Capítulo 17

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Cheguei na escola e Thomas já me esperava no corredor.

― Cadê a futura Julieta? ― Perguntei, enfiando as mãos no bolso da calça jeans.

― A Rachel já está no auditório. Ela vai brigar com a gente por estarmos demorando. ― O meu amigo respondeu, desencostando da parede e se afastando. ― Você vem?

O moreno parou de andar e me olhou por cima do ombro. Assenti e corri até ele.

― A Rachel está mesmo confiante, né? ― Falei ao lado do garoto.

Subimos algumas escadas e passamos pelo corredor.

― Acho que o ego dela está super elevado. ― Retrucou, me lançando uma piscadela, com um sorriso ladino nos lábios.

Entramos na ponta dos pés no auditório e vimos Rachel em cima do palco.

Ela falava algo que estava escrito no papel, enquanto fazia a sua atuação ―  por sinal, bem exagerada.

Alguns professores estavam sentados nas cadeiras em frente ao palco, avaliando a Campbell.

Lucy estava sentada um pouco afastada, e quando ouviu a porta do auditório sendo aberta, olhou para trás. Ela fez um sinal com a mão para que nos aproximarmos.

― Ela está indo bem? ― Thomas quis saber, se sentando ao lado da sua namorada.

― Acho que sim. Os professores estão sorrindo, olhe. ― Sussurrou, apontando para as pessoas sentadas à nossa frente.

Ela não mentiu, eles realmente estavam sorrindo.

― Acho que ela pega o papel de Julieta. ― Rebati e a garota de cabelos escuros me fitou.

― Não sei... ― Deu uma pausa. ― É claro que a Rachel é bem talentosa, mas a Clarice também fez o teste. ― Avisou, fazendo uma careta.

― Espere, a Clarice não é aquela garota da foto? Onde ela estava com o Jake? ― Quis saber, me inclinando um pouco para frente.

― Sim, por isso a Rachel odeia ela. ― Relembrou, se encostando na cadeira. ― Eu também não vou com a cara dela. ― Informou, dando uma olhada rápida na mão. ― Droga, quebrei a unha.

Voltei à prestar atenção em Rachel e percebi o quanto ela estava feliz ali em cima.

E isso fez eu me lembrar da minha mãe.

A Ashley dizia para mim que o sonho dela era ser atriz.

Ela até informou que fazia teatro, mas acabou não dando certo, então ela começou à trabalhar em uma empresa de turismo.

Minha mãe morreu alguns meses depois do aniversário de 16 anos da minha irmã.

Ela morreu em um acidente de avião. O dia estava bem chuvoso quando ela saiu da Argentina, em direção aos Estados Unidos.

Eu até era bem próximo dela, ligava para ela toda noite, antes de dormir ― e vise e versa.

A última vez que nos vimos, foi em Abril, no aniversário da Charlotte, minha irmã.

Ela estava fazendo 16 anos, e fez uma festa muito grande. Várias pessoas foram, incluindo a minha mãe.

Lembro que botamos as novidades em dia e ela disse que, desta vez, ficaria mais tempo fora.

Eu disse que sentia a falta dela, mas a Ashley dizia que aquilo era necessário. Eu até concordava com ela, mas mesmo assim acabei ficando triste com isso.

Então brigamos.

Ficamos o resto da festa sem conversar. Ela até foi no meu quarto, para se despedir, mas eu não abri a porta.

Que Se Torne RealidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora