Capítulo 5.

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Ao meio dia em ponto, mando uma mensagem para Gen avisando que já estou a caminho do restaurante. Ela me responde minutos mais tarde, dizendo que já estava lá e que já tinha pegado uma mesa.

Durante o almoço ela me conta tudo sobre a festa de ontem, e já faz planos para a próxima. Vamos até o ateliê da estilista que está fazendo o vestido de Belinda e de todas as madrinhas para a prova. Nossos vestidos eram um tom de coral, e cada uma teve o direito de escolher o modelo que quisesse. O meu era fechado na frente, com mangas pequenas e ajustado na cintura. As costas eram inteiras abertas, e a saia era fluida e esvoaçante. O tecido era cintilante e a cintura era marcada por um cinto de pedras que brilhavam com a luz.

O da Gen era tomara que caia, ajustado no seu corpo e com uma fenda generosa. Becky escolheu um modelo sereia e Celina um modelo ombro a ombro com saia mais cheia.

- Vocês estão tão lindas! – Belinda disse sorrindo e seus olhos brilharam com lágrimas.

- E eu aposto que você será a noiva mais linda desse mundo! – Abraço ela com cuidado para não me espetar com os alfinetes que estavam marcando os ajustes que precisavam ser feitos.

- Você não vai nos deixar ver mesmo o seu vestido? – Celina pergunta.

- Não! É surpresa! – Todas nós fazemos biquinho e ela nega com a cabeça. – Nem tentem, eu não vou mostrar.

Tiramos nossos vestidos e colocamos nossas roupas. Belinda sai antes de nós, dizendo ter que encontrar Arthur para ensaiar a dança deles. Eu e as meninas resolvemos dar uma volta no shopping e depois fomos para a casa do Jhony.

- Olá, meninas lindas! – Jhony diz assim que abre a porta. Rolo os olhos rindo.

- Como você é falso! – Ele faz cara feia, mas me puxa para um abraço. – Eu estou com fome.

Entro na casa para cumprimentar Greg, e me esparramo no sofá. As meninas sentam ao meu lado e começamos a conversar. Lá pelas tantas, pedimos três pizzas grandes e pegamos pratos e talheres na cozinha.

- Ok, quais os planos de vocês para o final do ano? – Celina pergunta enquanto enche seu copo de coca cola.

- Vou para a casa dos meus avós com meus pais. – Becky é a primeira a responder. – Mas volto para o ano novo.

- Eu vou pra casa dos meus pais. – Jhony responde.

- Minha mãe vai operar o joelho três dias antes; então é a minha família que vem para cá. – Gen faz careta com a ideia. – Pelo menos vou comer biscoitos da minha avó, e o Greg vai ficar comigo.

- Eu vou visitar minha irmã e meu pai. – Respondo entre uma mordida de pizza e outra.

- Sorte a sua; Miami é quente o ano inteiro. Aqui vai estar um frio insuportável! – Gen reclama e eu dou risada.

- E se fossemos para Miami e Orlando nas nossas próximas férias? – Sugiro e vejo um por um se animar. – Vai estar quente em maio quando tirarmos férias. Temos onde ficar em Miami, e podemos fazer muitas compras.

- Ok, me ganhou em "compras". Eu topo! – Gen fala.

- Bom, eu também! – Becky fala batendo palminhas.

- Eu vou colocar um anúncio de passagens no Google. – Jhony pega o celular na mão.

- Eu mal posso esperar pelas nossas férias... – Gen cantarola e damos risada.

Depois que comemos e limpamos o que sujamos, deixei as meninas em casa e fui para a minha. Tomei um banho rápido e escolhi um filme na Netflix para assistir. Meu telefone começou a apitar no criado-mudo e a foto do meu pai piscava na tela.

- Oi, pai!

- Olá, querida! – Ele sorri para mim. – Como você está?

- Estou bem, e você?

- Estou bem, apenas com saudades da minha menina. – Sorrio para ele.

- Eu também estou com saudades, pai. Mas logo eu estarei por ai, e você vai ter que me aguentar. – Ele concorda com a cabeça e sorri. – Cadê a Helena?

- Ela saiu com uns amigos da faculdade, deve estar voltando já. Como está o trabalho?

- Está tudo bem; cansativo, mas bem. E o restaurante?

Meu pai é dono de um restaurante no centro de Miami. Ele sempre gostou de cozinhar, e me lembro de sempre brincar com ele que a cozinha da nossa casa era, na verdade, a cozinha de um restaurante famoso. Ele realizou seu sonho, e abriu seu próprio negócio e tem um bom número de clientes diários.

- Está tudo bem, crescendo a cada dia. Colocamos algumas coisas novas no cardápio, quero que você veja quando chegar.

- Eu aposto que deve ser uma delícia! – Ele ri.

Começamos a conversar um pouco e quando eu bocejo pela quarta vez ele levanta as sobrancelhas.

- Eu só liguei porque estava com saudades e queria ver você. Já está tarde, e você tem que descansar.

- Obrigada por ter ligado, eu também estava com saudade!

- Boa noite querida, durma bem. Eu amo você!

- Boa noite pai. Eu também te amo!

Encerro a ligação com o coração quentinho por ter visto meu pai e saber que ele está bem. Eu amo morar sozinha, gosto da minha vida aqui; mas a saudade que sinto do meu pai e da minha irmã é enorme.

- Ainda precisa de mim, Carol? – Jane pergunta parada na porta da minha sala.

- Não! Pode ir. Obrigada! – Ela sorri e sai depois de me desejar um bom final de semana.

A semana passou e eu nem percebi. Fiquei presa em reunião atrás de reunião, e as minhas pendências atrasaram completamente. Eu estava cheia de coisa para colocar em dia, e mal sabia quando conseguiria fazer isso.

- Você tinha razão, minha sala não é tão longe da sua. – Olho para a porta e vejo Peter com um sorriso discreto nos lábios. – Dessa vez eu vim até sua sala. – Sorrio para ele e vejo seu sorriso aumentar. – Posso entrar?

- Claro!

- Eu acho que devo deixar claro que não pagamos horas extras... – Ele senta na minha frente e eu rio fraco. – O que você está fazendo aqui uma hora dessas?

- Coisa demais para fazer, que nem vi a hora passar. E eu comecei a gerar um relatório que vai demorar pelo menos 1 hora para baixar. E você? O que você está fazendo aqui? Não tem nenhuma festa para ir? – Ele ri e nega com a cabeça.

- Não... – Estreito os olhos para ele e sorrio.

- Ah, qual é!? Hoje é sexta; eu aposto que tem alguma festa.

- É, pode ser. Mas, eu preferi ficar trabalhando e ver algumas coisas aqui. – Arregalo os olhos como se estivesse chocada com a resposta dele. Na verdade, eu estava realmente chocada. Afinal, Peter Turner preferiu trabalhar a ir a uma festa.

- Surpreendente! – Brinco e ele ri.

- Eu também achei, acredite! – Concordo com a cabeça. – Bom, como você mesma disse, hoje é sexta, e já está tarde. Acho que dá para terminar o relatório na segunda, não?

- Pode ser... Mas, ver que você ainda está aqui me deixou com um pouco de medo de sair. Vai que está chovendo canivete lá fora?! – Ele rola os olhos, mas sorri.

- Vai pra casa, aproveitar o seu final de semana.

- Ok! O chefe manda, a funcionária obedece! – Digo sorrindo e ele dá uma risada alta.

- Tchau Carol, bom final de semana. – Ele levanta da cadeira e caminha até a porta.

- Tchau, Peter. Para você também!

- Ah, só não esquece: – Ele para e olha pra mim. – Não beba demais, ou vai ficar com ressaca!

Pela primeira vez, desde que trabalho aqui, não achei ele um idiota completo. Pela primeira em nove meses vez ele foi uma pessoa legal. Talvez, só talvez, ele não seja tão mau quanto eu achava...

Era Para SerOnde histórias criam vida. Descubra agora