Capítulo 17: Um amor assim

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Félix Graham de Vanily; o nome não me saía da cabeça. Ele não era exatamente um aluno exemplar, mas nunca tratou mal alguém, pelo menos não dentro de seu círculo de amizades, não com outros garotos. Como a gente é capaz de se enganar tanto com as pessoas?

Marinette me descreveu um cara completamente diferente. O Félix que eu conheci tinha um humor afiado, era charmoso e alegre. Jamais imaginei que ele poderia se tornar um covarde daquele tipo.

Enquanto Marinette relatava a história, mantive a calma para ser forte por ela, para dar o apoio que ela precisava. A verdade é que meu desejo era sair de lá na mesma hora para ir atrás daquele miserável.

Horas mais tarde, de frente para o computador, vasculhei a vida dele e procurei qualquer menção do ocorrido, se havia ação contra Marinette ou a confeitaria. Félix não era o único com família influente, e se fosse necessário eu certamente recorreria aos recursos da minha. Sei que meu pai não hesitaria em ajudar.

No entanto, a busca se provou infrutífera e quando meus olhos pesaram com insistência, percebi que a madrugada já tinha avançado e muito. Resolvi me deitar. As palavras de Félix foram somente ameaças, afinal.

O cansaço me dominou a ponto de não ouvir o despertador tocar no início da manhã, e eu acordei meia hora atrasado. Corri para me arrumar e logo saí de casa, telefonando para a senhora Cheng a fim de avisar que já estava a caminho.

Meus passos soaram tumultuados quando invadi a padaria, desacelerando da corrida. Ganhei a atenção dos fregueses, e um sorriso da Marinette fez meu coração saltar ainda mais agitado do que já estava.

Então segurei discretamente no braço da minha namorada, afagando com o polegar.

— Desculpa, dormi mais do que a cama.

Ela guardou os lábios dentro da boca, mantendo-os presos entre os dentes para disfarçar o sorriso.

— Penteia esse cabelo pelo menos, vai.

Então ela se afastou, levando consigo aquele sorriso que tanto me desestabilizava.

***♡***

— Você tá bem? — Marinette me perguntou no horário de descanso.

Eu estaria prestes a ir embora, exceto que eu não tinha pressa alguma. Com a porta fechada, roubei um beijo de seus lábios.

— Estou ótimo — respondi.

Ela arregalou os olhos para me repreender. Eu brinquei com uma de suas chiquinhas, levando uma pequena mecha até o nariz e inspirei o cheiro do xampu.

— Eu só perdi a hora — falei.

A porta foi aberta ao nosso lado e a gente automaticamente deu um passo para trás, nos afastando um do outro.

Luka olhou para Marinette, depois para mim.

— Aqui tá sujo de batom — ele falou, me encarando, e simulou limpar o canto de seus próprios lábios.

Eu rapidamente movi a mão até o local equivalente no meu rosto. Luka, é claro, começou a rir.

— Você se entrega muito fácil, Adrien — ele falou, caminhando até a mesinha para deixar o almoço.

Encarei Marinette. Ela estava com as bochechas avermelhadas e os braços cruzados.

— Eu nem tô usando batom — ela resmungou para o amigo.

O moreno se acomodou no sofá em vez de logo ir embora, como normalmente fazia. O sorriso tinha abandonado seu rosto e uma nuvem cobriu o brilho de seus olhos claros. Ele estava pensando na Jess. Àquela altura, ela já deveria estar em Nova Iorque.

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