Epílogo

526 69 317
                                        

(Marinette)

Adrien estava certo: Gabriel Agreste realmente amava meu modo de pensar, dizia que eu tinha uma visão aguçada para os negócios. Ele tentou até me convencer a trabalhar na companhia dele.

Isso foi quando eu ainda estudava para abrir minha própria empresa. A gente tinha conversas muito, muito produtivas. Adrien fingia não ficar enciumado enquanto eu e o senhor Agreste dávamos atenção quase exclusiva um ao outro.

O pai do Adrien era um homem muito inteligente. Não foi à toa que se tornou o empresário mais bem-sucedido da França. E mesmo sendo um homem tão ocupado, sempre dispôs tempo para a família.

Os almoços de domingo já eram uma espécie de tradição entre eles, mas depois se tornou um evento indispensável. Afinal, já fazia quase um ano que eu e Adrien tínhamos alugado uma pequena casa só para nós dois.

Juntos, criamos o hábito de pedalar nas ciclovias parisienses. O Nathaniel e a Chloé nos acompanhavam vez ou outra. Ela praticamente havia se mudado para o apartamento dele, pois dormia mais lá do que no hotel; eram quase casados, só faltava oficializar.

Eu e o Adrien nunca mais brigamos, quero dizer, não como da primeira vez. No máximo houve pequenas discussões sem importância.

— Escrevendo no diário? — Adrien interrompeu minha concentração. Nem tinha visto ele entrar no quarto.

— Já tem uns cinco anos que eu não atualizo. Uma vergonha — respondi, erguendo o caderno de capa dura. — Achei na mudança.

— Já tem quase um ano que a gente se mudou, Marinette.

— Pois é. — Abri bem os olhos, tentando não parecer muito relapsa.

Ele sorriu e voltou para o banheiro da suíte. Ainda sentada na cama, inclinei o corpo para frente a fim de enxergá-lo. Adrien se preparava para escovar os dentes, estava somente com uma toalha amarrada no quadril.

Senti as bochechas esquentarem. Eu era uma mulher adulta de 26 anos, dona da minha própria vida (além da minha própria linha de roupas), e ainda corava feito uma adolescente quando o assunto era Adrien Agreste... ainda mais seminu.

O Adrien de 19 anos era um garoto bonito, sem dúvidas, mas a sua versão de 24 anos era fora do normal. Os olhos verdes se tornaram mais confiantes, o cabelo estava mais curto, e o rosto, mais ousado.

E mesmo parecendo um modelo de propaganda de roupa íntima, era seu talento como músico que o destacava. Às vezes recebia até convites para se apresentar fora do país. Adrien fizera o mesmo curso de música que a Jess e o Luka, embora outra especialidade.

Meu melhor amigo foi morar em Nova Iorque depois que se formou. E ele e Jess tiveram uma inesquecível festa de casamento — e de despedida — no barco. Isso já tinha três anos. Agora eles seguiam em turnê pelos Estados Unidos, tinham formado uma dupla. E o mundo inteiro passou a conhecer aquela sintonia perfeita entre eles.

A vida tinha mudado para todo mundo. Para melhor, eu acho.

Adrien voltou para o quarto e retirou a escova de dentes da boca antes de falar.

— Preciso de uma exceção, amor.

— Outra? — provoquei, erguendo a mão com o anel de brilhante.

— Sim, outra... Aliás... — ele apontou a escova na minha direção. — O anel não conta, eu paguei em dez vezes, então não excedi o combinado. — Ele ergueu as sobrancelhas e voltou para dentro do banheiro.

Eu não saberia dizer se ele era irritantemente charmoso ou era apenas um homem charmoso muito, muito irritante.

Mordi os lábios para disfarçar o sorriso, por mais que ele não estivesse me vendo. Olhei para meu anel de noivado com uma pedra solitária de diamante. Ainda não acreditava que ele tinha conseguido achar uma brecha no nosso combinado, ele era mesmo filho de Gabriel Agreste. Claro que eu não reclamei do presente, não era louca. E o anel era um escândalo de lindo.

Passion FruitOnde histórias criam vida. Descubra agora