vinte e três;

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— Precisamos mesmo ficar ouvindo essa música clássica sem parar? - ele sussurrou, enquanto cortava a massa em tiras.

— Minha mãe gosta da melodia, ajuda ela a dormir e se concentrar pra fazer o que precisa. - deu de ombros. - Não me importo, cresci ouvindo, até que gosto.

— Como eu continuo descobrindo coisas novas sobre você mesmo que nós tenhamos passado tempo pra caralho juntos? - ele te encarou de sobrancelhas arqueadas.

— Não fala palavrão aqui. - o repreendeu, batendo em seu ombro com o pano de prato que segurava. - E... Sei lá. - deu de ombros. - Acho que a gente passava tempo demais ocupando a cabeça com outras coisas. Mas tudo bem, teremos bastante tempo pra falar sobre o que quisermos, Tsumu. - o olhou com um sorriso no rosto.

Atsumu encarou seu sorriso largo, esquecendo por um momento, qualquer problema que o rondavam ou vivia como parasita em sua mente. Um suspiro aliviado saiu da sua boca, inclinando-se até você e dando um breve selar nos seus lábios, voltando ao que fazia antes, agora em silêncio, até começando a apreciar a música clássica que tocava continuamente.

Com você tudo ficava agradável.

Assim que terminaram de cozinhar e preparar o jantar, arrumaram a mesa, Atsumu quase foi embora ao ouvir o carro do seu pai estacionando, mas você o convenceu a ficar - pela terceira vez.

Quando o apresentou ao mais velho, o homem não teve reação, apenas se sentou na mesa de jantar, agradecendo à você por ter feito a comida e começando a comer. Atsumu te olhou confuso, você apenas deu de ombros.

— Então... O que faz da vida? - seu pai perguntou, encarando o loiro.

— Estou no último ano da faculdade de direito.

— E como disse que se chamava mesmo?

— Atsumu... Atsumu Miya. 

Seu pai ficou alguns segundos assimilando o nome, franzindo o cenho quando pareceu se lembrar.

— Então é você que bateu em Ikuya. Filho do meu parceiro de trabalho. - afirmou com a voz firme, quase brava. Atsumu engoliu seco.

— Pai... Ele teve as razões certas, mesmo que...

— Você não está nessa conversa, [Nome]. - te cortou friamente, voltando a direcionar o olhar para o loiro.

— Sim, fui eu. - confessou. - E eu faria de novo se ele estivesse aqui, porque o que ele me disse sobre sua filha naquele dia, acho que faria o senhor ter a mesma reação.

Você largou o garfo em cima da mesa, apoiando o cotovelo na mesma e passando a mão pela testa, encarando a comida que esfriava no prato.

— Não me diga o que eu faria ou não, você não me conhece. - respondeu. - Você é bem folgado, garoto, o que ela viu em você? 

Atsumu respirou fundo, você conseguia perceber a feição em seu rosto mudando mais uma vez, encarava seu pai seriamente, sabia que ele estava perdendo a calma de novo, era o mesmo rosto que havia feito quando encontrara Ikuya na festa.

— Tudo o que não foi dado à ela... Nunca, pelo jeito.

— Tsumu... - o chamou em um sussurro, batendo seu pé contra o dele por debaixo da mesa.

— Eu já disse, você não está nessa conversa! - vociferou contra você, quase gritando. Você se encolheu na cadeira, colocando as mãos no colo.

— Não fale assim com ela! - Atsumu respondeu de volta, com a voz firme, em um tom mais baixo. - Eu não ligo se você é o pai dela ou algo do tipo, não vou tolerar que fale com ela desse jeito.

𝐂𝐇𝐀𝐎𝐓𝐈𝐂, miya atsumuOnde histórias criam vida. Descubra agora