treze;

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Atsumu destrancou a porta da entrada de casa, tentando fazer o mínimo de barulho possível ao virar a chave, fez o mesmo quando a trancou. Ficou um tempo parado, tentando escutar qualquer barulho que fosse vindo de algum cômodo, suspirou aliviado quando não ouviu, sua ansiedade já parecia corroer seu peito. Deu de ombros, jogando a chave no vasinho de cerâmica que estava exclusivamente na entrada por isso e foi pra cozinha, abrindo a geladeira e vendo que Osamu havia separado o prato da janta para ele, sorriu, anotando mentalmente que lembraria de agradecer o irmão.

— Atsumu. - ouviu a voz da mais velha. Respirou fundo, fechando a geladeira e colocando a comida do microondas. - Vai ignorar sua mãe? - o loiro suspirou.

— Não, pode falar. - a encarou, tentando manter um sorriso no rosto.

— Vou ser rápida porque seu pai me espera no carro.

O pai dos gêmeos é uma das pessoas que dirigiam a faculdade, então era comum ele sair de madrugada, juntamente com sua mãe, que também tem um cargo importante na universidade, para viajarem. Normalmente quando saiam de madrugada, indicava que iriam para outro país por um tempo.

— Precisa tomar jeito, Atsumu. - começou a dizer. - Eu e seu pai trabalhamos o dia inteiro pra você ser alguém na vida e você ainda não consegue comparecer nos compromissos. - ela suspirou cansada, colocando a mão na testa. - Deveria ser mais como seu irmão. Ele não desgraça a imagem do seu pai como você.

Atsumu odiava o sentimento que surgia no peito a cada palavra de sua mãe. Era como um pico de raiva, mas que durava longos e torturantes minutos. Havia vezes que ele chegou a esfolar sua mão em alguma parede qualquer ou cravar as unhas contra a palma da mão, como fazia agora. Odiava como suava frio a cada pensamento odioso que tinha e como seus braços formigavam, como pequenas agulhas cutucando sua pele, o deixando ainda mais bravo. Seu coração parecia querer saltar por sua boca pela velocidade que batia.

— Da próxima vez que seu pai quiser um jantar em família, espero que apareça no horário certo. Tente seguir mais o exemplo do seu irmão, ficará em segundo lugar pra sempre desse jeito. - concluiu, saindo da cozinha.

O loiro respirou fundo uma vez. Duas vezes. Mas a droga da raiva não passava. No momento em que o microondas apitou, foi o ápice, o apito parecia ecoar dentro de sua cabeça. Em segundos o metal em cima da bancada foi atirado contra a parede, fazendo um estardalhaço pelo chão. Poucos minutos depois, a cozinha se encontrava na pior forma, os armários revirados, copos quebrados no chão, assim como os pratos de porcelana cara que sua mãe tanto prezava.

— Kiyomi? - Osamu ligou, vendo o irmão pela porta aberta da cozinha. 

Essa hora?

— Ele surtou. De novo.

Certo... estou a caminho. 

Sakusa era a única pessoa que conseguia parar Atsumu nessas horas. Osamu sempre piorava a situação - mesmo não sendo sua culpa -, então ele parou de tentar, apenas chamava Kiyomi quando Atsumu perdia a cabeça; o que não era algo frequente, mas ao longo dos últimos anos, pelo menos uma ou duas vezes no mês, Sakusa recebia a ligação de Osamu.

— Miya! - Sakusa disse, entrando calmamente pela porta da cozinha, vendo o caos que o amigo havia feito. - Que sujeira, Atsumu. - balançou negativamente a cabeça. - Vamos, conte o que aconteceu. - se sentou, apoiando a cabeça em sua mão e encarando o loiro, sem se importar com o olha furioso que recebia.

— Vai se foder, Kiyomi! Eu não te quero aqui, vai embora, caralho. - Atsumu bradou, fechando o punho com força e batendo em cima da bancada. Sakusa suspirou. 

𝐂𝐇𝐀𝐎𝐓𝐈𝐂, miya atsumuOnde histórias criam vida. Descubra agora