Na segunda-feira, quando chego à minha sala, há um envelope em cima da mesa. Depois de ligar meu computador, abro para ver do que se trata.
"Projeto – Carros Autônomos" está em letras garrafais no topo da folha. Depois, todas as descrições e explicações de como o projeto será realizado estão dispostas em alguns parágrafos. No final das cinco páginas há o valor total para o projeto: meio milhão de dólares. E um espaço para a minha assinatura.
Ele só pode estar brincando comigo.
Decido ignorar por hora a tentativa dele de me obrigar a assinar o projeto maldito. Ou vou até a sala dele lhe falar poucas e boas.
Lido com diversas planilhas ao decorrer da semana, e elaboro alguns relatórios periódicos. Nada muito incrível acontece durante a semana, e fico contente quando o final de semana chega.
No sábado lido com as coisas do meu curso de Italiano. A língua é mais difícil de aprender do que parece, mas estou amando, não posso negar. De tarde vou ao salão fazer minhas unhas e cortar as pontinhas do meu cabelo. De noite me encontro com o pessoal para uma sessão de filmes na casa da Becky.
No domingo, acordo um pouco mais tarde do que o habitual, e faço os trabalhos da minha pós-graduação. Está no fim, então eu estou cheia de coisas para fazer. Termino tudo antes das oito da noite. Tomo um banho e aproveito para dormir cedo.
– Bom dia, gente! – Cumprimentei o pessoal enquanto caminhava até minha sala.
– Bom dia, Carol! – Responderam sorrindo.
– Carol, posso falar com você?
– Pode Lucca, o que precisa? – Paro ao lado da mesa dele.
– Eu preciso confirmar algumas informações para repassar para o faturamento. – Ele sorri sem graça. Caminhamos juntos até minha sala para explicar tudo que ele precisava saber para finalizar o faturamento anual.
Quando abri minha caixa de e-mail, alguns de Peter com os acionistas apareceram para mim.
Tudo começou a mais de uma semana atrás, quando ele mandou um e-mail falando sobre o projeto dele. Então, uma discussão começou sobre o projeto e as desvantagens dele no momento. A certa altura do campeonato, o Sr. Cox me copiou no e-mail, me dando o privilégio de descobrir o que Peter estava fazendo e ler todos os e-mails.
Eu estava a ponto de surtar, mandar ele a merda, e expor tudo que ele estava fazendo para seu pai; rezando para ele perceber que o filho dele é um idiota e que não merece a presidência.
– Bom dia, Carol! – Eliza disse animada do outro lado da linha.
– Bom dia, Eliza! – Respondi com a mesma animação dela.
– Dr. Turner pediu para chamar você à sala dele.
– Tudo bem, obrigada!
Se ele cobrar a assinatura do maldito projeto, eu juro que eu vou explodir. Eu juro.
– Você sabe que você pode ir até a minha sala, né? A distância é a mesma. – Abri a porta num estrondo, para encontrá-lo de pé ao lado da sua máquina de café.
– Eu acho que me deve uma resposta, não? – Ele pergunta sem olhar para mim.
– Resposta?! Você está falando daquele projeto que você provavelmente pediu para Eliza deixar na minha sala, e nem se deu ao trabalho de mandar um e-mail falando sobre? – Cruzo meus braços.
– Esse mesmo! – Ele deu um sorriso cínico, fazendo meu sangue esquentar. Ele caminha até sua cadeira imponente e se senta.
– Não assinei. E nem vou. – Ele olhou para mim e sorriu. – É um projeto muito caro, e sem retorno nenhum. Você sabe disso. Nenhum acionista comprou a ideia.
– Como...
– O Sr. Cox me copiou no e-mail, e eu li tudo, Peter. – Sorrio. – É sério, por que você faz isso? Você não vai ganhar nada com isso, apenas queimar seu filme.
– Bom, esse é um problema meu, não é? – Ele levanta sua sobrancelha e eu respiro fundo.
– Não, esse é um problema da empresa. Afinal, isso só prova que temos uma péssima gestão e que não nos comunicamos e não concordamos sobre nossos assuntos internos. Eu não vou aprovar o projeto. Não vou assinar nada, Peter. Simples assim.
– Você se acha muito importante, não acha? Você esquece que eu sou o presidente e eu que mando aqui.
Solto uma risada cínica. Me aproximo da sua mesa, e apoio minhas mãos em cima da mesma, me inclinando levemente para ele.
– Você até pode ser o presidente, o "dono da porra toda". Mas sem a minha assinatura, nada vai para frente. Nada acontece. Sem a minha aprovação, o projeto nunca será executado, e você sabe disso. – Ele trinca seu maxilar e prende sua respiração. Sorrio ainda mais. – E eu não vou aprovar esse projeto. E não vou assinar aquela porcaria que você deixou em cima da minha mesa. Por vários motivos, mas o principal é que é apenas para satisfazer um capricho seu, para mais uma vez você conseguir o que você quer e inflar ainda mais o seu ego. E eu não vou contribuir para isso.
Volto para a minha postura normal e ele continua sério olhando para mim.
– Cresça, Peter! Com licença.
Saio da sua sala pisando firme, mas radiante por tê-lo enfrentado daquela forma. Ele realmente precisa de um choque de realidade e precisa amadurecer, ou vai destruir a empresa.
E eu não vou deixar isso acontecer.
– Não acredito que você não vai! Hoje é sexta...
– Eu sei, Gen. Eu queria ir, mas eu não posso. Tenho prova amanhã na Pós, preciso mesmo estudar e descansar. – Ela resmunga do outro lado da linha.
– Mas o Nate vai estar lá... – Reviro os olhos com a péssima tentativa dela de me fazer mudar de ideia. – Eu vi que vocês se deram suuuuper bem na festa da Belinda e do Arthur. Ele beija bem?
– Genevieve! – Caio na risada. – Para com isso.
– Ok, ok. Eu paro; mas vamos! Por favor? – Eu sabia que ela estava fazendo beicinho.
– Gen, você sabe que eu sempre vou. Mas hoje eu realmente não posso. Desculpa. – Ela suspira. – Eu sei que você me ama, e quer que eu esteja lá. Mas, amanhã vamos estar juntas. Temos prova de vestido às 15h. Por favor, não esquece.
– Eu não vou esquecer. Podemos nos encontrar para almoçar juntas. Que horas termina sua prova?
– Ao meio dia eu vou estar livre. – O sinal abre e eu acelero o carro.
– Nos encontramos às 12h30 no Clementine. Depois vamos juntas provar nossos vestidos.
– Combinado. Boa festa para você, e se divirta.
Me despeço dela e dirijo o mais rápido que o trânsito me permite. Em casa, tomo um banho e faço um sanduíche para eu comer. Pego meus livros e meus resumos e reviso toda a matéria da minha última prova da Pós.
Estou quase dormindo quando meu celular apita. Uma mensagem da Gen brilha na tela:
"Nate perguntou de você... 👀 E o Peter gato está aqui de novo. Ele é dono desse lugar? 😳"
Rio com a mensagem dela. Ela está bêbada, isso é fato. Respondo com um simples "Larga o celular e aproveita a festa!" e desligo meu celular para evitar que ela continue me mandando mensagens e eu acabe engatando em uma conversa com ela em vez de dormir.
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Era Para Ser
RomanceCompletos opostos. Ele é mimado, rico, gosta de esbanjar, herdeiro de um império, esnobe e grosseiro. Ela é firme, determinada, dedicada e com o único objetivo de controlar as atitudes dele. Foram obrigados a conviver juntos, e apenas faziam isso p...