Capítulo 1.

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– Sim, peguei tudo! – Repeti pela quinta vez, e rolei os olhos mesmo sabendo que ele não podia me ver. – Chips, queijos, presunto de parma e cerveja. – Disse tudo que tinha colocado no meu carrinho de compras. – Eu vou ser mais rápida se você parar de me ligar a cada cinco minutos. – Ri fraco enquanto andava pelos corredores do mercado em que eu estava. – Eu não vou esquecer nada, Jhony! Agora me deixe em paz!

Desliguei o telefone e bloqueei a tela, colocando no bolso de trás da minha calça jeans.

– Moleque chato! – Resmunguei sozinha pegando um iogurte na geladeira.

Depois de conferir mais uma vez se tinha pegado tudo que eu precisava, me direciono para o caixa. Distraída, checando uma notificação que acabara de chegar no meu celular, bato meu carrinho no de outra pessoa, causando um barulho alto por todo o corredor.

– Me desculpa! – Olhei para frente imediatamente.

– Carolina... – Para o meu azar, eu conhecia o dono do outro carrinho.

– Oi, Peter. – Sorri amarelo para ele.

– Que prazer enorme te encontrar aqui. – Sua voz demonstrava completa ironia. – Bela escolha de cerveja! – Disse apontando para as garrafinhas de Moosehead que estavam no meu carrinho de compras. Rolei os olhos sem me importar se ele veria ou não.

– Desculpe pelo esbarrão, eu estava distraída. – Guardei meu celular. – Eu tenho que ir!

– Não beba demais, ou vai ficar com ressaca!

Escutei ele falar enquanto eu me afastava, e nem me dei ao trabalho de virar para respondê-lo.

Insuportável!

Depois de passar pelo caixa, guardei as compras no carro e dirigi tranquilamente pelos cinco quarteirões até chegar à minha casa.

– Eu estava quase indo buscar você. Nem eram tantas coisas para comprar para você demorar tanto. – Revirei os olhos.

– Para de ser tão insuportável.

Jhony riu e me ajudou a tirar as coisas do carro e a guardar tudo.

– Que horas todo mundo vai chegar?

– Acho que às sete. – Ele disse entretido guardando as cervejas no freezer para gelar mais rápido.

– Então dá tempo de eu tomar um banho. – Sequei minhas mãos. – Você termina de guardar as coisas?

– Termino. Vai logo para o banho, fedorentinha.

Corro para o meu quarto, e pego roupas íntimas limpas. Tomo um banho rápido. Acabo não lavando o cabelo por completa preguiça, então faço um coque bagunçado. Visto um jeans e uma camiseta branca e volto para a sala, onde encontro Jhony esparramado no sofá.

– É bom ver que você realmente se sente em casa. – Me sento ao lado dele, que coloca as pernas em cima do meu colo. – Folgado! – Digo rindo.

– Por que você está com essa cara?

– Que cara? – Olho para ele.

– Essa aí, de quando você não gosta de alguma coisa.

– Eu esbarrei, literalmente, com o Peter no mercado.

– Ow, isso deve ter sido interessante, no mínimo. – Ele arregala os olhos. – Eu queria estar lá para ver isso! – Ele fala rindo e eu dou um soco fraco em seu braço.

– Na verdade foi bem desagradável. – Ele levanta as sobrancelhas e dá um sorriso sacana. – Tanto quanto essa cara ridícula que você está fazendo agora. – Aponto para ele, que cai em uma gargalhada alta, me fazendo revirar os olhos e rir com ele.

A campainha toca antes que eu pudesse falar mais qualquer coisa. Em segundos minha casa já estava cheia, e a conversa era alta.

– Pontuais, não?! – Gen fala se apoiando na bancada da cozinha.

– Não faz mais que a obrigação. – Respondo enquanto guardo a sobremesa que ela trouxe. Ela finge uma cara de ofendida.

– Gente, pra que essa agressividade?!

– Ela está assim desde que encontrou o Peter no mercado. – Jhony se mete na conversa, e Gen suspira.

– Ah, aquele gato...

– É sério?! – Pergunto indignada.

– Amiga, ele é um gato. Contra fatos não há argumentos. – Becky entra na conversa e eu faço uma careta de nojo. – Imagina poder olhar para aquilo tudo todos os dias... – Ela suspira.

"Aquilo tudo" é um idiota metido e insuportável, apenas isso.

– Mas tem uma cara de quem beija bem e tem pegada, não tem? – Gen concorda com o comentário absurdo de Becky.

– Ok, ok. Vocês precisam se tratar! – Abro uma cerveja para mim. – Podemos falar de coisas boas agora?!

Becky, Celina, Genevieve e eu montamos em alguns potinhos nossos aperitivos e pegamos algumas cervejas. Na sala, uma música tocava via bluetooth em uma caixinha de som, e os meninos ligaram o videogame.

Todo sábado é assim: nos reunimos para comer e conversar.

Desde que nos conhecemos temos essa tradição. Tudo começou com Gen, Jhony e eu. Depois veio a Becky, e por fim Celina e Greg. Isso acabou virando rotina, e a cada sábado nos reunimos na casa de um de nós, ou em algum lugar legal, apenas para ficarmos juntos.

Eu amo esses encontros. Eu amo passar tempo com eles. Eu sempre me divirto e esqueço todo o estresse da minha vida tumultuada e agitada.

– Eu acho que devemos viajar juntos de novo. Já faz um ano da nossa última viagem em grupo. – Gen disse bebendo um gole da sua cerveja e se acomodando nos braços de Greg.

– Claro! É só você organizar tudo e nós vamos. – Ela estreita os olhos para mim e eu mostro a língua para ela.

– Você é muito chata, Carol! – Ela diz mole me fazendo rir.

– Você me diz isso todos os dias. – Pisco pra ela. – Mas você sabe que eu tenho razão! – Ela nega com a cabeça.

– Bom, eu topo. – Jhony diz alguns segundos depois.

– Acho que podemos ir para a Tailândia, ou Índia. – Celina palpita.

– Eu voto na Tailândia! – Becky levanta o braço. – Já consigo me imaginar lá.

– Vocês são malucos. – Digo rindo. – Porque não resolvemos isso sábado que vem, na sua casa?! – Aponto para Becky.

– Para quem ainda não entendeu, a Carol está nos mandando embora.

– Eu amo vocês, mas estou morrendo de sono. Já são quase 3 horas da manhã! – Digo olhando a olha no meu relógio de pulso.

Conversamos por mais quase uma hora, até eles irem embora. Joguei o lixo que estava na pia da cozinha fora, desliguei a televisão e apaguei as luzes. Corri para meu quarto, coloquei meu pijama e me acomodei em meio aos meus travesseiros e cobertas.

Dormi em poucos minutos, planejando sequer tirar o pijama no dia seguinte.  

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