Capítulo 4.

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Na segunda-feira, quando chego à minha sala, há um envelope em cima da mesa. Depois de ligar meu computador, abro para ver do que se trata.

"Projeto – Carros Autônomos" está em letras garrafais no topo da folha. Depois, todas as descrições e explicações de como o projeto será realizado estão dispostas em alguns parágrafos. No final das cinco páginas há o valor total para o projeto: meio milhão de dólares. E um espaço para a minha assinatura.

Ele só pode estar brincando comigo.

Decido ignorar por hora a tentativa dele de me obrigar a assinar o projeto maldito. Ou vou até a sala dele lhe falar poucas e boas.

Lido com diversas planilhas ao decorrer da semana, e elaboro alguns relatórios periódicos. Nada muito incrível acontece durante a semana, e fico contente quando o final de semana chega.

No sábado lido com as coisas do meu curso de Italiano. A língua é mais difícil de aprender do que parece, mas estou amando, não posso negar. De tarde vou ao salão fazer minhas unhas e cortar as pontinhas do meu cabelo. De noite me encontro com o pessoal para uma sessão de filmes na casa da Becky.

No domingo, acordo um pouco mais tarde do que o habitual, e faço os trabalhos da minha pós-graduação. Está no fim, então eu estou cheia de coisas para fazer. Termino tudo antes das oito da noite. Tomo um banho e aproveito para dormir cedo.

– Bom dia, gente! – Cumprimentei o pessoal enquanto caminhava até minha sala.

– Bom dia, Carol! – Responderam sorrindo.

– Carol, posso falar com você?

– Pode Lucca, o que precisa? – Paro ao lado da mesa dele.

– Eu preciso confirmar algumas informações para repassar para o faturamento. – Ele sorri sem graça. Caminhamos juntos até minha sala para explicar tudo que ele precisava saber para finalizar o faturamento anual.

Quando abri minha caixa de e-mail, alguns de Peter com os acionistas apareceram para mim.

Tudo começou a mais de uma semana atrás, quando ele mandou um e-mail falando sobre o projeto dele. Então, uma discussão começou sobre o projeto e as desvantagens dele no momento. A certa altura do campeonato, o Sr. Cox me copiou no e-mail, me dando o privilégio de descobrir o que Peter estava fazendo e ler todos os e-mails.

Eu estava a ponto de surtar, mandar ele a merda, e expor tudo que ele estava fazendo para seu pai; rezando para ele perceber que o filho dele é um idiota e que não merece a presidência.

– Bom dia, Carol! – Eliza disse animada do outro lado da linha.

– Bom dia, Eliza! – Respondi com a mesma animação dela.

– Dr. Turner pediu para chamar você à sala dele.

– Tudo bem, obrigada!

Se ele cobrar a assinatura do maldito projeto, eu juro que eu vou explodir. Eu juro.

– Você sabe que você pode ir até a minha sala, né? A distância é a mesma. – Abri a porta num estrondo, para encontrá-lo de pé ao lado da sua máquina de café.

– Eu acho que me deve uma resposta, não? – Ele pergunta sem olhar para mim.

– Resposta?! Você está falando daquele projeto que você provavelmente pediu para Eliza deixar na minha sala, e nem se deu ao trabalho de mandar um e-mail falando sobre? – Cruzo meus braços.

– Esse mesmo! – Ele deu um sorriso cínico, fazendo meu sangue esquentar. Ele caminha até sua cadeira imponente e se senta.

– Não assinei. E nem vou. – Ele olhou para mim e sorriu. – É um projeto muito caro, e sem retorno nenhum. Você sabe disso. Nenhum acionista comprou a ideia.

– Como...

– O Sr. Cox me copiou no e-mail, e eu li tudo, Peter. – Sorrio. – É sério, por que você faz isso? Você não vai ganhar nada com isso, apenas queimar seu filme.

– Bom, esse é um problema meu, não é? – Ele levanta sua sobrancelha e eu respiro fundo.

– Não, esse é um problema da empresa. Afinal, isso só prova que temos uma péssima gestão e que não nos comunicamos e não concordamos sobre nossos assuntos internos. Eu não vou aprovar o projeto. Não vou assinar nada, Peter. Simples assim.

– Você se acha muito importante, não acha? Você esquece que eu sou o presidente e eu que mando aqui.

Solto uma risada cínica. Me aproximo da sua mesa, e apoio minhas mãos em cima da mesma, me inclinando levemente para ele.

– Você até pode ser o presidente, o "dono da porra toda". Mas sem a minha assinatura, nada vai para frente. Nada acontece. Sem a minha aprovação, o projeto nunca será executado, e você sabe disso. – Ele trinca seu maxilar e prende sua respiração. Sorrio ainda mais. – E eu não vou aprovar esse projeto. E não vou assinar aquela porcaria que você deixou em cima da minha mesa. Por vários motivos, mas o principal é que é apenas para satisfazer um capricho seu, para mais uma vez você conseguir o que você quer e inflar ainda mais o seu ego. E eu não vou contribuir para isso.

Volto para a minha postura normal e ele continua sério olhando para mim.

– Cresça, Peter! Com licença.

Saio da sua sala pisando firme, mas radiante por tê-lo enfrentado daquela forma. Ele realmente precisa de um choque de realidade e precisa amadurecer, ou vai destruir a empresa.

E eu não vou deixar isso acontecer.

Não acredito que você não vai! Hoje é sexta...

– Eu sei, Gen. Eu queria ir, mas eu não posso. Tenho prova amanhã na Pós, preciso mesmo estudar e descansar. – Ela resmunga do outro lado da linha.

Mas o Nate vai estar lá... – Reviro os olhos com a péssima tentativa dela de me fazer mudar de ideia. – Eu vi que vocês se deram suuuuper bem na festa da Belinda e do Arthur. Ele beija bem?

– Genevieve! – Caio na risada. – Para com isso.

Ok, ok. Eu paro; mas vamos! Por favor? – Eu sabia que ela estava fazendo beicinho.

– Gen, você sabe que eu sempre vou. Mas hoje eu realmente não posso. Desculpa. – Ela suspira. – Eu sei que você me ama, e quer que eu esteja lá. Mas, amanhã vamos estar juntas. Temos prova de vestido às 15h. Por favor, não esquece.

Eu não vou esquecer. Podemos nos encontrar para almoçar juntas. Que horas termina sua prova?

– Ao meio dia eu vou estar livre. – O sinal abre e eu acelero o carro.

Nos encontramos às 12h30 no Clementine. Depois vamos juntas provar nossos vestidos.

– Combinado. Boa festa para você, e se divirta.

Me despeço dela e dirijo o mais rápido que o trânsito me permite. Em casa, tomo um banho e faço um sanduíche para eu comer. Pego meus livros e meus resumos e reviso toda a matéria da minha última prova da Pós.

Estou quase dormindo quando meu celular apita. Uma mensagem da Gen brilha na tela:

"Nate perguntou de você... 👀 E o Peter gato está aqui de novo. Ele é dono desse lugar? 😳"

Rio com a mensagem dela. Ela está bêbada, isso é fato. Respondo com um simples "Larga o celular e aproveita a festa!" e desligo meu celular para evitar que ela continue me mandando mensagens e eu acabe engatando em uma conversa com ela em vez de dormir.

Era Para SerOnde histórias criam vida. Descubra agora