2

967 60 15
                                    

- Eu não acredito que ela fez isso - Melanie disparou inconformada - Como assim sua mãe vai se casar do nada? Ela pirou de vez?

- Pior, ela quer se mudar para a casa do meu padrasto, eu nem o conheço. A única vez que o vi foi pela janela, quando ele estava levando minha mãe para casa.

- Mas se o seu irmão for um gato pelo menos vai valer a pena. - Melanie riu de ironia.

- Por Deus, Melanie! - Fiz uma cara de
desaprovação.

- Curte o momento, Sachie - Melanie se levantou juntando os seus cadernos pelo jardim - Eu sei que vai ser difícil se mudar para a casa de uma família na qual você ainda não conhece, e por isso eu tenho a cura para os seus problemas.

- E qual seria a cura? - Perguntei.

- Festa amanhã às 20H. Abriu uma balada nova no centro da cidade, e eu fui convidada por uns amigos que eu conheci em uma festa.

- Amigos? Ou os seus novos capachos?

- Os capachos mais lindos que eu já conheci.

- Não me deixe fazer merda dessa vez - Eu disse não resistindo a uma risada.

- Não se preocupe, dessa vez não vou deixar você deslizar bêbada em uma barra de ferro para mais de 500 pessoas verem.

- Por favor não me lembre disso - Disparei constrangida.

- Impossível não lembrar.

O intervalo acabou, e logo juntei as minhas coisas. Me despedi de Melanie e fui para a minha próxima aula.

O dia hoje estava ensolarado, o gramado do jardim da faculdade estava tão bonito que eu sentia vontade de ficar deitada o resto do dia com Melanie, olhando para o céu. Mas eu precisava enfrentar as próximas horas de tensão dentro da classe.

[...]

Depois de enfrentar aulas mais duradouras que o normal sobre Neuropsicologia, estudando as relações entre o funcionamento cerebral e o comportamento humano, eu fui dispensada.

Peguei o ônibus para casa com Melanie, conversamos sobre tudo o que aconteceu durante as aulas até chegarmos no ponto. Melanie fazia arquitetura, nos conhecemos no meu primeiro dia na universidade. Ela estava tão perdida quanto eu, nos aproximamos por sermos tão parecidas, e desde então somos melhores amigas.

Melanie estava sempre comigo em todas as festas da faculdade. Todos os micos que passei por bebida ela estava presente. Até hoje alguns garotos da faculdade me olham bem nos olhos pelos corredores, e eu posso imaginar que eles lembram da cena em que eu estava vomitando na piscina de Dylan do terceiro período de biomedicina.

As festas eram surreais, e eu nunca conseguia me controlar com bebidas. Melanie muitas vezes parecia estar pior do que eu. Na mesma festa em que eu passei a ser " a garota da piscina", Melanie vomitou em cima do seu ex namorado, eles terminaram logo no dia após a festa. Nem sempre temos boas lembranças depois de uma noite de porre.

Desci no meu ponto e me despedi de Melanie. Cheguei em casa e todas as luzes estavam acesas. Antes de entrar pela porta da frente ouvi murmuros vindos de dentro da casa. A minha mãe sempre chegava depois de mim, o que me levou a pensar que eu poderia estar em perigo.

Entrei vagarosamente girando a chave na maçaneta. Caminhei até a sala e não havia ninguém, mas os murmuros estavam vindo da cozinha. Andei até lá, sentindo um frio percorrer por minha nuca até me assustar com duas figuras se abraçando encostadas na parede.

- MÃE?? - Berrei com um susto. Eu admito que estava mais aliviada por não ser um assaltante que poderia me matar, mas eu nunca havia ficado em um estado de tanto constrangimento. Nem mesmo quando me chamavam de " a garota da piscina" pelos corredores da Universidade. Ver minha mãe se agarrando com alguém na minha frente, estava no top 3 de coisas que eu não gostaria de ver novamente.

- Sachie? - Minha mãe se assustou e logo se afastou do homem alto dos cabelos quase grisalhos no qual abraçava.

- Oi Sachie - O homem disse - Eu sou o John - Disse apertando a minha mão. Ele estava nervoso assim como a minha mãe. Aliás, ótimo jeito de ver o meu padrasto pela primeira vez.

- A gente estava fazendo planos para esse fim de semana. - Minha mãe disse

- Quando você diz " Planos" você se refere a vocês dois? Ou eu estou no meio?

- Vamos morar juntos, então queremos que nossas famílias se conheçam - John piscou um pouco constrangido, limpando a garganta - Preparamos um almoço em família no domingo.

Eu conseguia me imaginar fazendo tudo errado quando conhecesse a família de John. Eu sempre fui muito desastrada, e nunca me dei bem com situações novas.

- Mas o casamento está muito próximo? Precisamos nos apressar assim? - Perguntei preocupada.

- Daqui três meses. - Minha mãe respondeu erguendo as sobrancelhas. O seu nervosismo era inevitável, e escancarado.

Por dentro eu estava surtando e minha mãe tinha a certeza disso. Ela me olhava muito nervosa. Tentei ser o mais perto de educada com John, e logo arrumei desculpas para que eu subisse logo para o meu quarto e trocasse mensagens com Melanie.

Melanie deveria estar cansada de me ouvir reclamar, mas ela era a única capaz de me fazer relaxar.

Barcelona - Frenkie De Jong Onde histórias criam vida. Descubra agora