Water Fountain✔

Brigas e Presidentes

Apesar de ser uma pequena cidade, Swellview é antiga. O primeiro morador era um homem velho, na casa dos 60 anos. Ele e sua família, que incluía esposa, filhos e netos, encontraram uma pequena terra a venda. Dessa forma foi criada uma dinastia, que sofreu um golpe e se tornou a cidade do Capitão Man e Kid Danger. Várias lendas eram contadas pelas crianças daquela época, entre uma delas, a mais famosa, a Fonte das Almas Gêmeas. Segundo os jovens, a fonte que ficava atrás da escola de Swellview, construída sem motivo aparente, era um lugar mágico, onde almas gêmeas se encontravam.

Talvez Henry estivesse amargo por todos os últimos acontecimentos, mas essa lenda era uma grande idiotice. Perdeu seu tempo procurando algum motivo para a existência daquela fonte inútil. Ele nem sabia porquê estava tão curioso, era apenas uma construção que havia sido esquecida, não merecia sua atenção. Balançou a cabeça em negação, querendo afastar aqueles pensamentos. Estava apenas se distraindo, enquanto esperava os Cavalheiros do Apocalipse.

Tinha decidido vir sozinho. Ele quem havia feito aquele acordo, deveria lidar com todas as consequências sozinho. Seria isso que ele responderia se perguntassem. A verdade era que nenhum de seus amigos havia aceitado vir com Henry, segundo eles "um castigo por ser tão inconsequente". Infelizmente, ele não tivera como argumentar em seu favor. Merecia aquilo, depois de tudo que havia feito os outros passaram.

Henry estava em pé, na frente da fonte que ronda seus pensamentos, mas sabia que ela se aproximava. Podia sentir os passos apressados e furiosos vindo em sua direção. Não sabia bem quando adquiriu aquele sexto sentido em relação a Charlotte, mas acreditava ser por a garota ter estado em seus pensamentos a última semana inteira. Seu cérebro se acostumou com a presença dela, por isso está sempre procurando por qualquer sinal da melhor amiga, dessa forma desenvolveu o Sentido Char.

— Eu não acredito que fez isso! — Ela o puxou pelo ombro, fazendo com que Henry pudesse a ver por completo.

A última vez que tinham se visto, foi no dia anterior, antes de ela ir passar a noite com suas mães. Por isso, ficou totalmente espantado quando reparou em seu cabelo. Não estava feio, pelo contrário, estava incrível. Charlotte havia feito diversas e finas tranças em seu cabelo. O que realmente o assustou foi a transformação dela ter sido feita em tão pouco tempo. Tinha a acompanhado até em casa na noite anterior, como poderia já estar diferente na manhã seguinte?

— Você não podia ter feito esse acordo absurdo. — Colocou o dedo no peito do rapaz, o acusando. — Lutei muito para colocar aquela maldita algema nela, não é justo que vá tirá-la dessa forma.

Enquanto Charlotte despejava um monte de palavras furiosas sobre si, Henry só conseguia reparar em como ela estava bonita. Era a primeira vez que via a Page com um penteado diferente do afro, e isso só provou como ela ficava magnificava de todas as formas. Não era preciso muitos neurônios para saber que a garota tinha alguns complexos em relação ao seu cabelo natural, afinal havia um gigantesco preconceito em relação a isso. Por isso, um simples penteado fez com que Henry sentisse orgulho da melhor amiga. Podia não estar em sua jurisdição dizer algo sobre, mas sabia que era um símbolo de resistência.

Somente percebeu o que estava fazendo, quando tudo ficou silencioso. Henry havia levado sua mão até o cabelo da garota, rodeando uma das tranças em seu dedo. Era um simples gesto entre melhores amigos, mas não para a situação em que se encontravam atualmente. Por esse motivo, Charlotte havia se calado, concentrada nos próximos movimentos do loiro.

Como os imãs que eram, seus olhares se encontraram. Dessa vez, no entanto, não havia nenhum espectador para aquela intensa troca de sentimentos, nenhuma interrupção. Charlotte sentia toda tensão tocando-lhe a pele, fazendo seus pêlos se arrepiarem. O mundo parecia ter desaparecido ao redor dos dois, de forma que eles nem sentiram as primeiras gotas de água atingirem-nos, também não sentiram as segundas, nem as terceiras. Estavam ficando encharcados e, provavelmente, se arrependeriam mais tarde por terem ficado na chuva, mas naquele momento só queriam aproveitar um ao outro.