Capítulo 10

7 2 0
                                    

Chegamos em casa e eu joguei a mochila no sofá.

― Sente-se. ― Joey apontou para a cadeira ao seu lado.

Andei até a mesa e fiz o que ele pediu.

― O mais importante: você está bem? ― Meu pai me fitou.

― Sim. ― Respondi com a voz baixa, sem o fitar nos olhos.

― Eu acho que não. ― Disse e eu fiquei nervoso. ― Por que não me disse nada?

― E-eu não sei. ― Guaguejei mexendo os pés no chão, inquieto.

― Você e o James eram amigos? ― Levantou o meu rosto com o seu dedo indicador, para que eu o encarasse.

― Não. ― Respondi evitando contato visual.

― O enterro dele será amanhã. ― Deu uma pausa, largando o meu rosto. ― Você quer ir?

― Não sei. ― Falei e Joey bufou, percebendo que eu não queria manter aquela conversa.

― O Colégio Lawvencille Jensen disponibilizou psicólogos para os alunos. Acho uma boa ideia você... ― O interrompi.

― Não precisa, pai. ― Neguei já irritado. ― Não precisei de terapia quando a mamãe e a Charlotte morreram. ― Continuei e meu pai arregalou os olhos. ― Não é agora que eu vou precisar de um psicólogo. ― Peguei a minha mochila e me direcionei para as escadas.

― Noah Harris! ― Joey gritou se levantando.

― Não! ― Respondi subindo as escadas, entrando no meu quarto e trancando a porta atrás de mim.

― Não vire as costas pra mim!

Me sentei na cama e dei um suspiro.

A morte do James despertaram vários sentimentos que eu demorei para enterrar.

Me fez lembrar da morte da minha irmã e da Ashley, minha mãe.

Fui tirado dos meus pensamentos quando vi um bilhete de papel sendo lançado pelo vão da porta.

Me levantei e peguei o objeto. Abri a folha: "Vamos ao enterro amanhã."

Suspirei mais uma vez e amassei o papel.

Talvez seja melhor eu ir mesmo.

[...]

No dia seguinte...

Acordei escutando várias batidas na porta do quarto.

― Filho! ― Era o Joey. ― Me deixe entrar!

Me levantei em um salto e abro a porta.

― Me desculpe. ― Falei dando espaço para entrar.

― Tudo bem. ― Respondeu me abraçando. ― Trouxe a roupa para você ir ao... você sabe. ― Disse saindo dos meus braços e deixando a vestimenta em cima da cama.

Meu pai se aproximou e segurou o meu rosto com as suas mãos.

― Você está bravo comigo? ― Ele perguntou fitando os meus olhos castanhos e eu neguei com a cabeça. ― Você está bem? ― Inclinou a cabeça e eu acabei o abraçando.

[...]

Chegamos no local do funeral e algumas pessoas da escola já estavam lá, incluindo Rachel, Thomas, Lucy e Jake.

― Você veio... ― Disse Campbell se aproximando. Ela estava com um vestido preto e cabelos soltos.

― Oi... ― Falei desanimado e a garota me abraçou.

Thomas e Lucy se aproximaram e nos cumprimentamos.

― Como o Jake está? ― Perguntei e Rachel saiu do abraço.

― Tentando superar. ― Respondeu Rachel. ― Mas como você está? ― Me olhou e eu dei de ombros.

Outras pessoas começaram à chegar e então andamos para o local onde James seria enterrado.

― Você falou com o seu pai sobre o pesadelo? ― Thomas perguntou com a voz baixa e eu neguei com a cabeça.

Chegamos no local e depois de alguns minutos, começaram a enterrar o caixão e eu apertei os lábios.

― Me desculpe. ― Falei baixinho enquanto uma lágrima caia do meu olho.

Joey chegou perto de mim e eu o abracei de lado.

Me desculpe.

Me desculpe.

Me desculpe.

O enterro logo acabou e começamos à descer o morro.

Várias pessoas choravam e eu me senti mal.

Eu devia me sentir assim?

Eu e meu pai nos despedimos das outras pessoas e eu entrei no carro.

Joey sentou ao meu lado e deu partida. Ele me olhou de soslaio antes de sair com o carro.

― O que acha de sair para algum lugar? ― O homem de cabelos castanhos perguntou, mas eu não respondi. ― Entendi.

Me desculpe.

•••
Continua...

Que Se Torne RealidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora