01; A Solução de Griffo

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Dois meses. Exatamente dois meses haviam se passado desde que seus olhos se cruzaram com as belas íris castanhas dela. Lembrava desse dia perfeitamente, era a primeira semana de faculdade, ele era um dos calouros no curso de Artes Cênicas, mas não estava sozinho. Felizmente, sua melhor amiga seguia o mesmo sonho que ele, almejavam ser grandes atores reconhecidos, e não poderia esquecer de citar Jack, que com muito esforço conseguira uma vaga no curso e agora o atormentava durante 5 horas do dia.

Achava curioso como o destino agia ao seu redor sem que pudesse perceber, Jack era melhor amigo da garota que roubara sua atenção no refeitório naquela manhã de quarta-feira, mas eles nunca haviam se encontrado antes, o que deixou o loiro um tanto quanto indignado quando ouviu do amigo que eles estudaram juntos no colegial.

Uma semana depois, aquilo já não o incomodava, passou a observá-la todos os dias no intervalo das aulas, e sua amiga, s/n, podia jurar que o garoto suspirava apaixonado a cada 5 minutos, enquanto ela apenas revirava os olhos com a cena.

— Fecha a boca, você tá' quase babando na comida. - disse a garota sentada a sua frente. Eles estavam almoçando no refeitório, antes de serem dispensados para ir para casa.

— Não exagera, eu estou só apreciando a vista. - respondeu Jace, tentando se defender.

— A vista chamada Kira. - ela alfinetou, antes de tomar um gole de seu refrigerante. Então viu Jace fechar a cara e fixar seus olhos nela.

— Ontem eu estava conversando com o Jack no corredor, ela passou e nos um "oi", não falta muito pra eu conquistá-la. - ele disse, e fechou os olhos convencido, enquanto apoiava seu rosto em uma das mãos que estava sob a mesa.

A garota soltou uma gargalhada e quase engasgou com o líquido que tomava, Jace a olhou com os olhos arregalados, perguntando-se mentalmente qual parte de sua fala havia sido engraçada para que ela reagisse assim.

— O que foi? Não era piada? - ela perguntou, depois que se recuperou, vendo a expressão do loiro.

— Claro que não, estou falando sério. - ele bufou.

— Ah Jay, você é tão ingênuo - ela disse com uma voz doce, balançando a cabeça em negação, e o loiro franziu o cenho.

— Olha, por que não vai ver se eu tô' na esquina s/n - Jace respondeu, e a garota riu.

— Eu vou mesmo, e não é por que você mandou, preciso de um descanso depois dessa semana tão corrida. - ela disse, se levantando da cadeira e segurando a bandeja com sua refeição, agora terminada.

— Hum. Vai com cuidado mocinha.

— Pode deixar mocinho. - foi a última coisa que disse, antes de sair andando do refeitório, não costumava ir embora sem Jace, eles moravam perto um do outro então sempre iam e voltavam juntos, mas era sexta-feira e tudo que queria era deitar em sua cama e dormir até o entardecer, sabia que o amigo ia entender, até por que ele com certeza iria adorar ficar sozinho enquanto observava sua amada de longe, sem ter os comentários de s/n para lhe aborrecer.

Não passou muitos minutos e Kira também foi embora, acompanhada de seus colegas de classe, ela estava no segundo semestre de Música, de acordo com Jack, eles deveriam ter entrado juntos, mas o garoto acabou desleixando nos estudos e reprovou no concurso da universidade.

Jace pegou sua mochila e caminhou pelos corredores, até a saída do prédio, por sorte o ônibus que precisava pegar parou no ponto no mesmo instante, então correu até ele e subiu, sentando-se nas últimas poltronas. Foi quando resolveu mexer no celular para passar o tempo, colocou os fones de ouvido e deu play em You're Beautiful, do James Blunt, era uma ótima música para quem estava, em tese, sofrendo por uma garota que não estava em seu alcance.

Mas não era como se ele fosse deixar se desanimar por pensamentos assim, ainda que seus amigos insistissem naquilo, mesmo que fosse rejeitado, ao menos saberia que tentou, e é como dizem: ninguém sabe o que é viver, se nunca morreu de amor.

A letra da música soou em seus ouvidos como uma mensagem de conforto, "Mas eu não perderei o sono por isso, por que eu tenho um plano.", ele acabara de ter um, não era um dos melhores e muito menos o mais inteligente, até por que não era seu, e sim, de seu amigo Jack. E para ser sincero, Jace não confiava nenhum pouco nas ideias do amigo, ele tinha a péssima fama de criar confusões e situações complicadas onde quer que estivesse, mas não de um jeito ruim, ele sem dúvidas era o maior criador de entretenimento do rolê quando saiam em grupo. E independente do resultado, não custaria nada tentar. Ao menos, nada além da sua dignidade e vergonha na cara.

O loiro riu de si mesmo por instantes, estava prestes a fazer uma proposta inusitada para sua melhor amiga, não esperava que ela aceitasse de primeira, a conhecia muito bem para saber que ela negaria e teria um surto, com certeza, mas nada que uma bajulação não a convencesse. Mas se pegou imaginando como seria se ela aceitasse, um namoro de mentira para chamar a atenção da garota que ele gostava, como isso iria funcionar? Aliás, qual era a probabilidade de algo assim dar certo? Talvez 1 em 100, não era bom com contas e matérias de exatas, odiava matemática.

Pensou que talvez as coisas não fossem mudar, afinal, eles já passavam muito tempo juntos todos os dias, seria surpreendente se alguém que já os viu juntos, não pensou que fossem algo a mais. Esse detalhe fez Jace ter uma breve epifania, eram amigos desde o colegial e nunca havia notado como os dois tinham uma conexão única, se entendiam melhor do que ninguém, sem precisar dizer com palavras aquilo que sentiam, para Jace, os olhos castanhos de s/n eram como um livro que o guiasse até seu coração, sabia lê-los apenas com um olhar, conhecia suas histórias, seus medos e inseguranças, conhecia suas forças e suas admiráveis qualidades. De repente, a ideia de conhecer alguém e se deixar conhecer tão profundamente lhe assustou, arrepiou-se ao se imaginar tão vulnerável perto de alguém, a confiança era um laço forte para se ter com alguém, mas que também é uma linha tênue, e em um pequeno deslize pode se desfazer, e quanto mais forte for esse laço, mas díficil será para ser refeito, isso se puder ser refeito.

Será que estava mesmo fazendo a coisa certa? Se questionou várias vezes. Será que aquela era a única alternativa para conquistar aquilo que ele queria? E se não valesse a pena? O que faria?

A movimentação de pessoas ao seu redor lhe tirou de seus pensamentos, vendo que a maioria dos alunos desceria naquele ponto, assim como ele, seu corpo pesou ao se levantar e um cansasso repentino lhe encheu, precisava ir para casa e descansar. Pensaria em tudo isso depois.

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Atenção leitores e leitoras, esta fanfic é uma adaptação da minha Au já publicada no Twitter, não é obrigatória a leitura para entender a fanfic, mas garanto que se lerem, não vão se arrepender, ela é bem divertida e conta a mesma história de um ponto de vista mais humorístico, vocês irão amar! O link do meu twitter está no meu perfil.

E para aqueles que vieram de lá, espero que apreciem esse novo ponto de vista que trago para vocês com todo carinho!

Att, Sath.

play date; jace normanOnde histórias criam vida. Descubra agora