O Baixista - A5 livro 3

Capítulo 8

GABRIELA ORTIZ

Eu ainda não acredito que estou aqui jantando com a banda que por muito tempo eu defini como o amor da minha vida. Eles são um grupo em estranho - um estranho bom, não posso negar -, todos parecem malucos ao seu modo e até o presente momento eu não acho que as revistas de fofoca fazem jus à eles. Ethan é um bom exemplo disso, considerado a alma agitada do grupo, é muito mais inquieto e falador do que dizem.

Estou dividida entre o choque e o encanto. Jake e Ethan estão constantemente rindo e comentando sobre como meus "olhos brilhantes" são fofos. Puta madre, estou jantando com eles! Também estou me sentindo uma intrusa aqui, eles parecem ser uma família ou um grupo bem fechado entre si e - mesmo que meu lado fã maluca esteja amando - estar aqui logo no anúncio de que Jake e sua namorada terão um bebê é mais intimidade do que jamais tive.

Sempre fomos mama, abuelita e eu. Não houve espaço para muitos amigos ou socializações por medo de que um dia entrassem demais na minha vida e descobrissem o que não deveriam. Isso explica porque estou solteira aos vinte e seis anos de idade e nunca tive um namorado de verdade. Alguns casos aqui e ali não contam como qualquer relacionamento.

-Tudo bem? - Drew toca minha perna por debaixo da mesa e me pego olhando fixamente em seus olhos, um tom curioso de verde com toque dourados. O contato de sua mão quente contra o tecido do meu jeans me causa arrepios internos. O homem é tão fodidamente sexy e parece não saber ou se importar com isso.

-Tudo. - Dou-lhe um sorriso tímido - Meus pensamentos acabaram voando longe, me desculpe.

-Não está confortável aqui? Nós podemos ir para outro lugar, se preferi.

Dios mio, ele é tão fofo. Talvez seja a mistura estranhamente assertiva entre seu grande porte de guerreiro e seus olhos gentis, não tenho certeza. Não foi preciso passar mais que dez minutos ao seu lado para perceber que ele está longe do padrão de celebridade que tive em minha vida. A maneira como seus amigos interagem e se divertem entre si, a forma como todos estavam apenas brincando ou conversando quando nós chegamos. Nada parecido com uma casa de festa, com mulheres semi nuas andando em todas as direções. Eu diria que esperava um verdadeiro festival de rock, bebida, drogas e tetas por toda a casa.

-Não, não precisa. Estou bem aqui. - Drew me lança um olhar desconfiado e sorrio abertamente - É sério, estou bem. A comida está divina.

-Você pode dar os cumprimentos para Lexy depois. Ela tornou-se nossa cozinheira desde que virou a garota do Jake.

-Ela era cozinheira da banda?

-Não, mas ela gosta de cozinhar e nós gostamos de comer. Foi o encaixe perfeito.

Drew deu-me piscadela e não consegui segurar o riso.  Meu dia no trabalho terminou de modo horrível e o encontro com aquela visita detestável havia tornado tudo pior, eu estava pronta para se socar no chuveiro e chorar meus dramas fora, até este belo ruivo aparecer na minha porta. O príncipe encantado das minhas fantasias adolescente... Okay, talvez não tão adolescente assim.

-Veja como os olhos dela brilham mais para o Drew que para nós, Jake! - Ethan fala um pouco alto demais, chamando a atenção de todos - Eu me sinto traído.

-Gatinho, controle-se um pouco, sim? - A garota, Maggie, toca no braço do noivo e o baterista instantaneamente assume uma expressão de cachorrinho abandonado.

-Seus olhos brilham quando você olha para mim, gata?

-Você sabe que sim! - Ela lhe rouba um beijo rápido e Ethan dá um pequeno pulo em sua cadeira, um sorriso brilhante no rosto como uma criança que acaba de ganhar o brinquedo dos sonhos.

-Então... Em que você trabalha, Gabriela? - Lexy pergunta com um sorriso gentil no rosto, ao contrário de todos nós que estamos comendo massa, o prato dela há uma porção bem equilibrada de vegetais e proteínas.

-Sou enfermeira no Los Angeles Hospital, atualmente estou na ala cardíaca e geriatra.

-Oh! Imagino que deva ser um trabalho bem difícil. - Jake comenta antes de beber um pouco de vinho.

-Às vezes sim, mas sou apaixonada pelo que faço.

-Como decidiu que a área da saúde seria boa para você? - Abby questiona.

-Mi madr... Mãe, quero dizer, a minha mãe gostava muito da área e minha avó é como uma farmacêutica informal. Foi algo muito natural para mim.

-E você Abby? - Ethan volta a perguntar, para a minha sorte eu não fui sua vítima da vez - Como decidiu que viria trabalhar com pessoas incríveis como nós?

-Por que o interesse? - Ela arqueia uma sobrancelha.

-Você age como uma militar em serviço. Ou você é uma espiã infiltrada em nossa equipe ou esconde segredos. - O baterista apoia um cotovelo sobre a mesa, apoiando seu rosto na mão para olhá-la de modo teatral e interessado - Conte mais para o tio Eth.

-Meu pai é militar, sou de uma família de militares e me formei em uma universidade militar. Não sou uma espiã infiltrada.

-Mas explica o motivo de nos tratar como seu pequeno batalhão. - Uma voz ressoa da porta e quando me viro para olhar, encontro o lendário guitarrista da banda encostado no batente da porta com os braços cruzados e um grande sorriso no rosto.

Ele está diferente das últimas fotos que saíram na mídia. Seus cabelos negros, antes longos o bastante para alcançar o meio das costelas, agora está em estilo Elvis Presley ou James Dean. Vince exibe mais carne e eu diria até que alguns músculos comparado ao seu visual magro-esquelético de antes. Seus olhos cinzentos estão brilhantes e parecem brincalhões. Em contrapartida, tudo o que consigo escutar de Abby ao meu lado é uma bufada.

-Vince boy, a que devemos sua ilustre visita? Venha, sente-se conosco e jante. Você é bem-vindo, cara! - Ethan abre os braços e gesticula sobre a mesa para apresentar nossos pratos.

-Essa é a minha casa, Crazy boy. Eu não sou uma visita.

-Correção. - O loiro volta a argumentar - É sua casa em teoria, na prática todos sabemos que é uma propriedade da banda. É a Fiveland!

-Certo, vou pegar um prato para mim. - Ele dá as costas para sair, mas é interrompido por Jake.

-Antes deixe-me apresentá-lo a Gabriela, ela é nossa convidada hoje. Está com o Drew.

-Drew? - Vince inclina a cabeça levemente para o lado, seu cenho franzido e as mãos na cintura enquanto nos observa - O Monge escocês trouxe uma visita? Para cá?

-Sim. - Drew responde com a mandíbula travada, como se não quisesse dar detalhes sobre o assunto - Este é um jantar informal, não há problema em recebermos convidados.

-Informal? - O guitarrista volta a perguntar.

-Foi o que eu disse.

-Então porque Abby está com roupas sociais? - Ele se inclina bem para o lado, ao ponto de dar uma checada por debaixo da mesa - Quem vai a um jantar informal com um salto desse? São roupas de trabalho.

-Eu estou informal, retirei meu blazer. - Abby fala e toma um pouco de sua água. Às vezes ela parece um robô.

-Retirar o blazer não é informalidade. - Ele contra argumenta.

-Eu estou informal. - Ela responde com a mandíbula travada, fuzilando-o com o olhar. Vince apenas ri e segue em um passado relaxado para o que presumo ser a cozinha.

-Onde está seu acompanhante, Vince? - Lexy pergunta em um tom mais alvo e recebe um grito de resposta do outro cômodo.

-Nunca mais me mandem um cara como aquele! Eu não aguento mais ouvir música clássica para relaxar, isso foi uma merda!

-Vince deve ter rosnado para ele. - Ethan dá de ombros e bebe um pouco do seu vinho.

-Ele rosna? - Perguntei.

-Às vezes. - Drew responde com um ar de ombros.