Capítulo 20.

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Graças a Deus era sexta-feira. Eu não tinha mais dimensão dos meus dias e de como eles passavam tão rápido. A linha de produção estava acelerada, e as vendas aumentando. Os acionistas ficavam no meu pé o tempo todo, cobrando cada vez mais resultados.

Peter tinha viajado, e passou a semana toda fora, e eu tive que segurar as pontas por aqui.

- Sem reuniões e nem nada importante para hoje, Carol. – Jane diz assim que chego. – Milagres acontecem! – Rimos.

- Pelo menos um único dia de paz. Quem sabe hoje conseguimos sair antes das 20h, né?! – Ela ri e concorda com a cabeça. – Obrigada, Jane!

Quando entro na minha sala, uma pasta preta em cima da minha mesa chama minha atenção. Ligo meu computador e pego a pasta para ver do que se trata. Quando abro, as letras garrafais no topo da página chamam minha atenção e eu sinto meu estômago embrulhar.

"Projeto – Carros Autônomos".

Não, não, não. Não pode ser! Ele não faria isso, faria?!

Leio brevemente os primeiros parágrafos para ver se não era apenas uma brincadeira, mas é de fato um projeto completo sobre a produção de carros autônomos. O mesmo projeto de antes.

Minha cabeça começa a rodar e milhões de pensamentos me fazem sentir dor de cabeça.

Tudo era um jogo dele? Uma manipulação, apenas para me fazer concordar com um capricho dele? Todas as declarações, as palavras apaixonadas, tudo, eram vazias, apenas para ele mostrar quem realmente manda e que mais uma vez ele conseguiu o que queria.

Eu me sentia usada, e completamente magoada e decepcionada. Guardo a pasta dentro da minha bolsa, e recolho minhas coisas.

- Jane, eu não estou me sentindo muito bem, vou trabalhar de casa, ok? – Ele me olha preocupada.

- Precisa de alguma coisa, Carol? – Nego.

- Não! É só um mal-estar. Qualquer coisa, você me liga, ok?

Ela concorda e eu saio em passos rápidos dali. No carro, uma vontade súbita de chorar me invade e eu desabo em lágrimas. Por que ele fez isso? Por que ele foi tão baixo, a ponto de brincar com os meus sentimentos dessa forma?

- Oi, Carol! – Gen diz assim que atende minha ligação.

- Gen, você está em casa?

- Estou. Não tive aula hoje, e aproveitei para colocar algumas matérias em dia. Por quê? – Ela pergunta com uma curiosidade clara na voz.

- Eu estou aqui embaixo. Posso subir?

- Claro, vou abrir para você.

Desligo o telefone e interfono para o número do deu apartamento. Ela abre no mesmo segundo e não demora até eu estar no seu andar. Ela me espera de porta aberta e um olhar preocupado.

- O que aconteceu?

Ela me abraça apertado e eu volto a chorar. Quando me acalmo, entramos e ela me faz sentar no sofá e me dá um copo de água.

- Era tudo mentira, Gen. – Ela franze a testa. – Ele estava me usando esse tempo todo, nada era real, era tudo só para conseguir o que ele queria.

- Quem estava te usando? O Peter? – Fungo e ela suspira. – Como assim, Carol? Por que ele estava te usando? – Respiro fundo.

- Você sabe sobre o projeto que ele queria fazer, e eu me recusei a assinar, e que foi motivo de algumas discussões nossas, além de ter sido o motivo do nosso primeiro beijo, né? – Ela concorda com a cabeça. – Pois bem, cheguei na empresa hoje e tinha um envelope em cima da minha mesa. Era o maldito projeto dos carros autônomos que ele tanto insiste, apenas esperando minha aprovação.

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