Baratas e Novatos

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Henry Hart

Eu vou matar Ray Manchester. Definitivamente vou encontrar uma forma de acabar com esse cara. Já passava das três da manhã e ele havia enviado um aviso de emergência. Eu dormia tranquilamente, quando fui acordado por aquele maldito relógio. Sai correndo de casa, nem me preocupei em tirar meu pijama.

Durante o caminho, preocupado com o que seria a emergência, acabei tropeçando e machucando meu pé. Ai, hoje não é meu dia, ou madrugada, tanto faz! Continuei correndo, mesmo que mancando um pouco.

Quando enfim cheguei na Caverna Man, encontrei Charlotte na mesa de controle. Ela estava deitada sobre os botões, dormindo. Também estava usando o pijama, o que significava que Ray também havia a chamado. Jasper não estava aqui, então imagino que meu chefe nem tenha o chamado.

— Char, Char. — Eu a balancei.

Ela acordou em um pulo, resmungando algo sobre ter entregado o dever de casa e que não deveria comer burritos. Quando percebeu onde estava, a expressão dela se tornou raivosa.

— Onde está o Ray?! Estou esperando aqui a muito tempo! — Ela estava afobada.

Nesse momento, a porta dentada abriu. Por alguns segundos ninguém passou por ali, então eu e Charlotte nos encaramos desconfiados. Nós fomos até a porta, encontrando Ray encolhido atrás dela.

— O que você está fazendo? — Charlotte o perguntou estressada.

— Tem uma barata aqui, na Caverna Man. — Ele sussurrava. — Falem baixo para não assusta-la.

— Ah, qual é?! — Reclamamos juntos. Eu continuei: — Tá falando sério? Nos chamou aqui por conta disso?

Charlotte abria a boca diversas vezes, sem conseguir formar frases, devido a raiva.

— Eu preciso que vocês matem a barata, é uma emergência. — Ray deu a ordem. — Façam isso logo!

Eu massageei meus olhos, tanto para espantar o sono, quanto para pensar e me acalmar. Ray, o Capitão Man, o super-herói indestrutível de Swellvile, estava com medo de uma maldita barata.

— Onde está a barata? — Charlotte finalmente conseguiu dizer algo.

— Está ali! — Ele apontou para o sofá giratório.

Char foi até a mesa de controle, onde pegou um laser e atirou no sofá. Ray gritou reclamando pelo estragado, mas assim que a barata saiu dali, ele voltou a ficar encolhido atrás da porta. A Page atirou no inseto, acertando em cheio e transformando-o em pó.

— Agora que o problema está resolvido, precisamos criar algumas regras. — Ela colocou o laser de lado.

— Você acabou com ela? Transformou ela em nada? — Ray perguntava como se fosse uma criança.

— Vem logo, medroso. — Eu o puxei pelo braço.

Enquanto nós sentávamos no sofá giratório, Charlotte pegou um dos quadros de Schwoz e trouxe para nossa frente. No topo do quadro ela escreveu "regras".

— Primeira regra: não chamar a Charlotte no meio da madrugada. Nunca. — Grifou a última palavra várias vezes.

— Por que só você? — Perguntei revoltado.

— Você é o Kid Danger. — Respondeu como se fosse óbvio.

— Certo. Eu também quero colocar uma regra. — Peguei o canetão da mão dela e escrevi no quadro: — Não chamar o Henry se não houver uma emergência.

— Está certo, amigos. Não quebrei nenhuma regra. — Ray agiu como se tivesse encerrado o assunto.

— Ou, ou, ou. — Balancei as mãos para dar ênfase. — Eu escrevi emergência, matar uma barata definitivamente não é uma emergência.

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