Capítulo 3.

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– O que acham desse? – Mostro um vestido vermelho.

– Eu amei esse! – Becky sorri.

– Te deixou muito gostosa! – Gen diz e eu dou risada.

– Acho que foi um elogio, né? – Ela ri. – Faz anos que não uso esse vestido. Eu só usei uma vez, na verdade.

– Não sei por que, o vestido é lindo. – Gen fala e Becky concorda.

– Eu vou preparar alguma coisa para comermos enquanto vocês tomam banho. Depois, nos arrumamos juntas. Pode ser?

– Eu vou primeiro! – Gen correu para o banheiro.

Na cozinha, preparo três sanduíches caprichados, com queijo, presunto, picles, alface e tomate. Coloco suco de uva em três copos e chamo as meninas para lancharmos. Depois de comer e limpar a louça que sujamos, voltamos para o meu quarto.

Meu celular apita e eu olho a notificação. Resmungo alto, atraindo a atenção das duas.

– O que foi? – Becky pergunta enquanto passa a chapinha no seu cabelo, para deixá-lo ainda mais liso do que é.

– E-mail do Peter. É sério, até parece que ele trabalha. – Rolo os olhos e jogo o celular em cima da cama.

– Acho tão linda a relação de vocês! – Gen debocha e eu reviro os olhos mais uma vez.

– Ele é tão insuportável, vocês não fazem ideia. O pai dele é um cara incrível, super inteligente, um cavalheiro. A mãe dele é perfeita, não tem nem o que falar sobre ela. Quer dizer, o que é que deu errado para sair o Peter?! – As duas caem na gargalhada, mas minha reflexão é séria. Me pergunto isso todos os dias.

– Mas ele é gato demais, isso compensa tudo. – Becky suspira.

– Não, definitivamente não! – Olho para ela indignada.

– Sabe o que dizem né?! Atrás de muito ódio, tem um tesão incontrolável. – Ela ri

– Sabe o que eu digo? Que se você não calar a boca, eu vou te bater! – Não seguro a cara de má por muito tempo, e caio na risada com elas.

Voltamos a nos arrumar. Faço uma maquiagem simples, e nos lábios passo um batom nude. Prendo meu cabelo num coque, e deixo alguns fios soltos. O vestido vermelho agarra meu corpo, e termina na metade das minhas coxas. Seu decote é alto com brilhos em toda a gola, e suas mangas cavadas. Calço uma sandália de salto fino e estou pronta.

Chegamos no The Bab às 21h em ponto, e encontramos os meninos na porta nos esperando. O bar estava lotado, e a música era alta e animada.

Perto do palco onde o DJ estava, havia uma área reservada para nós. Dois amigos nossos iam se casar, e quiseram fazer uma festa no lugar onde se conheceram. Eu estava mais do que feliz por eles.

– As minhas madrinhas mais lindas! – Belinda grita assim que nos vê. – Venham, não quero ficar bêbada sozinha! – Ela nos puxa para dentro do que apelidamos de "Cercadinho".

Vários amigos de Belinda e Arthur estavam ali. Garçons circulavam de um lado para o outro com petiscos e bebidas liberadas para nós. Nós comemos, bebemos, conversamos, tiramos centenas de fotos, e cantamos todas as músicas que tocavam.

– Se eu te falar você não vai acreditar. – Gen fala alto perto do meu ouvido.

– O que foi?

– Tem uma pessoa que não para de te olhar desde que chegou.

– Quem? – Franzo a testa.

Ela dá um sorriso e eu espero alguns segundos para olhar na direção que ela olhava. Peter. Rodeado de meninas e alguns caras que conclui serem seus amigos. Como ele consegue ter amigos?

– Só pode ser brincadeira! – Caio na gargalhada.

– Ele está secando você com o olhar desde que chegou e viu você. É sério, sem exageros.

– Ele deve estar apenas chocado por eu ter uma vida social. Ele acha que é o único que tem direito de chegar na empresa com ressaca e marca de chupão no pescoço. – Gen arregala os olhos e eu concordo com a cabeça rindo.

Ignoro completamente a presença de Peter, o que não é muito difícil, e volto a dançar com as meninas.

– Então, você é a famosa Carolina?

Olho para o dono da voz, a tempo de ver um cara lindo, com um sorriso ainda mais lindo. Sorrio para ele.

– Famosa eu não sei, mas sou a Carolina! – Ele ri junto comigo e me cumprimenta com um beijinho na bochecha.

– Eu vou Nate, amigo do Arthur. Eles falam muito sobre você. Coisas boas, acredite. – Sorrio para ele. – Quer beber alguma coisa?

– Claro!

Passo o resto da noite com o Nate, que faz questão de me deixar em casa. Já passam das quatro horas da manhã quando eu me embolo nas minhas cobertas para finalmente dormir.

*

– Bom dia, Srta. Campebell!

– Bom dia, Sr. Hill! – Sorrio para o senhor na minha frente. – Como vai?

– Tudo certo, querida. E por favor, me chame de Robson. Já passamos da etapa dessas formalidades, sim?! – Sorrio para ele.

– Apenas se me chamar de Carolina. – Ele sorri e concorda com a cabeça. – Eu fiquei preocupada quando marcou essa reunião. Aconteceu alguma coisa?

– Oh, não. Nada demais. Eu só preciso de algumas informações financeiras da empresa. Eu sei que é de praxe você sempre nos passar essas informações. Mas, devido à instabilidade que enfrentamos, queria conversar com você.

– Eu entendo, claro. – Sorrio. – Eu enviei para vocês um extrato financeiro na terça–feira, certo? Conforme informei no e-mail, conseguimos controlar os gastos. Não temos mais nenhuma despesa além do habitual: funcionários, execução de projetos, montagem dos carros, enfim. Coisas inerentes do negócio em si. Agora é questão de tempo para recuperarmos o que perdemos. Mas confio que em breve, em menos de um ano, conseguiremos.

– Se você continuar aqui, e desempenhando esse trabalho incrível que tem feito, confio que conseguiremos em seis meses. Você chegou em boa hora, e foi impecável. Só tenho elogios sobre seu desempenho. Você nos salvou em apenas oito meses.

– Obrigada, Sr. Hill! – Ele levanta as sobrancelhas e eu sorrio. – Robson! – Ele concorda com a cabeça.

– Outra coisa que gostaria de falar é sobre aquele projeto de carros autônomos. Quer dizer, eu realmente acho a ideia ótima. Mas não sei se é o momento certo para essas aventuras. – Concordo com a cabeça.

– Concordo com você. E como eu lhe disse naquele dia, era apenas uma ideia do Peter. Ele quer muito desenvolver esse projeto, e eu acho que se bem executado, pode render muito. Mas não agora. Temos que investir no que é mais usual, e prático para os nossos compradores. Mas nada será feito nesse momento, e sem a aprovação de todos vocês, claro.

– Fico mais tranquilo com isso. – Ele faz algumas anotações em seu caderninho. – Aceita um café?

– Adoraria!

– Eles têm muita sorte de ter você com eles, pode confiar. – Ele me entrega uma xícara com café preto. Sorrio como agradecimento. – Você é o tipo de nora que eu sempre quis. Vou apresentar meu filho a você numa próxima oportunidade.

Me engasgo com o café, e quase cuspo todo o líquido que tinha bebido. Ele dá uma risada baixa e eu sorrio sem graça.

– Quem sabe, podemos almoçar juntos hoje? – Ele sugere contente.

– Eu realmente agradeço o convite, mas eu tenho mesmo que ir. Tenho que voltar para o escritório. – Ele faz uma cara decepcionada.

– Oportunidades não vão faltar!

– Tenho certeza que não! – Sorrio. – Até mais, Robson!

Pego minha bolsa esaio o mais rápido que consigo dali. Quando entro no meu carro, caio na risada.Ele estava mesmo tentando me empurrar para o seu filho, e eu sequer o conheço. 

Era Para SerOnde histórias criam vida. Descubra agora