Capítulo 8.

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O dia amanheceu absurdamente frio. O inverno já estava rigoroso, e por mais que eu gostasse muito dessa estação do ano, sair da cama cedo era difícil.

Visto uma meia calça grossa e uma blusa térmica para me manter quente. Por cima, coloco uma pantalona cintura alta de lã em tons de cinza. Visto um tricô preto de gola, e por cima um sobretudo vermelho. Nos pés, uma bota de salto preta. Arrumo meu cabelo e minha maquiagem, e fico pronta antes da 7h.

Tomo café da manhã tranquilamente, e às 7h30 em ponto recebo uma mensagem do Peter avisando que ele já chegou.

- Bom dia, Carol. – Ele diz assim que entro no carro. Para minha sorte, o ar condicionado estava ligado no quente.

- Bom dia! – Sorrio brevemente para ele.

Ele dirige calmamente até a via expressa, onde pegamos a estrada para ir até a casa do Sr. Cox.

- Para onde estamos indo, afinal? – Ele sorri minimamente, concentrado nos retrovisores.

- Mahone Bay. – Levanto as sobrancelhas.

- É sério? Quando você falou que era fora de Toronto, eu pensei em Cobourg, ou Stratford no máximo. Mahone Bay é o que, umas 4 horas daqui? – Ele me olha de relance com a sobrancelha arqueada.

- Mas eu disse que só iríamos chegar na hora do almoço...

- É, você disse. – Ele ri.

Não falamos mais nada durante a viajem toda. O rádio toca uma música baixa e suave, e eu aproveito o momento de paz para aliviar minha caixa de e-mail. Pouco mais de 3 horas de viagem, chegamos na casa do Sr. Cox.

A casa era muito mais simples do que eu imaginei, mas ainda assim era enorme. Ele nos recebeu na porta, e nos apresentou à sua família.

Depois do almoço, passamos grande parte da tarde no seu escritório e depois ele nos mostrou seu acervo pessoal de carros. Ele tinha carros desde a época do seu avô. Depois os carros do seu pai, e todos os que ele adquiriu durante sua vida. Tinham carros dos mais diversos modelos e cores. O meu favorito foi um Mustang dos anos 70, azul marinho com listras brancas.

- Quando foi que começou a nevar? – Pergunto surpresa pela quantidade de neve que caía assim que saímos.

- Eu não faço ideia! – Andamos rapidinho até o carro, e Peter liga o calor assim que entramos.

Meia hora depois que saímos, pegamos um congestionamento e a neve começou a aumentar. A fila de carros passava de 3km, e eu já estava começando a ficar inquieta dentro daquele carro fechado.

Tentei me entreter com as mensagens que tinha para responder. Mas em alguns minutos eu já tinha respondido todo mundo, e estava ainda mais entediada. Peter batucava o volante no ritmo da música que tocava no rádio, e eu me encolhi no banco tentando me distrair com as várias luzes de freio na nossa frente.

Um agente de trânsito veio em direção do carro, parando para falar com todo mundo.

- Boa noite! – Ele diz assim que Peter abaixa a janela. E, meu deus, estava frio demais. – Nós estamos fechando a estrada. Está nevando muito, e é perigoso continuar a viajem. Alguns carros já deslizaram na pista, e tivemos um acidente ali na frente. Para a segurança de todos, aconselhamos a voltar.

- Tudo bem, obrigada! – Peter agradece e fecha a janela. – Finalizando a semana em grande estilo. – Peter sorri e eu respiro fundo.

- O que a gente vai fazer? Com esse tanto de carro, os hotéis da cidade vão lotar.

- A gente não vai para um hotel. – Desencosto a cabeça do banco e olho para ele.

- E a gente vai para onde? Para casa do Sr. Cox? – Ele dá uma risada alta e começa a fazer o retorno.

- Nós temos uma casa na cidade. Digo, minha família. Nós podemos ir para lá. Pode ser? – Ele olha para mim.

- Claro, pode ser!

Não demora muito para chegar na casa da família do Peter. A casa é grande, e na beira do lago.

- A casa é muito usada, meus pais veem para cá quase todo fim de semana, então não teremos problemas ou surpresas. – Ele diz assim que desce do carro.

Ele abre a porta e entramos na casa. Deixamos nossas coisas na sala, ele liga o aquecedor e eu o sigo até os quartos.

- Esse é o quarto da minha irmã; você pode ficar com ele. Tem roupa no armário, e eu tenho certeza que alguma coisa vai ser útil para você. – Ele dá uma risadinha. – Fique a vontade, e se precisar de qualquer coisa, estou no quarto da frente.

- Obrigada!

Depois que ele deixa o quarto e fecha a porta, eu tiro meu casaco e minha bota e vou até o armário ver se acho alguma coisa para usar. Encontro uma calça jeans, e uma camiseta de manga longa. Nada muito quente, mas melhor que nada.

Corro para o banheiro e enquanto a água esquenta, tiro a minha roupa. Tomo um banho rápido, mesmo tendo vontade de ficar debaixo daquela água quentinha por muito mais tempo.

Visto o que peguei no guarda-roupa da irmã do Peter e encontro um moletom em cima da cama quando saio do banheiro. Para minha sorte e felicidade, a casa está bem mais quente do que quando chegamos. Me guio pelas luzes acesas e barulhos de louça que escuto.

Chego na cozinha e vejo Peter vestido em um conjunto de moletom preto e cabeços molhados, mexendo em alguma coisa em cima da pia.

- Temos molho pronto, macarrão e vinho. – Ele diz assim que me vê. – E eu deixei o moletom na sua cama, porque sabia que a minha irmã não teria nada muito quente para vestir. – Sorrio.

- Obrigada, salvou a minha pele! – Caminho até ele e me apoio do balcão. – E acho o cardápio excelente! – Ele sorri e abre os armários para pegar duas panelas. – Quer ajuda?

- Sabe abrir vinho? Ou só cerveja? – Ele levanta as sobrancelhas e eu rolo os olhos. 

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