Parte 2 - Confissão

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Pouco tempo depois Hange acordou e foi em direção a cozinha. Coçando os olhos, apenas disse:

- Faz muito tempo que dormi?

[s/n]: Não muito, caiu no sono enquanto falava sobre o impulsionador do equipamento.

Hange bocejou alto e enquanto pegava água falou:

- Acho que vou deitar. Sinto que amanhã será um dia cheio.

Logo depois ela subiu para o seu quarto. E eu fiz o mesmo.

O dia mal havia nascido e todos já estavam tensos com a partida para Rose, que ocorreria durante a noite. Afinal, parte dos futuros investimentos na Tropa de Exploração dependiam desse evento.

Encarei meu guarda roupa com certo desespero,  não vou em uma celebração desse tipo desde que saí de casa.

Enquanto procurava algo que fosse útil, achei uma antiga caixa que trouxe comigo quando me alistei. Abri e encontrei um vestido que costumava ser o meu favorito.

Faz tanto tempo que não uso algo assim. - Pensei.

Ele era branco e possuía como conjunto um corpete marrom carvalho. Droga... tinha até esquecido como se usava isso.

Quando terminei a longa missão de vesti-lo já estava quase na hora de ir. Então apenas prendi metade do cabelo com um laço, deixado o restante livre. Olhei no espelho uma última vez e não me reconheci.

Desci as escadas em direção ao refeitório para encontrar os outros. Mas logo corei.

Todos estavam me olhando com admiração. Os novos recrutas nem mesmo piscavam. A vergonha me tomou e comecei a acelerar os passos até que estivesse na saída.

Avistei o restante do esquadrão e eles estavam belos, bem vestidos. Mas meu olhar estava estagnado em Hange.
Ela estava vestindo um terno preto, como os outros. Até parecia que aquele traje tinha sido feito especialmente para ela, valorizando cada traço.

Em questão de minutos a carruagem chegou e partimos em direção ao castelo.

A noite foi longa e cansativa, não me lembro nem mesmo quantas valsas aceitei. Enquanto os homens se aproximavam, Erwin e Hange aproveitavam para falar sobre negócios.

O único que escapava de tamanha artimanha era Levi, que ficou apenas bebendo durante toda a comemoração.

Quando meus pés já estavam latejando e não aguentavas mais ficar de pé, o Comandante Pixis se aproximou e em um convite silencioso fomos em direção ao salão.

[Pixis]: Não me odeie por isso. Você mais do que ninguém sabe que isso não passa de aparências.

[s/n]: Dançar até que nunca mais consiga andar? Ou o seu aniversário oferecido pelos nobres?

O velho riu durante alguns segundos.

[Pixis]: Cortejar a aristocracia até que tenhamos o necessário.

[s/n]: Está certo, entendo. Só não esperava ser usada como presa.

Você sabe... sua família ainda possui muito poder de decisão... Espero que não nos odeie. - Disse Pixis, enquanto me cumprimentava após o fim da valsa.

Quando finalmente achei que estava livre fui em direção aos meus companheiros.

- Erwin: Pixis parecia animado em ter uma dança com uma jovem tão educada.

Tsc. Estava prestes a chuta-lo quando senti uma mão em meu ombro. Virei-me e dei de cara um antigo companheiro de Tropa, Simon.

[Simon]: Daria-me a honra de uma última valsa?

[s/n]: A honra será minha.

Fui mais uma vez em direção ao salão. E assim a dança novamente se iniciou.

[Simon]: Já faz tanto tempo.

[s/n]: Desde que deixei a capital.

[Simon]: Você está muito linda, até parece que voltamos nos antigos tempos.

[s/n]: Muita coisa mudou desde ... aquela época.

Enquanto me girava, o soldado subiu as mãos pelas minhas costas.

[s/n]: Nem tente fazer o que está pensando.

Eu sinto... muito. - Disse ele enquanto voltava a mão ao local de origem.

Simon e eu éramos próximos enquanto estive na capital. Na verdade, em parte é culpa dele eu ter entrado na Tropa. Nos despedimos cordialmente.

Com o fim da última dança aproximei-me novamente de meus amigos. Dessa vez com a certeza de que não dançaria mais com ninguém.

Até que pouco tempo depois voltamos para a base.

Fui até a cozinha pegar um pouco de chá. A festa foi de todo um saco, não consegui nem mesmo provar os doces...

Uma voz interrompeu o pensamento.

[Hange]: Aquele cara da última dança... você o conhecia ?

Sim. - Afirmei enquanto me sentava ao seu lado.

[Hange]: É... vocês... pareciam... próximos.

Ela estava começando a ficar vermelha.

[s/n]: Ele é um amigo que ainda tenho da antiga vida.

Afirmei enquanto colocava uma mecha atrás da orelha dela, novamente.

Antes que pudesse me mover mais, ela colocou as duas mãos no meu rosto. Uma de cada lado, me impedindo de escapar.

EU TENHO ALGO PARA TE DIZER. - Disse Hange, quase que cuspindo as palavras de uma só vez.

Quando tentei me mexer para que pudesse olhar em seus olhos, ela me beijou.

Nem uma palavra, mas um ato. É esse o jeito Hange de fazer as coisas?

Correspondi o beijo na mesma intensidade, fazia tanto tempo que queria fazer aquilo.

Todas as noites que passei cuidando dela, tudo o que fiz para proteger essa mulher. Pergunto-me desde quando sinto isso?

Mas na verdade não importa, não agora. Porque só quero aproveitar esses momentos em seus braços.

Ela desuniu nossas bocas, e como um sussurro disse:

- Fiquei com medo, de que fosse embora. Depois de lembrar como poderia viver. Ter tanta coisa...

[s/n]: Eu tenho tudo o que preciso bem aqui.

Uni nossas bocas novamente, e ela gemeu baixo.

- O único lugar que quero estar no mundo... é aonde você está, Hange Zoe.

Essa foi a última coisa que lembro de dizer, antes de me perder nos lábios daquela mulher.

Nosso tempo - Hange Zoe x youOnde histórias criam vida. Descubra agora