Já haviam chamado ambulâncias, mas acho que o Eric não sobreviveu.
Estamos agora andando até o lugar surpresa, mas eu não estou tão ansioso quanto antes.
― Por que está mancando? ― Rachel perguntou ao meu lado. Eu a ignorei.
Paramos em frente à uma lanchonete e Thomas abre a porta.
― Surpresa. ― Ele entrou no local e eu olhei ao redor.
Perto das janelas, tinham várias mesas e cadeiras. Do outro lado, um grande balcão e uma porta branca.
― Eu e Rachel faremos os pedidos. Fiquem aí. ― Lucy puxou a amiga para perto do balcão.
Todos estavam um pouco abatidos por causa do que acabou de acontecer.
― O que foi aquilo, Noah? ― Thomas perguntou e eu sei exatamente sobre o que ele estava falando, mas eu permaneci quieto. ― Fale! Você sonhou com aquilo? ― Ele parecia bravo.
Você sonhou com o acidente?, a pergunta pairava entre nós.
Antes que eu tivesse chance de responder, Rachel e Lucy se aproximaram.
― Somos o número 31. ― A garota de cabelos escuros diz revirando os olhos e eu vejo ao longe qual pedido está sendo entregue: 28. ― Vou ao banheiro. ― Completa enfiando o papel com o número trinta e um no bolso da calça.
― Sobre o que falam? ― Campbell perguntou se sentando ao meu lado.
― O nosso querido Noah iria responder à uma pergunta que eu fiz.
― Thomas cospiu as palavras e eu percebi a raiva em seu tom de voz.― E qual é a pergunta? ― Rachel perguntou me olhando, já impaciente.
― Eu perguntei se ele sonhou com o acidente de hoje. ― O moreno falou com os olhos cravados em mim e eu engoli em seco.
Ele estava com raiva de mim? Ele acha que foi culpa minha?
A garota ao meu lado me olhou com atenção e Thomas semi-cerrou os olhos.
Assenti em concordância e Rachel arregalou os olhos.
― Eu sabia! ― Thomas exclamou revoltado.
― Mas eu tentei impedir, vocês não viram? Eu corri até ele.
― O que isso significa? ― Campbell pergunta e Lucy chegou no mesmo instante e abriu a boca para falar algo:
― Quero falar com vocês sobre o Acampamento de Verão.
― Acampamento de Verão? ― Levantei uma sobrancelha.
― Sim. Terá um acampamento da escola no início de agosto e durará três semanas. ― A garota de cabelos escuros respondeu.
― Número 31! ― A mulher do balcão gritou.
― Você pode pegar os lanches sozinha, Lucy? ― Rachel perguntou olhando para a garota em pé.
― Claro. ― Sua amiga respondeu nos olhando e logo se afastando.
Rachel me fitou, ansiando para que eu respondesse a sua pergunta que foi feita antes.
― Isso quer dizer que eu não posso mudar o destino. ― Respondi e a garota de cabelos castanhos deu uma gargalhada.
― Bobagem!
Como se isso fosse engraçado.
― Isso tudo é uma grande bobeira. ― Campbell retruca cruzando os braços. ―Você acredita nesse papo do Harris, Thomas? ― Perguntou ajeitando o seu rabo de cavalo e o moreno encolheu os ombros. Rachel semi-cerrou os olhos.
― Aqui está. ― Lucy se aproximou e pousou as bandejas em cima da mesa. ― O que houve? ― Perguntou sentando ao lado de Thomas, nos fitando. ― Vocês parecem preocupados.
― Fale sobre o Acampamento de Verão. ― Sugeriu Campbell, mudando de assunto.
― Bem... ― Começou a garota de cabelos escuros. ― A escola não divulgou nada ainda, mas eu já estou ansiosa.
― É obrigatório? ― Perguntei pegando o meu hambúrguer em cima da bandeja.
― Não. ― Respondeu Thomas, atacando as batatas fritas. ― Vai quem quer. ― Disse de boca cheia. ― Os acampamentos da escola até que são legais. Eu vou.
― Eu também vou. ― Retrucou Rachel, bebendo o seu refrigerante. ― Parece que vai ser legal.
― E você, Noah? ― Perguntou Lucy me olhando. ― Também vai?
― Eu não sei.
― Ah, vai! ― Falou Campbell. ―Por mim.
― Da última vez que eu fui à um lugar por você, algo ruim aconteceu. ― Relembrei e a garota ao meu lado franziu o cenho.
― Como assim? Você está me culpando por algo que eu não fiz? ― A menina de cabelos castanhos perguntou. ― Não fui eu que sonhei com o acidente e não fiz nada! ― Gritou com raiva e todos no local nos fitaram, mas Rachel parecia não se importar.
― Do quê vocês estão falando? ― Perguntou Lucy, perdida. Ela parecia desesperada.
― Como eu podia saber que um pesadelo bobo iria se tornar realidade?! ― Perguntei no mesmo tom de voz e Campbell arregalou os olhos.
― Um pesadelo bobo? Alguém morreu no seu pesadelo e você não fez nada! ― Gritou a garota ao meu lado, se levantando.
― Parem! ― Thomas interrompeu a briga, batendo a mão na mesa e sua namorada se assustou.
Rachel bufou e se retirou.
Vi a garota se afastando e ela parou em frente da janela onde eu e meus amigos nos encontrávamos do lado de dentro da lanchonete.
Campbell me olhou desapontada e continuou andando.
― O que foi isso, gente? ― Perguntou Lucy, completamente perdida. ― Sobre o que vocês estavam falando?
― O que foi isso, Noah? ― Perguntou Thomas, me olhando.
― Você fala como se fosse culpa minha. ― Falei me levantando.
Me afastei e saí da lanchonete.
Eles estavam colocando a culpa em mim! Mas afinal, será que foi mesmo?
Comecei a andar mais rápido até chegar em casa.
Larguei a mochila no chão e andei até a cozinha.
Bebi um copo d'água e o meu celular apitou no bolso da calça.
O peguei e vi que era uma mensagem da Rachel: "Tenho notícias do Eric".
Ela vai fingir que a nossa briga não aconteceu? Não vai nem pedir desculpas?
Vi a segunda mensagem e engoli em seco: "Ele não sobreviveu".
Abri a boca, chocado, e deixei, sem querer, o copo de vidro cair e no chão se formou uma poça d'água.
Duas mortes em menos de uma semana. Será que eu sou mesmo o culpado por isso?
Meus olhos já estavam com lágrimas e eu me enconstei na pia.
•••
Continua...
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Que Se Torne Realidade
Mystery / ThrillerCONCLUÍDO *** +14 E se os seus pesadelos virassem realidade? Bom, é exatamente isso que Noah vive. Atenção: contém gatilhos como assassinatos, violência e depressão Iniciado: 19/01/21 Finalizado: 21/07/21 *** Plágio é Crime Crie a sua própria histór...