Capítulo 27

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DREW PETTERSON

-Eu não acredito que vocês comeram tudo. Não deixaram nem o sorvete! - Jake reclama, olhando para as mulheres no sofá como se estivesse extremamente ofendido.

-Era uma reunião de garotas, a comida era nossa prioridade. - Lexy responde com um sorriso levado - Também fofocamos um pouco.

-Vocês, garotas, não podem ficar falando de mim dessa maneira. - Ethan se senta no colo de Maggie, com cuidado para não esmagá-la - Se quiserem um autógrafo, apenas peça. O deus do rock e sexo, também conhecido como tio Eth, ficará feliz em atender seus pedidos.

-Não seja um idiota, não quero te jogar pela janela agora. - Vince revira os olhos, fazendo seu caminho até minha cozinha para assaltar a geladeira.

-Como foi a reunião? - Gabis pergunta quando me jogo no sofá e a puxo para meu colo.

-Útil, temos certa pressa em terminar nosso álbum, mas queremos que seja bem feito. - Acaricio seu quadril, seu corpo relaxa contra mim e circulo meu braço em torno de seu quadril.

-As músicas nós já temos. - Jake fala, puxando sua garota para seu colo também e, como uma mania adquirida recentemente, começa a acariciar a barriga de Lexy - Ao menos a parte escrita e uma base melódica, mas precisamos encaixar os instrumentos. Estive pensando em um solo de guitarra e bateria juntas, o que acham?

-Poderíamos usar piano também, começando mais melódico até começarmos as batidas mais marcadas.  - Ethan sugere, recebendo de bom grado um pacote de chips que Vince trouxe consigo da cozinha.

-Agora é escolher em quais músicas faremos isso. Eth e eu podemos montar o solo sozinhos, já tenho uma noção do que quero como resultado. - Vince nos dá um sorriso de lado e bebe seu Gatorade.

-Okay, rapazes. - Maggie dá tapinhas na coxa de Eth, fazendo-o saltar de cima dela com medo por tê-la esmagado, mas ela apenas se põe de pé junto com ele - Foi um dia cheio para Gabis, melhor irmos e deixá-los descansar.

-Quer nos tirar daqui para deixá-los transar, gatinha? - Ethan abre um sorriso levado, inclinando a cabeça para mais perto de Maggie, que segura seu rosto e lhe beija rapidamente os lábios.

-Podemos ir direto para casa. - Ela propõe com um sorriso malicioso, sorriso esse que rapidamente se espelha no rosto de Eth, como se agora ela falasse seu idioma.

-Pelos deuses, vocês são um caso perdido. - Vince fica de pé, olhando para o casal se comendo com os olhos na minha sala com desgosto - Vamos embora antes que eles comecem a arrancar as roupas um dos outro.

-Meu bebê não precisa disso! - Jake de levanta com Lexy nos braços, já fazendo seu caminho para o hall de entrada.

-O bebê não pode ver nada ainda, baby. - Lexy responde com um sorriso e Jake a olha de maneira protetora e repreensiva.

-Melhor prevenir. - Fala por fim - Até mais, senhor e senhora Petterson.

-Olha como os olhos de Gabis ganharam um brilho forte! - Eth acusa, sua postura de criança perturbada assumindo novamente - Ela gostou de ser chamada assim.

-Você precisa de limites. - Vince o agarra pela parte detrás da jaqueta e praticamente arrasta o baterista para fora - Nos vemos depois, Gabis.

-É ótimo tê-la na família, Gabis! - Eth grita da entrada.

-A única coisa que ele sabe sobre limites é como soletrar essa palavra. - Maggie balança a cabeça, como se já tivesse desistido de civilizar seu noivo - Nos vemos depois, tenham uma boa noite.

Continuamos em nosso lugar, meus dedos acariciam o quadril de Gabis ainda e apenas quando escuto a porta fechar me permito suspirar de alívio. Não que eu me incomode com eles, são minha família e tudo o que tenho, afinal de contas, mas hoje foi um dia difícil para Gabis e Eth perturbando sua sanidade não é o mais recomendável para o momento.

-Posso perguntar uma coisa? - Gabriela pergunta com a cabeça acomodada em meu peito, seu corpo relaxado contra mim e os olhos fechados como se estivesse aproveitando demais minhas carícias para se ocupar com qualquer outra coisa.

-O que quiser.

-Qual é a história com a tia A?

Sua pergunta me pega desprevenido e meu corpo tensiona por um momento antes que eu me obrigue a relaxar novamente. Foi apenas uma pergunta, não há motivo para me preocupar. Não, não é preocupação, está mais para surpresa mesmo. Explicar toda a história com tia A não é algo que eu ou os caras costumamos explorar muito.

-Angela Hutton é a mãe do Jake, foi ela quem salvou a todos nós.

-O que quer dizer?

-Todos tínhamos vidas fodidas. O mais estabilizado de nós era o próprio Jake, mas quando seus tios morreram e seu pai se afogou na bebida ele virou o único homem da casa até Vince se juntar à eles. Eth e eu tínhamos uma vida complicada demais, morávamos em um estacionamento de trailers e tínhamos que lidar com pais malucos.

-Sinto muito.

-Eu também. - Percebendo que o assunto havia me feito parar, volto a acariciar seu quadril - Minha mãe fugiu quando eu tinha três anos, meu pai era violento e ela encontrou um namorado fora, ela decidiu viver com ele e me deixar com o fodido marido dela. - Uma risada amarga me escapa, mas não me atento muito a isso - Como eu disse meu pai era caminhoneiro e viajava muito. Quando ele saía para passar semanas na estrada, não se importava em deixar qualquer dinheiro ou comida para mim. Eu sempre fugia para casa dos Hutton, sempre fui bem acolhido lá e com o tempo desenvolvi o hábito de assaltar a geladeira e lanchar em horários estranhos. Quando meu pai voltava, ele comprava bebida e ficava mais violento que o normal, eu ser uma criança grande não o intimidava, ele simplesmente batida com qualquer coisa que estivesse ao alcance. Garrafas de cerveja, controle remoto, cintos ou qualquer outra coisa. Às vezes eu conseguia escapar quando ele bebia muito e dormia em sua poltrona, eu fugia para dormir no sofá dos Hutton. Tia A sempre esteve lá para cuidar de mim e dos machucados, ela incentivou a mim e aos caras no mundo da música. Parecia estranho para mim porque eu era grande demais e segurar baquetas de bateria ou um violão desapareciam em minhas mãos, o baixo se encaixou com perfeição. Nós quatro nos dividíamos em trabalhos temporários depois da escola e dávamos a maior parte de nossos salários para ajudar com as despesas. Foi um período foda. Meu pai esperava voltar para casa e não me encontrar mais lá, ele queria que eu fugisse e me virasse sozinhos das ruas para não ser mais sua preocupação. Quando já estava com dezoito nós decidimos cair na estrada e tentar algum futuro com a A5. Sou ansioso desde que criança e descontava tudo na comida, até tia A me levar a uma academia e mostrar que eu poderia ter uma vida saudável. Se não fosse ela eu estaria na rua hoje ou teria terminado tudo muitos anos atrás. Devo minha vida àquela mulher e faria qualquer coisa por ela.


O Baixista - A5 livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora