Barcelona - Frenkie De Jong

13

   Ignorei Frenkie por dias depois daquela noite infernal de casamento. Eu sabia que não estava certo, mas tudo estava estranho depois daquele dia, e eu optei por evitar todas as tentativas de Frenkie no assunto.

  O meu aniversário estava próximo, e a semana inteira tentei mudar a cabeça da minha mãe para que ela não fizesse nenhuma festa. Eu não estava no clima para festa, eu só queria ignorar tudo o que houve nos últimos dias.

    As coisas pioraram com mais frequência quando Mikky voltou a pisar naquela casa, ela tentava ao máximo me provocar com seus olhares e controversas, e Frenkie apenas se culpava todas as vezes. Ele tentava se explicar o tempo todo, mas eu sabia da verdade.

     Foi decepcionante acordar no dia seguinte e estar me sentindo tão mal quanto aquele dia. Dormir me lamentando parecia não ter sido coisas úteis a se fazer. Mesmo que eu não assumisse, eu sabia que eu queria vê-lo. Eu estava andando pela casa na esperança de ver Frenkie, eu sentia que era quase humilhante. Gastei horas daquele sábado caminhando de um lado para o outro, mas não o encontrava, ele provavelmente estava no CT como todos os outros dias.

     As horas correram e já estava na hora do almoço, me apressei para chegar no horário certo. Eu nunca me preocupava em almoçar na hora certa, mas naquele dia em específico eu queria ter algum motivo para vê-lo chegar.

   - Aprendi a fazer uma comida nova naquele livro de culinárias - John disse apontando para a bancada ao lado - Espero que aprecie tanto quanto
eu. - Ele disse em um tom muito orgulhoso do que tinha feito.

   - Parece estar ótimo! - Eu disse observando-o realizar os toques finais.

   - Que ótimo! - Jhon sorria muito naquela manhã, o casamento havia o deixado com um humor contagiante - Frenkie vai chegar logo. - Ele disse.

   Todas as vezes que eu e John ficávamos sozinhos, ele tentava de alguma forma mudar o assunto para Frenkie, e eu nunca sabia o que responder. Era um pouco suspeito suas mil e uma tentativas de falar sobre o filho, mas eu apenas deixava fluir.

    - Onde a minha mãe está? - Perguntei me desviando do assunto.

    - Ela deve chegar logo, foi até o mercado, eu presumo. - Jhon respondeu voltando a atenção para o forno.

  Com um estrondo batendo na porta me assustei com Frenkie entrando pela sala, irritado ele subia ás pressas para o seu quarto no andar de cima.

    - O que foi isso? - John perguntou para mim, mas os seus olhos foram diretamente para a sala.

    - Frenkie... - Eu disse baixo para não ser pega.

  - Ah! - John suspirou - Ele deve estar em um dia difícil. Você pode chamá-lo? A comida está pronta.

  - Ah, claro! - Eu queria ter dito não, mas era tarde demais.

   Um frio percorria pela minha barriga ao subir as escadas devagar, eu iria falar com Frenkie pela primeira vez em dias, e eu nem sabia como ele reagiria, talvez ele nem queira me ver de novo.

  Bati na porta várias vezes seguidas e fui ignorada completamente. O meu consciente implorava para que eu não fizesse isso, mas eu fiz, eu abri a porta...

  No mesmo momento em que abri a porta do quarto já conseguindo observar o cômodo, Frenkie se levantou da cama em um pulo. Ele estava sem camisa, apenas vestia o seu short de treino, ele parecia estar cansado, e me olhava sem entender nada.

  - Jhon pediu que eu viesse te chamar. - Eu digo antes que possa me conter.

  - Está bem. - Ele diz, e aqueles olhos azuis se estreitam em mim.

  - Então... - Respirei fundo duas vezes seguidas tentando controlar o meu nervosismo - Como você está hoje? Parece ter se irritado com algo. - Gaguejei um pouco antes que as palavras saíssem perfeitamente.

  - É complicado. - Ele disse desviando-se do meu olhar.

  - Pode me contar se quiser...

  - Não quero correr o risco de arrumar mais uma confusão. - Ele disse.

  - Confusão?

  - Você está com fome?- Ele desvia do assunto - Vamos descer.

  - Por que está me ignorando?

    Frenkie se vira para mim, lançando o olhar mais desagradável possível.

   - Eu estou ignorando? - Ele rola aqueles olhos azuis brilhantes para mim com mais intensidade - Você faz disso um jogo, eu não quero ter que ir atrás de você o tempo todo. Eu sei que é isso que você quer. - Afirma.

   - Então você acha que eu estou jogando? - Sorri com sarcasmo, seus olhos se voltaram contra mim novamente.

  - Tem alguma coisa engraçada?

  - Sim, você está agindo como um idiota imaturo.

  - Você não olhou para mim a semana inteira por um mal entendido, não quis me ouvir, mas eu estou agindo como um idiota imaturo?

- Mal entendido? Você beijou a sua ex namorada sobre os meus olhos depois do que houve no terraço, mas está tudo bem, não é? Peço desculpas por ser um fardo, não vou mais me intrometer na vida de vocês dois.

- O que você quer dizer com isso? - Perguntou.

- Isso significa que eu não quero mais ter problemas, vamos fingir que nada aconteceu. Podemos ser apenas amigos, certo?

- Então você acha que eu sou o problema?

- Eu não quero ter que discutir, podemos por favor agir como adultos?

- Faça o que achar melhor para você, já é sempre assim. - Frenkie passa por mim esbarrando em meu ombro direito antes de sair pela porta.

- A culpa é minha - Digo rapidamente fazendo Frenkie recuar de volta - Não deveria estar agindo como se tivéssemos alguma coisa. - Não consegui ser capaz de superar meu nervosismo, Frenkie me olhava confuso.

  - Você precisa se decidir. - Ele diz.

   - Como? - Ele me agarra firme em seus braços e me olha profundamente de perto.

   - Você precisa decidir o que quer. Não posso te esperar para sempre.

        [...]

      Minha mãe chegou quando desci de volta, ela e John estavam animados naquele início de tarde, ao contrário de Frenkie. Me
incomodava o fato dele nem ao menos olhar para mim durante a refeição.

      Eu gostaria de ter qualquer tipo de abertura para conversarmos agora. Sabia que ele poderia estar chateado com o meu ato nos últimos dias, mas eu também estava.