Capítulo 9

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GABRIELA ORTIZ

Drew para seu carro em frente ao meu prédio e me viro para agradecê-lo após retirar o cinto de segurança. Uma bolha de ansiedade crescendo em meu estômago.

-Obrigada pelo jantar, foi uma noite divertida. - Dou-lhe meu melhor agradecido e saio do carro.Não estou certa de que conseguiria ter uma conversa de verdade com ele, toda a situação é estranha e inusitada demais para mim.

Infelizmente Drew saiu do carro e deu a volta, correndo para me encontrar na metade do caminho até meu prédio. Não importa quantas vezes eu o olhe, sempre acabarei impressionada pela beleza desse homem, mas nem todo o seu acúmulo privilegiado de testosterona poderia ir além da minha razão. Minha vida não fora guiada por sentimentalismo antes, não havia motivo para começar agora.

-Poderíamos sair sexta para jantar, o que me diz?

-Tenho plantão no hospital, pego o turno da noite e madrugada.

-E sábado? - Seus olhos tinham um brilho próprio, algo entre brincalhão e empolgado.

-Eu... Eu não acho que deveríamos sair outra vez. Você é um cara legal, merece uma garota legal e eu não sou essa. Eu me diverti muito no jantar com seus amigos e posso definir como uma experiência única, mas não podemos continuar com... - Movo minha mão entre nós dois, sem saber como nomear -...isso.

-Por que não?

Seu olhar tornou-se cauteloso e quando Andrew recuou um passo senti como se estivesse cravando uma adaga em meu próprio peito. Algo sem fundamento algum, nos vimos apenas duas vezes na vida, por Dios. Um tropeço e um jantar não o definem como importante para mim.

-Eu realmente não quero ser grossa.

Uma risada nervosa me escapa e sem coragem para olhá-lo tento focar em qualquer outra coisa na rua. Não há muita movimentação a essa hora, porém meus olhos não deixaram de notar um cinza parado não muito longe do meu prédio e minha coluna endureceu no mesmo momento. Não acredito que ele colocou pessoas para me vigiarem novamente. Isso soa tão ridículo.

-Eu gostaria de entender, de qualquer maneira. Não estou pressionando você, se não quiser sair comigo tudo bem, mas você pareceu gostar de hoje.

Eu ainda encarava o carro quando a voz de Andrew me trouxe de volta para a realidade. Com o choque de compreensão eu finalmente o olhei, ele ainda está aqui na minha calçada conversando comigo e há pessoas me vigiando novamente. Ele não poderia estar aqui, Madre de Dios. Isso vai doer nele, mas sei que a dor em meu peito será maior - mesmo que eu não devesse sentir nada.

-Eu gostei, mesmo. Só que no fundo você continua sendo um famoso, eu jantei com famosos e foi divertido, mas não faço e não quero fazer parte desse mundo. Você é só mais um pronto para brincar, usar e descartar. Eu sei como essa história termina e não quero isso outra vez. Eu não menti quando disse que você é um cara legal, mas não é o meu tipo de cara e eu não sou o tipo de garota para o seu mundinho de rock star. Encontre alguém entre os seus, ricos e famosos não faltam nesse país. - Dou alguns passos para trás, na direção da porta do prédio - Ah, eu agradeceria se não enviasse mais nada ou me procurasse novamente. É embaraçoso e desnecessário para nós dois.

Me viro e corro para dentro, a imagem de Andrew parado e surpreso na calçada parecendo que havia sido fortemente golpeado me atormentará por dias. Por algum motivo estranho eu não achava que se tratava de seu ego, ele não perece o tipo vaidoso e que não lida bem com rejeição. Uma noite agradável na companhia de pessoas malucas não deveriam me causar tanta preocupação com ele ou seus sentimentos. Quando entrei em casa e tranquei a porta atrás de mim, minha cabeça estava em debate encaminhando-se para uma guerra sangrenta. Me Sinto chorosa e com um grande peso na consciência por tê-lo tratado daquele jeito. Drew Petterson seria a personificação do cavaleiro de armadura brilhante para muitas garotas, mas eu não poderia me arriscar dessa forma. Eu não posso sonhar em ter algo mais com ele, é arriscado, imprudente e impensável.

Para completar minha provação do dia meu celular começou a tocar em meu bolso. Olhei para a tela brilhante, praticamente me cegando em meio a escuridão do apartamento quando vi o contato de mi abuela. Ao menos não era a causa de minhas assombrações querendo verificar se seu segurança na minha rua havia passado a informação correta. Por que precisaria de confirmação quando ele mesmo viu Drew mais cedo? Oh, minha nossa, minha cabeça está começando a latejar.

-Hola, abuela.

-Hola mi amor. Como tem passado?

-Cansada. - Solto um suspiro exagerado, apalpando a parede até encontrar o interruptor de luz - Dia estressante no trabalho, nada com o que se preocupar. Como está a viagem?

-Esplêndida, eu diria. Dancei como não fazia em anos, posso dizer que ainda estou em forma.

-Isso é ótimo. Pretende encontrar algum amor de verão* para a sua viagem?

-Nada de amor, su abuela quer apenas se divertir. Posso ter beijado algumas bocas sim, não vou negar isso.

Não consegui conter o riso, não apenas porque sei que ela deve ter feito muito mais que beijar algumas bocas, mas porque sinto falta da sua presença  aqui. Essa viagem de um mês para Costa Rica me fez pregar um calendário na geladeira para que eu passar contar os dias até sua volta.

-Sinto sua falta, vó.

-Oh, querida. Aconteceu alguma coisa? Isso não me aparece apenas cansaço.

-Eu conheci um cara, ele parece ser legal e eu estraguei tudo de propósito porque estou sendo vigiada de novo.

-Hijo de una puta madre**. Ele não percebe quando é hora de parar?

-Acho que não. - O sorriso em meu rosto é melancólico e agradeço que ela não esteja aqui para vê-lo e estudar minha alma como sempre faz.

-Você não deveria sacrificar um potencial amor assim, você sabe.

-Ele é famoso. Não daria certo de qualquer jeito.

-E esse famoso é bonito?

-Muito.

-Então sente nele. Você pode não querer envolver seu coração, mas todo muito deve aproveitar do prazer disponível.

-Abuelita! - Rompo em risos altos, mantendo meu telefone junto ao ouvido - A senhora não existe.

-A vida é curta demais para não arriscar, querida. Você deveria colocar o homem de uma vez por todas no lugar dele e ficar com o seu famoso sem maiores preocupações.

-Eu deveria.

-Não se preocupe, em duas semanas abuelita estará de volta para dar um jeito na sua inexistente vida amorosa.

*****

Amor de verão* - Relacionamento de pouca duração, especialmente durante férias/viagem. Nada de compromisso sério, se classifica como uma paixão intensa e passageira.

Hijo de una puta madre** - Filho da puta, em espanhol.

O Baixista - A5 livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora