido.
— Não vamos muito longe, vamos à pé.

Street Racer - sarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora